Líderes mundiais discursaram nesta terça (21) na abertura da 76ª Assembleia-Geral da Organização das Nações Unidas, em Nova York, nos Estados Unidos. Ameaças causadas por guerras, mudanças climáticas e os desafios impostos pela pandemia de Covid-19 foram os temas centrais abordados.
Em sua fala no início do evento, o secretário-geral da ONU, o português António Guterres, fez um alerta aos chefes de estado sobre as crises enfrentadas em todo o mundo. "Estamos à beira de um abismo —e nos movendo na direção errada", declarou.
Na sequência, o presidente Jair Bolsonaro foi o primeiro líder a discursar. A fala dele foi marcada por um relato distorcido da situação do Brasil, até com a defesa de tratamentos sem eficácia para a Covid-19.
O presidente dos EUA, Joe Biden, e o líder da China, Xi Jinping, mesmo sem citar os nomes dos países rivais, evocaram as tensões que os rodeiam e pediram ações conjuntas contra as mudanças climáticas e de controle da pandemia. Discursaram ainda os presidentes do Irã, Ebrahim Raisi, de Portugal, Marcelo Rebelo de Sousa, e da Colômbia, Iván Duque, entre outros.
Veja as principais falas na abertura da 76ª Assembleia-Geral da ONU
Estou aqui para soar o alarme: o mundo deve acordar. Estamos à beira de um abismo —e nos movendo na direção errada. Nosso mundo nunca foi tão ameaçado ou tão dividido. Estamos enfrentando a maior série de crises das nossas vidas. [...]. Vivemos uma onda de desconfiança e desinformação que está polarizando as pessoas e paralisando sociedades.
Não entendemos por que muitos países, juntamente com grande parte da mídia, se colocaram contra o tratamento inicial [contra a Covid]. A história e a ciência saberão responsabilizar a todos.
Defenderemos nossos aliados e amigos e vamos nos opor às tentativas de países mais fortes de dominar outros mais fracos, seja pela força, por coerção econômica, exploração tecnológica ou desinformação. Mas não estamos procurando uma nova Guerra Fria ou um mundo dividido em blocos rígidos.
Episódios recentes no cenário internacional mostram, mais uma vez, que a intervenção militar estrangeira e a chamada 'transformação democrática' podem não trazer resultado nenhum além de dano [...]. A democracia não é um direito especial reservado a um país.
O que foi visto em nossa região prova que não apenas o sistema hegemônico, mas também o projeto de imposição de identidade ocidentalizada falharam miseravelmente.
O mundo é multipolar. Nenhum polo, por mais poderoso que seja, tem condições para enfrentar, sozinho ou com alguns parceiros, as alterações climáticas, pandemias, as crises econômicas e sociais, terrorismo, desinformação; e ainda promover movimentos de populações ordenados e seguros, com proteção para os mais vulneráveis e para os direitos humanos.
Os diálogos entre o governo interino da Venezuela, que encarna a resistência democrática, e a narcoditadura, embora nos deem alguma esperança, não nos permitem ser ingênuos, pois o único desfecho efetivo destes encontros é a convocação, o quanto antes, de uma eleição presidencial livre, transparente e com uma minuciosa observação internacional
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