Denúncia de fraude leva a recontagem de votos e atrasa definição de 2º turno no Equador

Sob pressão de líder indígena, órgão eleitoral revisará quase metade do total de atas em processo que levará 15 dias

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Quito | AFP e Reuters

Uma semana depois de irem às urnas para escolher seu próximo presidente, os equatorianos ainda parecem distantes de saber quem são os candidatos que disputarão o segundo turno no país. Um nome, o esquerdista Andrés Arauz, já garantiu sua vaga, mas um pedido de recontagem dos votos atrasará por tempo indeterminado a definição de quem será seu adversário.

Na sexta-feira (12), o Conselho Nacional Eleitoral (CNE) divulgou um comunicado anunciando que fará uma revisão das atas para garantir a transparência das eleições. A decisão foi fruto de um acordo entre o órgão e os dois candidatos que disputam a vaga depois que um deles fez acusações de fraude eleitoral.

Com 99,84% das atas computadas, o banqueiro conservador Guillermo Lasso tem 19,74% dos votos. Já o líder indígena Yaku Pérez, que vinha liderando a corrida pela vaga no segundo turno, perdeu a dianteira e soma 19,38% —Arauz obteve 32,71% do total de votos.

Yaku Pérez, candidato à Presidência do Equador, durante reunião do Conselho Nacional Eleitoral, em Quito - Santiago Armas - 12.fev.21/Xinhua

Em uma manifestação com cerca de 600 apoiadores em frente à sede do CNE em Quito na quinta-feira (11), Pérez afirmou que "a fraude foi consumada" e exigiu que as autoridades eleitorais "simplesmente abram a tampa das atas presidenciais [onde estão os votos]”.

O pedido, segundo o esquerdista, havia sido negado, e ele ameaçou fazer uma denúncia à Corte Interamericana de Direitos Humanos e à Organização das Nações Unidas.

No dia seguinte, porém, o CNE anunciou que fará a recontagem de um total de atas que corresponde a 45% do eleitorado. "Mais ou menos 6 milhões de votos serão revisados voto a voto", disse a presidente do órgão, Diana Atamaint. O processo, segundo ela, deve começar nesta segunda (15) ou na terça (16) e durará cerca de 15 dias.

"Com isso damos amostras e garantias de transparência, porque não há nada a esconder", acrescentou Atamaint. A recontagem inclui 100% dos votos da província de Guayas, que contém o maior número de eleitores, e 50% do total em outras 16 províncias, como Pichincha (onde fica a capital) e Manabí.

Com 24 províncias ao todo, o Equador tem uma população de 17,4 milhões de habitantes, dos quais 13,1 milhões foram convocados às urnas no último domingo.

"Assim que o processo de revisão for concluído, o anúncio final dos resultados será feito", disse Atamaint, em um comunicado à imprensa. “Vamos defender com firmeza o processo eleitoral que preparamos com muito carinho, responsabilidade, mas acima de tudo com transparência”.

Pérez e Lasso concordaram com a recontagem durante uma reunião que incluiu observadores da Organização dos Estados Americanos (OEA).

"Estamos entregando as provas e evidências, com diversos atos inconsistentes, que foram apresentados em várias províncias", afirmou o líder indígena. “Estamos convencidos de que agora, com transparência, recuperaremos muitos votos. Valeu a pena a luta."

Diversos grupos sociais se juntaram ao movimento indígena nos últimos dias para organizar manifestações a favor de Pérez em Quito e em Guayaquil, a maior cidade do país. O candidato agradeceu o apoio, mas pediu calma aos manifestantes.

Em 2019, protestos liderados pelos mesmos grupos escalaram para a violência e forçaram o presidente Lenín Moreno a revogar a eliminação dos subsídios aos combustíveis. Os confrontos com as forças de segurança do país deixaram, entretanto, 11 mortos e mais de 1.300 feridos.

O mandato de quatro anos de Moreno se encerra em 24 de maio, e a votação do segundo turno está prevista para 11 de abril.

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