Jordânia atrasa permissão de voo e obriga Netanyahu a adiar viagem aos Emirados Árabes

Decisão seria retaliação ao cancelamento da ida do príncipe herdeiro de Amã a mesquita em Jerusalém

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Jerusalém e Amã | Reuters

O premiê israelense, Binyamin Netanyahu, adiou uma viagem aos Emirados Árabes Unidos, marcada para esta quinta-feira (11), após o governo da Jordânia atrasar a permissão de uso de seu espaço aéreo.

O encontro com o príncipe herdeiro Hussein bin Abdullah seria a primeira viagem do primeiro-ministro ao país após a normalização das relações, no ano passado —e que ganha mais importância pois Netanyahu está às vésperas de um novo pleito em Israel, marcado para o dia 23, a quarta eleição em dois anos.

O acordo, assinado em agosto com a ajuda do governo do ex-presidente dos EUA Donald Trump, prevê acordos para "investimentos, turismo, voos diretos, segurança, telecomunicações, tecnologia, energia, saúde, cultura, ambiente e estabelecimento de embaixadas". Até então, os Emirados Árabes Unidos não reconheciam nem mantinham relações diplomáticas ou econômicas formais com os israelenses.

O atraso na liberação do espaço aéreo, por sua vez, seria uma retaliação ao cancelamento de uma visita do príncipe herdeiro da Jordânia, Hussein bin Al Abdullah, ao complexo da mesquita Al Aqsa, em Jerusalém, na quarta-feira (10), devido a uma disputa sobre medidas de segurança no local.

Comentando o atrito com a Jordânia, Netanyahu disse em uma entrevista coletiva que houve um "mal-entendido, dificuldades em coordenar voos por causa de um incidente ontem [quarta-feira]".

“Demoramos algumas horas para consertar as coisas. Agora posso voar sobre a Jordânia, mas, até que essa coordenação fosse feita, não foi possível visitar [os Emirados Árabes Unidos]”, continuou.

Netanyahu afirmou que conversou pelo telefone com o príncipe herdeiro, e os dois concordaram em reagendar a visita para “muito em breve”. Os Emirados Árabes Unidos, de acordo com o primeiro-ministro israelense, pretendem "investir uma quantia gigantesca de US$ 10 bilhões em vários projetos", embora ele não tenha detalhado a natureza dos aportes nem o cronograma de tais planos.

O premiê também citou que Israel e o estado do Golfo queriam criar um "passaporte verde" entre os países, citando um programa para facilitar a passagem de quem recebeu a vacina contra o coronavírus.

Os Emirados Árabes Unidos não confirmaram formalmente a visita planejada, que havia sido divulgada pela mídia israelense na quarta-feira. O ministro das Relações Exteriores da Jordânia, Ayman al-Safadi, por sua vez, confirmou o cancelamento da visita do príncipe herdeiro a Al Aqsa.

Segundo Al-Safadi, autoridades israelenses tentaram mudar um programa acordado com Amã de uma maneira que considerou prejudicial aos direitos de culto de palestinos e muçulmanos. "O príncipe herdeiro [da Jordânia] não queria permitir que Israel impusesse restrições aos muçulmanos", disse.

A dinastia Hachemita da Jordânia é a guardiã do complexo de Al Aqsa, um símbolo da luta pela criação de um Estado palestino e um dos locais mais sagrados do Islã.

Israel, que fez um acordo de paz com a Jordânia em 1994, mantém o controle de segurança ao redor do local, que os judeus reverenciam como um vestígio de seus dois antigos templos.

A Jordânia diz que Israel, que conquistou Jerusalém Oriental, incluindo a cidade velha murada onde Al Aqsa está localizada, na guerra de 1967 no Oriente Médio, não tem direitos soberanos sobre o complexo e há muito se irrita com as visitas organizadas de judeus religiosos.

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