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Jornalista holandês morre após ser baleado em ataque no centro de Amsterdã

Especializado na cobertura de crimes, Peter R. De Vries, 64, era uma celebridade na Holanda

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Amsterdã | Reuters

Morreu nesta quinta-feira (15) o jornalista holandês Peter R. De Vries, 64, alvo de um ataque a tiros na semana passada no centro de Amsterdã. Especializado na cobertura de crimes, ele era uma celebridade no país e morreu em decorrência dos ferimentos sofridos durante o atentado.

"Peter lutou até o fim, mas não conseguiu vencer a batalha. Morreu rodeado daqueles que o amaram", afirmou a família, em comunicado. "Ele viveu fiel ao seu mote: 'Não é possível ser livre de joelhos'."

O jornalista Peter R. de Vries, baleado na última terça (6) no centro de Amsterdã
O jornalista Peter R. de Vries, baleado na última terça (6) no centro de Amsterdã - Remko de Waal - 23.jun.21/ANP/AFP

O ataque contra De Vries ocorreu na noite do último dia 6, no centro da capital holandesa, quando ele saía de um estúdio de televisão. Dois suspeitos, identificados pela imprensa local como Kamil E., um polonês de 35 anos, e Delano G., 21, estão presos.

O jornalista trabalhava atualmente como apresentador de TV e comentarista de programas policiais. Ele é vencedor de um prêmio Emmy Internacional pela investigação do desaparecimento de uma adolescente americana em Aruba, em 2005. Ao longo da carreira, já havia sido ameaçado de morte diversas vezes.

Em uma rede social, seu filho escreveu que "o pior pesadelo [da família] se tornou realidade".

Em 2013, Willem Holleeder, um dos sequestradores do empresário Freddy Heineken, dono da cervejaria que leva seu sobrenome, foi condenado devido a ameaças que fez contra contra De Vries. O jornalista havia ajudado a polícia em casos de homicídio que culminaram na prisão do criminoso.

O episódio do sequestro virou filme, "Jogada de Mestre", de 2015, baseado no livro escrito por De Vries, "The Kidnapping of Alfred Heineken" (o sequestro de Alfred Heineken, sem edição no Brasil).

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Nesta quinta, a rede de TV RTL afirmou, em nota, que "a influência de Peter é mais forte que qualquer atentado de ódio". "Vamos continuar a falar abertamente sobre abusos e injustiças na sociedade, como ele fez a vida toda." O primeiro-ministro do país, Mark Rutte, também lamentou a morte em rede social. "Fazer com que a justiça seja cumprida é uma dívida que temos com Peter R. de Vries. Não podemos e não toleraremos isso na Holanda. Esse ato de covardia não pode ficar impune."

Por toda a Europa políticos condenaram o atentado na última semana, visto como um ataque à liberdade de imprensa. O rei Willem-Alexander, da Holanda, chamou o caso de "ataque contra o jornalismo, um pilar do Estado de Direito", em manifestação vista como prova da importância do jornalista, já que a realeza não costuma comentar casos individuais. "E é também um ataque à nossa ordem constitucional", disse.

Charles Michel, presidente do Conselho Europeu (órgão que reúne os chefes de Estado e de governo da União Europeia), também havia se manifestado, chamando o crime de ataque "aos nossos valores democráticos". "Continuaremos a defender a liberdade de imprensa incansavelmente."

O presidente do Parlamento Europeu, David Sassoli, por sua vez, afirmou que a mídia é a espinha dorsal da democracia e que ataques a jornalistas são "ataques contra todos nós".

Tom Gibson, representante para a União Europeia do Comitê para a Proteção dos Jornalistas, ONG americana de defesa da liberdade de imprensa, afirmou que "os jornalistas na União Europeia devem ser capazes de investigar crimes e corrupção sem temerem por sua segurança".

Nos rankings mais recentes de liberdade de imprensa da ONG Repórteres Sem Fronteiras (RSF), a Holanda ostenta o sexto lugar entre 180 nações, atrás de Noruega, Finlândia, Suécia, Dinamarca e Costa Rica.​

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