Descrição de chapéu Eleições EUA 2020

Califórnia diz 'sim' para que motoristas de apps trabalhem sem vínculos empregatícios

Eleição americana também definiu série de plebiscitos estaduais, de drogas psicodélicas a aborto

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Billings (Montana)

“Sim” para cogumelos mágicos, “não” para o direito ao aborto. Nesta terça-feira (3), os americanos votaram em diversos referendos locais, em temas como controle de aluguel, novo visual de bandeira e posse de drogas. Algumas campanhas foram tão acirradas que arrecadaram quantias recordes.

Só na Califórnia, as 12 iniciativas levadas às urnas movimentaram US$ 785 milhões (R$ 4,5 bilhões).

A mais cara da história do estado, chamada "Proposition 22", foi liderada por cinco empresas de aplicativos de carona e entregas —Uber, Lyft, DoorDash, Instacart e Postmates—, que deram mais de US$ 200 milhões (R$ 1,1 bilhão) à causa. O esforço valeu a pena.

Eleitores votam no Fórum, antiga arena dos Los Angeles Lakers, em Los Angeles, na Califórnia
Eleitores votam no Fórum, antiga arena dos Los Angeles Lakers, em Los Angeles, na Califórnia - Frederic J. Brown/AFP

O estado mais populoso dos EUA, com quase 40 milhões de habitantes, disse “sim” para que motoristas continuem trabalhando sem vínculos empregatícios. A iniciativa foi criada para isentá-los de uma nova lei estadual, aprovada no ano passado, para exigir a trabalhadores de certas indústrias tratamento similar ao de empregados contratados com benefícios.

Outros dois referendos cujas campanhas levantaram cada uma mais de US$ 125 milhões (R$ 719,6 milhões) não tiveram o mesmo sucesso. Até a conclusão desta reportagem, dava “não” apertado para o aumento de imposto sobre imóveis de grandes corporações e também deu “não” para a expansão de uma medida de controle de aluguéis, que limitaria o acréscimo em valores cobrados em edifícios com mais de 15 anos.

A Califórnia decidiu também estender o direito ao voto para quem cumpre pena em liberdade condicional, mas negou o mesmo acesso a pessoas de 17 anos que teriam 18 na época das próximas eleições gerais.

Oregon e o Distrito de Columbia, por sua vez, aprovaram medidas relacionadas a drogas psicodélicas.

Enquanto a capital, Washington, descriminalizou seu uso, Oregon virou o primeiro estado do país a legalizar terapias com psilocibina (ingrediente psicoativo de cogumelos alucinógenos) em ambientes médicos para pacientes com 21 anos ou mais.

A droga será usada em tratamentos para depressão, ansiedade e transtorno de estresse pós-traumático.

O estado também descriminalizou a posse de certas substâncias controladas, incluindo cocaína, heroína e metanfetamina. “Oregon fez história nesta noite ao descriminalizar a posse de drogas. Esta vitória é realmente transformadora”, anunciou nas redes sociais a Drug Policy Alliance, que liderou a campanha.

A nova medida direciona parte da receita das vendas recreativas de maconha para programas de tratamento de dependência de drogas. A cânabis foi levada às urnas e aprovada em Arizona, Nova Jersey, Montana e Dakota do Sul. Agora são 15 os estados onde o consumo recreativo é legalizado.

Em 2012, Colorado e Washington foram os primeiros a votar a medida. O uso medicinal é liberado em 33 estados e na capital, ainda que siga ilegal no âmbito federal.

Além de dizer “sim” à maconha medicinal, os moradores de Mississippi aprovaram um novo design para a bandeira estadual, com uma flor de magnólia ao centro. O estado aposentou o desenho anterior em junho, na onda dos protestos contra racismo, por trazer o símbolo dos Estados Confederados, que defendiam a escravidão na Guerra Civil, no século 19.

O direito ao aborto foi votado em dois estados, com resultados opostos. A Louisiana, no sul do país, com 4,6 milhões de habitantes, disse não ao direito ao aborto e a qualquer financiamento público ao procedimento. Já o Colorado, com 5,7 milhões de moradores, votou contra uma medida que visava proibir o aborto depois de 22 semanas de gravidez.

Porto Rico, território americano no Caribe com 3 milhões de habitantes, votou pela terceira vez em dez anos para se tornar o 51º estado do país. Os porto-riquenhos são cidadãos americanos, mas não votam para presidente nem possuem representação eleitoral no Congresso.

Até às 19h de quarta-feira, o resultado não havia sido definido.

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