Em um dos piores acidentes rodoviários nos últimos anos no México, a colisão de um caminhão no estado de Chiapas, nesta quinta-feira (9), deixou ao menos 49 pessoas mortas, a maioria migrantes da América Central, de acordo com as autoridades locais.
O motorista do veículo, que levava mais de cem passageiros clandestinamente amontoados no compartimento de carga, informaram fontes oficiais, teria perdido o controle devido ao excesso de velocidade ao fazer uma curva. Em seguida, o caminhão se chocou contra um muro e tombou.
Imagens da agência de notícias Reuters mostram uma carroceria tombada em uma autoestrada, com pessoas deitadas sobre tapetes no chão aguardando atendimento médico.
O acidente ocorreu nas proximidades da cidade de Tuxtla Gutierrez e deixou ainda outras 58 pessoas feridas, três das quais gravemente, segundo o Ministério Público de Chiapas. O chefe da agência de proteção civil do estado, Luis Manuel Garcia, informou que elas foram levadas a hospitais nas imediações.
Entre as vítimas estavam homens, mulheres e crianças, ainda segundo o relato de Garcia em entrevista à Milenio Television. As autoridades não informaram, no entanto, suas nacionalidades. O governador do estado, Rutilio Escandón, expressou solidariedade em post no Twitter. "Dei instruções para providenciar atenção e assistência imediata aos feridos. Responsabilidades serão determinadas de acordo com a lei."
Chiapas, na fronteira do México com a Guatemala, é um dos principais pontos de acesso de migrantes em situação irregular. O transporte de migrantes em caminhões é um dos métodos mais comuns usados pelos coiotes para deslocar essas pessoas pelo território mexicano, com o objetivo de chegar à fronteira norte do país e tentar atravessar para os Estados Unidos.
Washington enfrenta uma grave crise de migração. Agentes americanos detiveram mais de 1,7 milhão de migrantes na fronteira com o México durante o ano fiscal de 2021, encerrado em setembro. A cifra é a mais alta já registrada, de acordo com o Serviço de Alfândegas e Proteção das Fronteiras (CBP, na sigla em inglês). As travessias ilegais cresceram no período após a posse do presidente Joe Biden, em janeiro.
Enquanto nos anos fiscais de 2012 e 2020 as detenções na fronteira sul dos EUA foram, em média, de 540 mil imigrantes, o número de 2021 foi mais que o triplo. A principal nacionalidade dos migrantes detidos é mexicana (608 mil). Na sequência, vêm uma sequência de "outras" (367 mil), que inclui, por exemplo, brasileiros, haitianos e venezuelanos; e os centro-americanos de Honduras (309 mil), Guatemala (279 mil) e El Salvador (96 mil) —países que formam o chamado Triângulo Norte.
O CBP começou a fazer o monitoramento em 1960. Naquele ano, foram 21 mil detenções ou expulsões na fronteira com o México. Nos anos 1970, a cifra anual passou 200 mil –e nunca mais foi menor que isso.
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