Fujimori, ex-líder do Peru, passa por procedimento cardíaco e seu estado de saúde é delicado

Se receber alta, ex-ditador de 83 anos deve voltar à prisão na qual cumpre pena por corrupção e crimes contra a humanidade

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Lima | AFP

Alberto Fujimori, 83, líder do Peru de 1990 a 2000, foi submetido a uma cirurgia cardíaca nesta segunda (4) e seu estado de saúde é grave, segundo a sua filha mais velha e herdeira política, Keiko Fujimori.

"A condição do meu pai é delicada. O problema cardíaco dele piorou", escreveu ela no Twitter. "Por isso fui hoje à clínica dar o meu consentimento para outros tipos de medidas. Ele também já deu o dele", complementou a ex-candidata à Presidência, sem detalhar a que medidas se referiu.

Em entrevista a jornalistas na clínica onde Fujimori está internado, em Lima, Keiko disse que o pai passou por um cateterismo e teve que colocar um stent, espécie de mola metálica que mantém as paredes de uma artéria abertas. Segundo ela, o procedimento durou cerca de 50 minutos e teve como objetivo a desobstrução de uma artéria que estava 70% comprometida.

Alberto Fujimori, em cadeira de rodas, chega a clínica onde foi submetido a procedimento cardíaco em Lima, no Peru
Alberto Fujimori, em cadeira de rodas, chega a clínica onde foi submetido a procedimento cardíaco em Lima, no Peru - Ernesto Benavides - 4.out.21/AFP

O ex-ditador encontra-se agora na UTI da clínica, sob observação de uma junta médica. A equipe acompanha seu quadro de saúde para determinar se ele pode receber alta e, então, voltar à prisão.

Fujimori cumpre pena de 25 anos por crimes contra a humanidade e corrupção pelos massacres em Barrios Altos (1991) e La Cantuta (1992), onde um esquadrão da morte do Exército matou 25 pessoas, incluindo uma criança, em uma suposta operação antiterrorista durante seu mandato na Presidência.

Preso desde 2007, Fujimori passou mal na sexta (1º) e precisou ser transferido com urgência da prisão. Recebeu oxigênio devido a problemas respiratórios ligados a uma fibrilação auricular —um tipo de arritmia cardíaca— que o acomete desde 2018 e, no domingo (3), segundo os médicos, teve uma taquicardia —aceleração anormal dos batimentos do coração— e precisou ser submetido ao procedimento.

Fujimori também sofre de problemas neurológicos que provocaram paralisia facial e de hipertensão. Neste ano, em março, ele já havia sido internado com problemas respiratórios. A família chegou a pedir que ele fosse libertado da prisão no ano passado devido ao risco de contrair Covid-19. A Justiça peruana, no entanto, negou o pedido sob o argumento de que Fujimori é o único detento na base policial na qual está preso em Lima, o que minimiza os riscos de transmissão e o contágio do coronavírus.

Durante a última campanha eleitoral, Keiko afirmou em entrevistas que concederia um indulto ao pai se vencesse as eleições. Líder do partido de direita Força Popular, disse que confiava que a liberdade de Fujimori chegaria por meio dos caminhos judiciais. "Mas depois de tudo o que vimos e passamos, creio que o que meu pai viveu [14 anos de prisão até agora] já é suficiente", disse a então candidata, em janeiro.

Milhares de pessoas foram às ruas do Peru contra a candidatura de Keiko. Além das manifestações de repúdio aos crimes cometidos por seu pai, ela foi tratada como herdeira e representante de uma classe política corrupta que incendiou o país nas últimas décadas.

Em 2018, Keiko foi presa, acusada de lavagem de dinheiro e de recebimento de caixa dois da empreiteira brasileira Odebrecht. No ano seguinte, obteve um habeas corpus, mas o processo ainda não foi concluído.

Sua terceira tentativa de alcançar a Presidência do Peru se mostrou, como as duas anteriores, mal-sucedida. Embora a contagem oficial dos votos apontasse a vitória do esquerdista Pedro Castillo, Keiko buscou judicializar a eleição, alegando ter sido vítima de fraudes na eleição.

A acusação foi desmentida por observadores internacionais, mas a candidata só anunciou que reconheceria a derrota mais de 40 dias após o segundo turno da eleição.

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