Bolsonaro destoa de Maia e Alcolumbre ao deixar de condenar invasão nos EUA

Ativistas pró-Trump invadiram prédio do Congresso americano durante sessão para confirmar vitória de Biden

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Brasília

O presidente Jair Bolsonaro destoou dos chefes do Congresso Nacional brasileiro, Rodrigo Maia (DEM-RJ) e Davi Alcolumbre (DEM-AP), ao deixar de condenar a invasão do Capitólio dos EUA, nesta quarta-feira (6), por apoiadores do presidente Donald Trump.

Ao ser questionado por um apoiador em frente ao Palácio do Alvorada, em Brasília, o presidente disse que houve "muita denúncia de fraude" nas eleições americanas na qual o republicano perdeu para Joe Biden.

“Eu acompanhei tudo. Vocês sabem que eu sou ligado ao Trump, já sabem qual a minha resposta. Agora, [houve] muita denúncia de fraude, muita denúncia de fraude. Eu falei há um tempo atrás, a imprensa falou ‘sem provas, o presidente Bolsonaro falou que foram fraudadas as eleições americanas'.”

​Os presidentes da Câmara e do Senado do Brasil, Maia e Alcolumbre, por sua vez, descreveram os atos em Washington como inaceitáveis em qualquer democracia e fruto de desespero.

Insuflados por Trump, a ação dos militantes obrigou a Câmara e o Senado dos EUA a trancarem suas portas e a paralisarem a sessão que deveria confirmar a vitória presidencial de Joe Biden.

“As imagens vistas de invasão ao Congresso Nacional americano, na tarde dessa quarta-feira (6), em uma tentativa clara de insurreição e de desprezo ao resultado das eleições por parte de um grupo, são inaceitáveis em qualquer democracia e merecem o repúdio e a desaprovação de todos os líderes com espírito público e responsabilidade”, afirmou Alcolumbre, por meio de nota.

Rodrigo Maia, presidente da Câmara dos Deputados - Michel Jesus - 15.dez.20/Câmara dos Deputados

“O Senado Federal brasileiro acompanha atentamente o desenrolar desses acontecimentos, enviando aos congressistas e ao povo americano nossa solidariedade e nosso apoio. Defendo, como sempre defendi, que a democracia deve ser respeitada e que a vontade da maioria deve prevalecer.”

Maia afirmou que os atos em Washington são fruto de desespero de uma corrente antidemocrática, que saiu derrotada das eleições. Descreveu o grupo como “extremistas”.

“A invasão do Congresso americano por extremistas representa um ato de desespero de uma corrente antidemocrática que perdeu as eleições. Fica cada vez mais claro que o único caminho é a democracia, com diálogo e respeitando a Constituição”, escreveu o presidente da Câmara em suas redes sociais.

Além dos chefes do Congresso Nacional, o ministro do Supremo Tribunal Federal Luís Roberto Barroso também usou as redes sociais e descreveu os autores do episódio como “apoiadores do fascismo”.

“No triste episódio nos EUA, apoiadores do fascismo mostraram sua verdadeira face: antidemocrática e truculenta. Pessoas de bem, independentemente de ideologia, não apóiam a barbárie. Espero que a sociedade e as instituições americanas reajam com vigor a essa ameaça à democracia”, completou.

O presidente da Comissão de Relações Exteriores do Senado, Nelsinho Trad (PSD-MS), afirmou que o resultado das eleições nos Estados Unidos representa a vontade legítima do povo americano.

“Da mesma forma que os vencedores têm que saber vencer, os derrotados, principalmente, têm que compreender a derrota e aceitá-la, dentro de um sistema democrático que preza pela soberania da democracia a qualquer custo”, afirmou Trad à Folha.

Desde o dia da eleição americana, em 3 de novembro, Bolsonaro repetiu argumentos falsos usados por Trump sobre supostas fraudes nas eleições —jamais confirmadas. Foi um dos últimos líderes mundiais a reconhecer a vitória de Biden, apenas em 15 de dezembro, um dia depois da votação do Colégio Eleitoral.

Mesmo após o reconhecimento, o brasileiro continuou insinuando falta de lisura nas eleições americanas. Nesta semana, ao conversar com apoiadores, um deles sugeriu que até mortos haviam votado nas eleições nos Estados Unidos, ao que o presidente respondeu: “E não foi pouco, não”.

Contrastando com o silência do presidente brasileiro, alguns de seus aliados se manifestaram para criticar o episódio desta quarta-feira. “Repudio a invasão do Congresso Americano. Parlamentos são os altares sagrados da democracia e jamais devem ser violados! Esquerdopatas invadiram o plenário da Comissão de Direitos Humanos quando eu presidia. Reclamei e não fui ouvido! Quase bateram em mim. Jamais esquecerei”, escreveu em suas redes sociais o deputado federal Marcos Feliciano (Republicanos-SP).

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