No Equador, indígenas se manifestam em apoio a Pérez, que pede recontagem de votos

Com Lasso em segundo lugar, candidato esquerdista diz haver fraude na apuração e faz denúncia à OEA

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Quito | AFP

Enquanto a situação eleitoral segue indefinida no Equador, grupo de indígenas se mobilizaram nesta quinta-feira (11) para demonstrar apoio ao candidato presidencial Yaku Pérez, que acusa uma fraude para tirá-lo do segundo turno.

Apadrinhado de Rafael Correa, o economista Andrés Arauz já garantiu sua vaga na próxima etapa e, enquanto os votos finais são apurados, lidera com 32,66%. Pérez, que passou boa parte da contagem em segundo lugar, perdeu espaço para o conservador Guillermo Lasso —o líder indígena tem 19,42% dos votos, enquanto o rival soma 19,72%, com 99,13% das atas computadas.

Yaku Pérez chega à sede do Conselho Nacional Eleitoral, em Quito, onde seus apoiadores se manifestam
Yaku Pérez chega à sede do Conselho Nacional Eleitoral, em Quito, onde seus apoiadores se manifestam - Rodrigo Buendia/AFP

“A fraude foi consumada”, afirmou Pérez à imprensa durante a manifestação de cerca de 600 apoiadores em frente à sede do Conselho Nacional Eleitoral (CNE), em Quito, que estava cercada com barreiras metálicas e protegida por policiais.

“No dia de ontem [quarta, 10], tentamos a todo custo que simplesmente abram a tampa das atas presidenciais [onde estão os votos]” para revisá-las na Delegação Eleitoral de Gayaquil.

O líder indígena, porém, disse que o pedido foi negado. Pérez insistiu em sua demanda de recontagem de votos em várias províncias, entre elas quatro que possuem o maior eleitorado.

Segundo o jornal equatoriano El Universo, o candidato apresentou também uma reclamação ao secretário da Organização dos Estados Americanos (OEA). Ele diz que os delegados da entidade foram ignorados no CNE de Guayas. Pérez disse que a denúncia será encaminhada à Corte Interamericana de Direitos Humanos e à ONU.

O candidato disse ainda que o ex-banqueiro Lasso, que tenta a presidência pela terceira vez, que ir para o segundo turno apenas por ego. “Ele sabe que não vai ganhar de Arauz. Está fazendo o jogo do correísmo”, afirmou, em referência a Rafael Correa, seu rival político.

Com bandeiras da cor do arco-íris, seus apoiadores levavam cartazes em que se lia “Yaku é Equador. A vontade do povo se respeita”.

“Há uma fraude eleitoral em algumas províncias, por isso defendemos a democracia”, disse à agência de notícias AFP Oswaldo Rea, que se mantinha em vigília em frente ao CNE na capital equatoriana. “Vamos defender até a última consequência. O doutor Yaku Pérez tem que ser o presidente dos equatorianos, dos mais pobres, dos mais necessitados.”

“Por isso estamos aqui presentes, para defender e dizer chega de fraude”, afirmou a dirigente indígena Blanca Chancoso, recebendo da multidão gritos de “chega de fraude”.

Os apoiadores de Pérez também se concentravam em frente a delegações eleitorais de outras cidades, como Guayaquil, um reduto conservador.

Os observadores da missão da OEA afirmaram nesta quinta que a margem segue muito estreita entre o segundo e o terceiro lugar. Por isso, disseram, é fundamental que os concorrentes tenham certeza que seus votos estão sendo processados pelas autoridades eleitorais.

A missão, porém, enfatizou que é importante que todas as partes se comportem com responsabilidade e dirimam suas diferenças de forma constitucional.

Nesta quarta, a chefe do CNE, Diana Atamaint, afirmou que a organização poderia terminar a contagem preliminar nas 48 horas seguintes.

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