A agência estatal norte-coreana anunciou nesta quarta (5) ter feito um teste de lançamento de um míssil hipersônico. De acordo com as informações da KCNA, o objeto atingiu seu alvo de forma bem-sucedida.
O lançamento havia sido detectado e noticiado horas antes por autoridades japonesas e sul-coreanas —que, junto aos EUA, fizeram críticas ao regime de Kim Jong-Un. Trata-se da primeira atividade militar desse tipo realizada pela Coreia do Norte ao menos desde outubro. Na ocasião, o regime realizou o ensaio de um míssil balístico lançado por submarino, com "muitas tecnologias avançadas de orientação".
Em setembro, o país já havia anunciado a realização de um teste com míssil hipersônico, entrando numa corrida armamentista com outras potências detentoras dessa tecnologia —notadamente China e Rússia.
A KCNA disse que no ensaio desta quarta o míssil viajou 700 km e atingiu seu alvo, com bom controle de voo. "Os consecutivos êxitos nos lançamentos de mísseis hipersônicos têm um significado estratégico, na medida em que aceleram a modernização da força estratégica armada do Estado", expôs o relatório.
Ao contrário dos mísseis balísticos, armas hipersônicas voam em direção a alvos em altitudes mais baixas e podem atingir mais de cinco vezes a velocidade do som —cerca de 6.200 km/h. No teste recente, segundo os norte-coreanos, ainda ficou comprovada a capacidade de a tecnologia operar no inverno.
Embora não tenha testado bombas nucleares ou mísseis balísticos intercontinentais de longo alcance desde 2017, nos últimos anos a Coreia do Norte vem desenvolvendo um arsenal, que de acordo com analistas, tem o objetivo de superar as defesas da vizinha do sul e dos EUA.
O Departamento de Estado dos EUA disse que o teste desta quarta violou resoluções do Conselho de Segurança da ONU e representa uma ameaça a vizinhos da Coreia do Norte e à comunidade internacional.
O lançamento ocorre em meio a uma trégua nas negociações entre americanos e norte-coreanos para que o regime de Kim Jong-un entregue suas armas nucleares e seu arsenal de mísseis balísticos. O governo Joe Biden disse que está aberto ao diálogo com a Coreia do Norte, mas Pyongyang acusa as aberturas americanas de serem apenas uma tática retórica.
Se com o teste os norte-coreanos tentavam mostrar as forças do regime, por outro lado os vizinhos do sul buscavam avançar na diplomacia. Poucas horas após o lançamento, o presidente sul-coreano, Moon Jae-in, participou de uma cerimônia em Goseong, na costa leste do país, próxima à fronteira com o norte, onde inaugurou uma linha ferroviária que ele espera que conecte as duas Coreias.
Segundo Moon, que conclui o seu mandato em maio, a ferrovia é "um trampolim para a paz e o equilíbrio regional". Ele ainda pediu à Coreia do Norte que faça esforços sinceros para o diálogo. "Não devemos perder a esperança de dialogar para superar fundamentalmente esta situação", disse. "Se as duas Coreias trabalharem juntas e construírem [uma relação de] confiança, a paz será alcançada um dia", acrescentou.
O porta-voz do Ministério das Relações Exteriores da China, Wang Wenbin, por sua vez, exortou todas as partes a "terem em mente o quadro geral", valorizar a paz e a estabilidade "conquistadas com dificuldade" na península e manter o uso do diálogo para alcançar a solução política.
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