Descrição de chapéu Eleições EUA 2020

Na TV, Biden volta a citar Amazônia e não responde sobre aumentar Suprema Corte

Democrata foi entrevistado por eleitores enquanto Trump participava de programa similar em outro canal

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São Paulo

Respondendo a eleitores na noite de quinta (15), Joe Biden, candidato democrata à Presidência dos EUA e líder nas pesquisas, voltou a citar a importância da Amazônia para conter as mudanças climáticas.

“O maior sequestrador de carbono no mundo é a Amazônia. A cada ano, ela absorve mais carbono que as emissões inteiras dos Estados Unidos”, disse.

Biden também criticou a política externa de Trump, citando as relações do país com Rússia, Coreia do Norte e Otan, a aliança militar ocidental. Ele deixou implícito que gostaria de retomar o poder simbólico do país nas relações exteriores. “Estamos mais isolados do que nunca. O ‘America first’ [América em primeiro lugar] deixou a América sozinha.”

O candidato democrata à presidência dos EUA, Joe Biden, durante sabatina na TV na quinta-feira (15)
O candidato democrata à Presidência dos EUA, Joe Biden, durante sabatina na TV - Jim Watson/AFP

O candidato ainda disse que “não é fã” da ideia de aumentar o número de juízes da Suprema Corte dos EUA —especula-se que ele poderia utilizar o recurso para reverter a maioria conservadora no tribunal—, mas que a decisão depende, em última instância, de como transcorrerá o processo de confirmação de Amy Coney Barrett, juíza indicada por Trump após a morte de Ruth Bader Ginsburg (1933-2020).

Na sabatina transmitida em rede nacional, Biden manteve sua calma característica e investiu na discussão de políticas públicas concretas que tomaria caso fosse eleito.​ Voltou a criticar enfaticamente a responsabilidade de Donald Trump na gestão da pandemia de Covid-19. “O que ele está fazendo? Nada. Há uma responsabilidade presidencial de liderar, e ele não fez isso. Só falava do mercado financeiro.”

O ex-vice-presidente de Barack Obama (2009-2017) reforçou que tem um plano estruturado para combater o vírus e que adotaria um discurso claro sobre medidas sanitárias, especialmente o uso de máscaras.

Por outro lado, contemplou questões caras aos americanos, como reabertura econômica (“Não há por que fechar a economia se todos usarem máscaras”) e liberdade de tomar ou não uma vacina contra a Covid.

Também bateu na tecla de que Trump reduziu impostos para empresas bilionárias e que o governo geraria empregos e melhoraria a situação econômica retomando a taxação anterior. “Quando você deixa as pessoas voltarem ao jogo e terem emprego, tudo se movimenta”, disse. Ele frisou que não aumentará os impostos da classe média —apenas de quem ganhar mais de US$ 400 mil (R$ 2,2 milhões) por ano.

Questionado por um estudante sobre como atrair o eleitorado jovem e negro —que pode favorecer Trump significamente ao não votar por falta de identificação com ambos os candidatos, uma vez que o voto não e obrigatório nos Estados Unidos—, Biden abordou políticas específicas para essa parcela da população.

“Para além de tornar o sistema criminal mais justo e decente, precisamos colocar os negros americanos numa posição de gerar riqueza”, disse. Biden propõe investir em escolas para crianças de baixa renda, universalizando o acesso à creche e injetando US$ 70 bilhões (R$ 392 bilhões) em universidades historicamente voltadas à população negra.

O democrata, no entanto, voltou a contrariar um dos principais slogans do movimento Black Lives Matter na última onda de protestos. “Não devemos cortar o financiamento da polícia, devemos mudar as coisas dentro dos departamentos de polícia”, afirmou. “Nenhum policial bom gosta dos maus policiais.”

Em vez de se confrontarem diretamente —como era o plano original—, os dois candidatos à Presidência participaram de sabatinas simultâneas feitas com eleitores. O evento de Biden foi transmitido pela emissora ABC e realizado na Filadélfia, na Pensilvânia, enquanto o de Trump foi transmitido pela rede de canais NBC e realizado em Miami, na Flórida.

O modelo, conhecido como "town hall", foi adotado devido ao cancelamento do segundo debate, marcado originalmente para esta quinta, em Miami. Visando reduzir as chances de contágio por Covid-19 após a infecção de Trump, os organizadores estipularam que os candidatos se enfrentariam virtualmente.

A campanha do republicano se recusou a acatar o modelo, sugerindo, em vez disso, postergar em uma semana os próximos debates. Após 48 horas de negociações infrutíferas, o evento foi desmarcado.

“Sempre tivemos problemas com essa comissão organizadora, ela foi ridícula”, debochou o presidente. “Quem quer fazer um debate num computador? Você tem que estar ali.”

Os "town halls" são realizados em meio a denúncias de irregularidades no sistema eleitoral, tentativas de republicanos de fraudar resultados —distribuindo urnas falsas na Califórnia— e acenos do presidente a grupos extremistas. Ao momento tenso, soma-se a recusa de Trump em se comprometer com transferência pacífica de poder em caso de derrota e a expectativa de que os resultados do pleito vão parar na Suprema Corte.

Para o presidente, a sabatina foi uma tentativa de repor a perda de um espaço de alta visibilidade para tentar se reerguer. Trump está 10,5 pontos percentuais atrás de Biden na média das pesquisas eleitorais nacionais, segundo o site FiveThirtyEight. O democrata tinha 52,4% das intenções de voto, contra 41,9% do republicano. O site calcula que Biden tem 87% de chances de ganhar a eleição.

A Pensilvânia, onde Biden falou, é considerado um estado-chave para as eleições americanas. Em 2016, o resultado foi apertadíssimo: Trump levou os 20 delegados do Colégio Eleitoral do estado com 48,5% dos votos, contra 47,5% de Hillary Clinton. O próximo e último debate antes da eleição —marcada para 3 de novembro— ocorrerá no dia 22 de outubro, em Nashville, no estado do Tennessee.

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