Descrição de chapéu Eleições EUA 2020

Ao menos cinco morrem em invasão do Congresso dos EUA

Agente da Polícia do Capitólio que atirou em mulher desarmada foi afastado de suas funções

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São Paulo e Belo Horizonte

Ao menos cinco pessoas morreram na invasão do Congresso dos EUA por apoiadores de Donald Trump nesta quarta (6), enquanto os parlamentares realizavam a sessão para ratificar a vitória de Joe Biden.

Além da manifestante que foi morta dentro do prédio do Congresso depois de ser baleada por um agente da Polícia do Capitólio, o chefe do Departamento de Polícia de Washington, Robert J. Contee, afirmou que outras três mortes (dois homens e uma mulher) foram registradas nos arredores do local. De acordo com o oficial, esses óbitos decorreram de “emergências médicas”. Ele não ofereceu mais detalhes.

Um policial também morreu após atuar no incidente.

Ainda segundo Contee, durante os confrontos no Congresso, ao menos 50 agentes ficaram feridos, vários em situação grave, e 68 pessoas foram presas, 61 das quais por desrespeitar o toque de recolher imposto pela prefeita de Washington, e 7, por posse ilegal de armas.

A polícia não identificou oficialmente nenhuma das vítimas, mas diferentes veículos da imprensa americana afirmam que a mulher baleada na sede do Congresso era Ashli Babbitt.

De acordo com o jornal The Washington Post, que entrevistou Timothy McEntee, ex-marido de Babbitt, ela era de San Diego, na Califórnia, veterana da Força Aérea americana e uma ferrenha defensora de Trump.

Ele, que foi casado por 14 anos com Babbitt, até maio de 2019, disse ao jornal que a ex-mulher serviu no Afeganistão e no Iraque, além de ter composto o contingente da Guarda Nacional no Kuwait e no Qatar.

"Ela nunca tinha medo de falar o que pensava e, de certa forma, essa era sua maneira de falar o que pensava [indo para o comício em Washington]", disse McEntee.

Em entrevista à rádio KUSI, de San Diego, Aaron Babbitt, atual marido da vítima, disse que ela era uma apoiadora apaixonada por Trump, "muito barulhenta e opinativa, mas carinhosa, atenciosa e amorosa".

Em suas redes sociais, Babbitt expressava apoio fervoroso ao presidente e ecoava falsas alegações de fraude generalizada nas eleições americanas, além de compartilhar conteúdos que questionavam a gravidade da pandemia de coronavírus e criticavam o uso obrigatório de máscaras de proteção.

Em uma das publicações, no início de setembro, ela postou uma foto no Twitter em que vestia uma camiseta com a frase "We are Q" (nós somos Q), em referência ao movimento QAnon, uma teoria segundo a qual Trump combate uma seita de pedófilos adoradores de Satanás que controla o mundo.

Na última terça-feira (5), véspera da invasão do Capitólio, Babbitt comentou a publicação de um usuário que insinuou que o cancelamento de voos para Washington era resultado de algum tipo de conspiração, já que Trump tinha agendado para o dia seguinte um comício na capital americana.

“Nada vai nos impedir. Eles podem tentar, tentar e tentar, mas a tempestade chegou e está caindo sobre Washington em menos de 24 horas. Da escuridão à luz!”, escreveu Babbitt.

Segundo a CNN, a vítima foi baleada no peito enquanto tentava passar por cima de uma barreira de móveis empilhados para entrar em um dos plenários do Congresso.

Em um vídeo publicado nas redes sociais, vê-se um grupo que tentava forçar uma porta com vidros quebrados e bloqueada por cadeiras e mesas. Uma mulher, com uma bandeira de apoio a Trump na cintura, tenta passar pelo obstáculo. Um dos agentes atira contra ela, que cai no chão de mármore.

Atenção, as imagens abaixo são fortes

Steven Sund, chefe da Polícia do Capitólio, afirmou nesta quinta (7) que as circunstâncias da morte de Babbitt serão investigadas e que o policial responsável pelo disparo foi afastado temporariamente.

O oficial também disse que duas bombas improvisadas foram encontradas no Congresso e que elas teriam causado grandes danos caso tivessem explodido. A forma como a Polícia do Capitólio lidou com a invasão foi alvo de duras críticas, muitas das quais apontando para o fato de que parecia haver um pequeno número de policiais protegendo o prédio.

Os agentes foram rapidamente dominados por manifestantes e esperaram até que fosse tarde demais para solicitar reforço da Polícia Metropolitana de Washington, que geralmente não tem jurisdição para atuar em propriedades do governo federal, como o Capitólio.

Contee disse que sua agência só recebeu um pedido de ajuda às 13h (horário local, 15h em Brasília) de quarta, bem depois que os manifestantes começaram a forçar sua passagem pelas barreiras. "As coisas já estavam muito graves naquele ponto", disse ele.

Dois oficiais da Polícia do Capitólio afirmaram que Sund renunciou e deixará o cargo em 16 de janeiro.

Ainda nesta quinta, o chefe da corporação afirmou que está sendo conduzida "uma revisão completa deste incidente, [incluindo o] planejamento de segurança, políticas e procedimentos".

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