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China condena blogueiro com 2,5 mi de seguidores por questionar número de mortos em confronto

Em outro julgamento, regime nega tortura contra australiano acusado de espionagem

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Pequim | AFP

A China condenou um famoso blogueiro sob a acusação de "difamar os mártires" após ele sugerir que o número de mortos do lado chinês no confronto na fronteira com a Índia, no ano passado, foi superior aos quatro anunciados oficialmente. Qiu Ziming, 38, que tem mais de 2,5 milhões de seguidores no Weibo, espécie de Twitter local, foi condenado a oito meses de prisão, anunciou o tribunal da cidade de Nanjing.

Na rede social, ele sugeriu que o balanço real de mortes poderia ser maior que o divulgado pelo regime. Agora, com a condenação, Qiu se tornou a primeira pessoa detida com base em um novo dispositivo da lei penal chinesa que proíbe a "difamação de mártires e heróis".

Imagem tirada de vídeo mostra soldado chinês ferido recebendo atendimento médico de seus companheiros no conflito na fronteira entre China e Índia no vale do Galwan, em junho de 2020
Imagem tirada de vídeo mostra soldado chinês ferido recebendo atendimento médico de seus companheiros no conflito na fronteira entre China e Índia no vale do Galwan, em junho de 2020
CCTV-jun.20/AFP
Imagem tirada de vídeo mostra soldado chinês ferido recebendo atendimento médico de seus companheiros no conflito na fronteira entre China e Índia no vale do Galwan, em junho de 2020

Depois de meses de silêncio, o Exército chinês anunciou em fevereiro que quatro soldados haviam morrido em um confronto com tropas indianas no disputado vale de Galwan em junho de 2020, um conflito que tem raízes históricas. Em 1962, Índia e China travaram uma guerra breve mas sangrenta pelo controle da região e, nas duas décadas seguintes, tentaram chegar a um acordo, mas as tratativas foram infrutíferas.

Mesmo que eventualmente tenham ocorrido brigas envolvendo oficiais dos dois países, ninguém havia morrido na fronteira desde 1967. Do lado indiano foram registradas 20 mortes. Os soldados chineses mortos, por sua vez, foram homenageados de maneira póstuma como "heróis defensores da fronteira".

China, Terra do Meio

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Australiano acusa China de tortura

Também nesta terça, o regime chinês negou as acusações de tortura contra um acadêmico australiano de origem chinesa julgado por espionagem. "Yang Jun não foi detido arbitrariamente nem torturado para obter uma confissão", disse à imprensa o porta-voz da chancelaria da China, Wang Wenbin.

Nascido na China, Yang Jun, universitário de 56 anos que se apresenta como Yang Hengjun, disse ter sido torturado enquanto esteve preso em um lugar secreto. "Os primeiros seis meses [...] foram um período realmente difícil. Me torturaram", afirmou, em uma mensagem vista pela agência de notícias AFP.

"Estive recluso em um lugar pior que a prisão durante mais de dois anos", acrescentou.

O julgamento começou na última quinta, a portas fechadas, o que fez com que o embaixador australiano em Pequim não pudesse assistir à audiência. Yang afirma ser inocente, que nunca foi dito para quem ele estaria espionando e que tentou, sem sucesso, que as gravações de seu interrogatório não fossem levadas em conta, já que ele teria sido obrigado a confessar diante de uma câmera oculta.

Yang deixou a China continental em 1992 e se mudou para Hong Kong. Depois, viajou para os EUA, onde viveu por cinco anos e trabalhou para o grupo Atlantic Council. Anos depois, tornou-se cidadão australiano e se dedicou a escrever romances de espionagem e a manter um blog em chinês muito popular.

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