Variante ômicron em Portugal e Escócia engrossa lista de países com casos confirmados

OMS alerta para risco elevado da nova cepa, que levou Japão a fechar fronteiras e Austrália a atrasar reabertura do turismo

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Reuters

A ômicron, nova variante do coronavírus, chegou a Portugal e à Escócia, segundo autoridades de saúde locais nesta segunda (29), engrossando a lista de nações onde a cepa, potencialmente mais transmissível, já está presente. Um caso suspeito foi identificado na Suíça, mas a confirmação depende de mais testes.

O governo português declarou que 13 casos foram detectados, todos em jogadores e membros da equipe técnica de um time de futebol da primeira divisão, o Belenenses SAD. Um porta- voz do clube informou que 44 jogadores e funcionários estão em isolamento esperando o resultado de novos exames.

Trabalhadores com máscaras de proteção caminham pelas ruas de Lisboa, capital portuguesa
Trabalhadores com máscaras de proteção caminham pelas ruas de Lisboa, capital portuguesa - Pedro Nunes - 25.nov.21/Reuters

Portugal sustenta, há meses, altas taxas de vacinação, sendo um dos líderes mundiais em imunização: 87,8% da população está com esquema vacinal completo. Lisboa também suspendeu os voos com origem e destino a Moçambique, ex-colônia portuguesa que tem intenso fluxo de viajantes ao país europeu.

O governo da Escócia, por sua vez, relatou seis casos da ômicron. A primeira-ministra Nicola Sturgeon afirmou que nem todos foram identificados em cidadãos que viajaram recentemente à África do Sul, onde a cepa foi inicialmente sequenciada —o que sugere que já pode haver transmissão local da mutante.

Sturgeon também disse que é improvável, ainda que não seja impossível, que haja vínculo entre as contaminações e a COP26, a Conferência das Nações Unidas sobre o Clima, realizada na cidade escocesa de Glasgow durante a primeira quinzena de novembro.

Já o governo da Suíça afirmou que o primeiro caso provável da ômicron foi detectado no país em uma pessoa que voltou da África do Sul há cerca de uma semana. Os testes vão esclarecer, nos próximos dias, se a infecção de fato é pela nova cepa. O país apertou as restrições em suas fronteiras desde que a variante foi sequenciada e começou a ser detectada em outros lugares.

Viajantes de 19 nações —entre as quais Austrália, Dinamarca, Reino Unido, e África do Sul— deverão apresentar teste negativo ao embarcar em um voo para a Suíça e realizar quarentena durante dez dias após desembarcarem. Votação realizada no país neste domingo (28) mostrou que 62% dos suíços aprovam que o certificado digital de Covid continue sendo exigido para frequentar restaurantes, bares, cafés, cinemas, museus, jogos e aulas em universidades.

A descoberta da variante também levou o Japão a fechar suas fronteiras a estrangeiros. Sob a sombra de um antecessor que viu a popularidade desidratar devido, entre outros fatores, à má gestão da pandemia, o recém-eleito premiê Fumio Kishida rechaçou críticas e disse que a medida é temporária, mas necessária.

Japoneses que retornarem de países presentes em uma lista elaborada pelas autoridades de saúde também terão de cumprir quarentena em instalações pré-determinadas pelo governo do país asiático.

A Austrália, que se preparava para reabrir as fronteiras, fechadas desde maio de 2020, teve de atrasar o processo em duas semanas devido à ômicron. O anúncio foi feito pelo primeiro-ministro Scott Morrison depois que os primeiros casos da nova cepa foram identificados no país.

"A pausa temporária vai garantir que a Austrália possa reunir informações necessárias para entender melhor a ômicron, como a eficácia da vacina, os diferentes sintomas e o nível de transmissão", disse Morrison em um comunicado. O país tem atualmente 72,5% da população completamente vacinada.

Viajantes estrangeiros vestem equipamento de proteção individual, ao chegaram ao Aeroporto Tullamarine, em Melbourne, na Austrália
Viajantes estrangeiros vestem equipamento de proteção individual, ao chegaram ao Aeroporto Tullamarine, em Melbourne, na Austrália - William West - 29.nov.21/ AFP

Ainda que pouco se saiba da cepa, a Organização Mundial da Saúde (OMS) advertiu, nesta segunda, que a ômicron representa um "risco muito elevado" para o planeta. "Dadas as mutações que poderiam conferir [ao vírus] a capacidade de escapar de uma resposta imune e lhe dar vantagem em termos de transmissibilidade, a probabilidade de que a ômicron se propague pelo mundo é elevada", afirmou o órgão.

Outros países europeus que já identificaram casos da variante são Reino Unido, Alemanha, Bélgica, Itália, Holanda, Áustria, Dinamarca e República Tcheca. A França disse ter detectado oito possíveis infecções, e Hong Kong e Israel também estão na lista. Na África, Botsuana e África do Sul têm casos confirmados.

LOCAIS QUE JÁ DETECTARAM A VARIANTE ÔMICRON

  • Portugal: 13 casos

  • Escócia: 6 casos

  • Holanda: 13 casos

  • Alemanha: 3 casos

  • Áustria: 1 caso

  • Itália: 1 caso

  • Austrália: 2 casos

  • Israel: 1 caso

  • Canadá: 2 casos

  • Dinamarca: 2 casos

  • Botsuana: 19 casos

  • África do Sul: não especificado

  • Inglaterra: 3

  • República Tcheca: 1

  • Hong Kong: 3

Nesta segunda, o presidente dos EUA, Joe Biden, disse que a ômicron é motivo de preocupação, mas não de pânico. Em pronunciamento na Casa Branca, o democrata defendeu a suspensão dos voos que partem do sul da África, dizendo que a medida é necessária devido aos altos números de casos detectados.

Por outro lado, o ministro sul-africano da Saúde pediu, também nesta segunda, a suspensão das proibições, que caracterizou como discriminatórias. "As mesmas proibições não foram impostas a outros países onde essa variante já foi encontrada", disse Joe Phaahla durante discurso para a OMS.

No domingo, o presidente Cyril Ramaphosa fez pedido semelhante ao criticar os países desenvolvidos por terem imposto proibições de viagens automaticamente depois de ouvirem sobre a ômicron. O líder sul-africano também os acusou de não honrar acordos de cooperação mútua no enfrentamento à pandemia.

"A proibição de viagens não é baseada na ciência nem será eficaz para prevenir a propagação desta variante", afirmou Ramaphosa, ecoando comunicado prévio da OMS em que a entidade pediu que os países mantenham as fronteiras abertas enquanto lidam com os impactos da nova variante.

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