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Coreia do Norte divulga fotos do espaço após lançamento de míssil mais potente em 5 anos

Na potência máxima, arma é capaz de viajar milhares de quilômetros, colocando áreas como o território americano de Guam ao seu alcance

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BBC News Brasil

A Coreia do Norte divulgou fotos que afirma terem sido tiradas após o lançamento de míssil mais potente em cinco anos. As fotos raras, tiradas do espaço, mostram partes da península coreana e áreas vizinhas.

Pyongyang confirmou nesta segunda-feira (31) ter testado um míssil balístico de alcance intermediário (IRBM, na sigla em inglês) Hwasong-12. Em sua potência máxima, ele é capaz de viajar milhares de quilômetros, colocando áreas como o território americano de Guam ao seu alcance.

Japão e Coreia do Sul dizem que o míssil atingiu uma altitude máxima de 2.000 km
Japão e Coreia do Sul dizem que o míssil atingiu uma altitude máxima de 2.000 km - Reuters

O teste voltou a acender o alerta entre a comunidade internacional.

Pyongyang realizou um número recorde de sete lançamentos de mísseis apenas no mês passado —uma intensa onda de atividade que foi fortemente condenada pelos EUA, Coreia do Sul, Japão e outras nações.

A ONU (Organização das Nações Unidas) proíbe a Coreia do Norte de realizar testes de armas balísticas e nucleares —e impõe sanções severas. Mas o país desafia regularmente a proibição. Autoridades dos EUA disseram nesta segunda que o aumento nas atividades justifica novas negociações com Pyongyang.

O que aconteceu no lançamento do Hwasong-12?

A Coreia do Sul e o Japão foram os primeiros a denunciar o lançamento no domingo, após detectá-lo em seus sistemas antimísseis. Eles estimam que o míssil percorreu uma distância moderada para um IRBM, cerca de 800 km, e atingiu uma altitude de 2.000 km antes de pousar nas águas do Japão.

Em sua potência máxima e em uma trajetória padrão, o míssil é capaz de viajar até 4.000 km.

A Coreia do Norte confirmou o lançamento do míssil nesta segunda, por meio de reportagens na imprensa estatal. Os testes insubordinados do país são normalmente divulgados pela imprensa estatal um dia após sua ocorrência. A agência KCNA informou que o teste do míssil foi realizado para "verificar sua precisão" e foi angulado propositalmente para pousar "levando em consideração a segurança dos países vizinhos".

A imprensa estatal também publicou imagens raras, algumas das quais afirma terem sido tiradas por uma câmera instalada na ogiva do míssil. Uma das imagens revela o momento do lançamento e outra aparentemente mostra o míssil em pleno voo, tirada de cima.

O líder da Coreia do Norte, Kim Jong-un, não estava presente para observar o lançamento de domingo, diferentemente de três semanas atrás, quando fotos mostraram sua participação no lançamento de um teste de míssil hipersônico —um tipo mais avançado de tecnologia, desenvolvida para burlar os sistemas de detecção de mísseis. Esses mísseis só foram testados pela Coreia do Norte três vezes no total.

Imagens divulgadas pela agência de notícias norte-coreana mostram o lançamento do míssil e fotos tiradas do míssil no espaço
Imagens divulgadas pela agência de notícias norte-coreana mostram o lançamento do míssil e fotos tiradas do míssil no espaço - Reuters

Por que a Coreia do Norte disparou o míssil?

Ankit Panda, analista da Coreia do Norte, disse que a ausência de Kim e a linguagem usada na imprensa para descrever o lançamento sugerem que este teste teve como objetivo verificar se o sistema de mísseis funcionava como deveria, em vez de exibir novas tecnologias.

Ainda assim, é a primeira vez que o Hwasong-12, um míssil com capacidade nuclear de porte significativo, é lançado desde que a Coreia do Norte começou a dialogar com os EUA durante o governo do ex-presidente Donald Trump —o que levou a uma desaceleração nas atividades de mísseis.

A última vez que o Hwasong-12 havia sido testado foi em 2017, quando Pyongyang o lançou seis vezes, incluindo duas vezes sobre a ilha japonesa de Hokkaido, o que disparou o alerta para os moradores de lá.

Em 2018, depois que Kim encontrou Trump, a Coreia do Norte anunciou uma suspensão nos testes de armas nucleares e mísseis balísticos intercontinentais de maior alcance. Mas no ano seguinte, à medida que as relações azedaram, Kim disse que eles não estavam mais presos à declaração de moratória.

No domingo, o presidente sul-coreano, Moon Jae-in, disse que, com o último lançamento, a Coreia do Norte "chegou perto de destruir a declaração de suspensão". Há várias razões para o aumento das atividades de mísseis da Coreia do Norte neste ano, sinalizada por Kim em seu discurso de Ano-Novo.

Analistas dizem que os testes refletem o desejo de pressionar os EUA a voltarem aos diálogos nucleares há muito tempo estagnados, representam uma exibição de força às potências regionais e globais e podem ser fruto de uma necessidade prática de testar novos sistemas de comando militar e de engenharia.

Mísseis da Coreia do Norte
Mísseis da Coreia do Norte - Projeto de Defesa de Mísseis CSIS

O momento também é significativo, dado que os Jogos Olímpicos de Inverno de Pequim começam no fim desta semana, e a eleição presidencial da Coreia do Sul está marcada para março. "É consistente com seu comportamento passado de tentar intimidar a Coreia do Sul e o novo presidente", avalia Daniel Pinkston, professor de relações internacionais da Universidade de Troy, nos EUA, que mora na Coreia do Sul.

Também houve um aumento nos testes, à medida que a economia norte-coreana sofre com sanções lideradas pelos EUA, dificuldades impostas pela pandemia de Covid e décadas de má administração.

No início deste mês, os EUA impuseram mais sanções à Coreia do Norte.

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