Descrição de chapéu taleban

Governo Bolsonaro pede respeito às mulheres e ação da ONU no Afeganistão

Itamaraty diz que não há brasileiros no país, onde também não há representação diplomática

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Brasília

O governo Jair Bolsonaro divulgou na noite desta segunda-feira (16) uma nota na qual expressou "apreensão com o aumento da instabilidade na Ásia Central" em razão da conquista de poder pelo Taleban no Afeganistão, consolidada no domingo (15) com a tomada da capital, Cabul.

No comunicado, o Itamaraty citou a necessidade de respeito aos direitos das mulheres e meninas no país. "O governo brasileiro expressa sua profunda preocupação com a deterioração da situação no Afeganistão e as graves violações dos direitos humanos", escreveu o Ministério das Relações Exteriores.

Entre as políticas fundamentalistas aplicadas pelo Taleban quando o grupo controlou o país, entre 1996 e 2001, estava a proibição de que mulheres possam estudar e trabalhar fora de casa. De acordo com o Itamaraty, "o Brasil espera o rápido engajamento das Nações Unidas para o estabelecimento de canais de diálogo e espera que o Conselho de Segurança possa atuar para assegurar a paz na região".

"É essencial assegurar a atuação plena da Missão de Assistência das Nações Unidas no Afeganistão (Unama)", afirma a pasta, no comunicado. O governo ainda conclama os atores envolvidos na crise "a proteger civis, respeitar o direito internacional humanitário, garantir o acesso desimpedido da ajuda humanitária e respeitar os direitos fundamentais do povo afegão, em especial de mulheres e meninas".

Segundo o Itamaraty, é necessário que os "ganhos obtidos nas últimas décadas em direitos humanos, fortalecimento da democracia e desenvolvimento socioeconômico no Afeganistão" sejam preservados.

Não há registro de brasileiros morando ou em trânsito no Afeganistão, conforme informa o texto. O Brasil também não tem embaixada no país hoje sob comando do Taleban.

Informações devem ser solicitadas por brasileiros no telefone de plantão da embaixada no Paquistão (+92 300 8525941) ou na Divisão de Assistência Consular do MRE (+55 61 98197-2284), em Brasília.

Mais cedo, o presidente dos Estados Unidos, Joe Biden, veio a público reafirmar a decisão de retirar tropas americanas do Afeganistão e atribuiu a culpa do colapso do país ao governo local e aos militares afegãos.

"O avanço do Taleban se desdobrou mais rapidamente do que prevíamos. E o que aconteceu? Líderes políticos afegãos desistiram e fugiram do país", disse Biden, em discurso na Casa Branca, nesta segunda .

"Os militares afegãos desistiram, algumas vezes sem tentar lutar. Isso comprovou que não devemos estar lá. Tropas americanas não devem lutar e morrer numa guerra que os afegãos não querem lutar."

Em uma fala na qual lavou as mãos sobre as responsabilidades americanas na crise afegã, o democrata listou esforços dos EUA para construir um governo que pudesse fazer frente à facção radical, incluindo o gasto de mais de US$ 1 trilhão e o treinamento de 300 mil militares, "uma força maior em número do que a de muitos aliados da Otan [aliança militar do Atlântico Norte]". "Demos todas as ferramentas. Pagamos salários. Demos uma força aérea, algo que o Taleban não tem. Mas não podíamos dar a vontade de lutar."

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