Satélite mostra dimensão de destruição em Tonga após tsunami; veja antes e depois

Missões de Austrália e Nova Zelândia sobrevoam arquipélago para avaliar danos; número de mortes chega a 3

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São Paulo

Imagens de satélite divulgadas nesta terça-feira (18) ajudam a revelar a dimensão do tsunami que atingiu Tonga no último fim de semana. O real tamanho do estrago ainda não pôde ser completamente conhecido, já que o país no oceano Pacífico vive um isolamento informacional depois de a erupção do vulcão Hunga Tonga-Hunga Ha'api levar à queda das linhas de internet e de telefone.

Autoridades de Austrália e Nova Zelândia também revelaram detalhes que ajudam a dar conta do impacto que tiveram as ondas e as cinzas nas principais cidades tonganesas. Os dois países, que capitaneiam os esforços para ajudar o arquipélago, enviaram voos para avaliar os danos.

Imagem de satélite mostra o impacto do tsunami nas instalações do porto de Nukualofa, em Tonga - Maxar Technologies - 18.jan.22/Reuters

O jornal britânico The Guardian relatou que a missão neozelandesa captou áreas de mata cobertas de cinzas e muitos desabamentos nas ilhas de Tongatapu, a principal do país, e Kolomotua. Segundo a agência Reuters, as imagens mostram ainda uma situação "catastrófica" na ilha de Atata. Tonga tem 176 ilhas, 36 das quais inabitadas.

No começo da manhã pelo horário de Brasília, o gabinete do primeiro-ministro Siaosi Sovaleni divulgou seu primeiro informe sobre o tsunami, relatando a destruição de todas as casas na ilha de Mango, onde moravam cerca de 50 pessoas, e estragos extensivos em Fonoifua, onde só dois imóveis resistiram, e Namuka.

O aeroporto internacional não teve a estrutura comprometida, mas permanece inacessível, com a pista, que parece ter sido inundada, coberta de lama e sujeira. O ministro australiano para o Pacífico, Zed Seselja, disse à TV local que a expectativa é a de que o terminal só seja reaberto nesta quarta (19).

A chanceler neozelandesa, Nanaia Mahuta, reforçou a informação, acrescentando que grandes aviões Hercules C-130 com ajuda humanitária só poderiam pousar com a pista livre das cinzas do vulcão. De acordo com ela, o país já enviou dois navios com água potável, suprimentos médicos, equipes de resgate e um helicóptero.

Imagens de satélite mostram dimensão do impacto de tsunami em Tonga

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As instalações do porto da capital do país, Nukualofa, em 29.dez.21, antes da erupção do vulcão Hunga Tonga-Hunga Ha'apai e do tsunami, e nesta terça, 19.jan.22- - Maxar Technologies/Reuters

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Casas em bairro da capital tonganesa Nukualofa antes da erupção e do tsunami, em 29.dez.21, e nesta terça, 18.jan.22

A Organização das Nações Unidas afirmou que um sinal de socorro foi detectado nas ilhas Ha'apai. A missão neozelandesa também relatou a identificação de danos ao longo de toda a costa oeste da ilha de Tongatapu —onde está a capital, Nukualofa, sede dos principais resorts do país—, com a destruição de mais de 50 casas.

Segundo Seselja, as autoridades locais enfrentam dificuldades no acesso às ilhas mais afastadas para a operação de remoção de todos os habitantes que ficaram desabrigados ou desalojados.

O Escritório das Nações Unidas para a Coordenação de Assuntos Humanitários indicou que "mais atividade vulcânica não pode ser descartada". A ilha de Hunga Tonga-Hunga Ha'apai praticamente desapareceu após a explosão, de acordo com as imagens de satélite capturadas cerca de 12 horas depois da erupção, tornando difícil para os vulcanologistas monitorar a atividade em andamento.

O comunicado do premiê informou ainda sobre duas mortes no arquipélago: a de uma mulher de 65 anos em Mango e a de um homem de 49 em Nomuka. Elas se somam à primeira vítima conhecida, que teve a identidade revelada horas antes. Uma britânica de 50 anos que vivia em Tonga teve o corpo encontrado pelo marido, segundo disse o irmão dela em Hove, no sul da Inglaterra.

Nick Eleini afirmou a jornalistas que a hipótese mais provável é que Angela Glover tenha sido levada pelas ondas enquanto tentava salvar seus cachorros. O marido, James, conseguiu se segurar em uma árvore —não está claro o que aconteceu com os animais. Angela trabalhava com resgate de cães abandonados.

No domingo, a imprensa peruana noticiou a morte de duas pessoas afogadas na região de Lambayeque, no norte do país, após o registro de ondas excepcionalmente altas, atribuídas à erupção no Pacífico.

Seselja, o ministro australiano para o Pacífico, disse à TV que as autoridades ainda não receberam informações de números significativos de vítimas, mas ressaltou que isso pode se dever às dificuldades de estabelecer comunicação com Tonga. "As pessoas ficam em pânico, correm e se machucam. Provavelmente há mais mortes, mas rezamos para que não seja o caso", disse à Reuters Curtis Tu’ihalangingie, representante diplomático do país na Austrália.

Nesta segunda-feira, o Peru confirmou outro impacto do tsunami na América do Sul. Segundo o Ministério do Meio Ambiente, ao menos 3 quilômetros de orla na província de Callao, região central do país, foram atingidos com óleo, que teria vazado no processo de descarga de um petroleiro da Repsol devido à violência das ondas no sábado. Algumas praias foram isoladas para limpeza.

O vulcão submarino entrou em erupção na tarde de sábado (15), pelo horário local (madrugada no Brasil), e provocou tsunamis em Tonga, Japão e Samoa Americana. Segundo autoridades das ilhas Fiji, a erupção de oito minutos foi ouvida "como um trovão distante" a mais de 800 quilômetros de distância.

A Marinha tonganesa confirmou nesta terça que as ondas na ilha de Ha'apai chegaram a 10 metros de altura. Antes, medidores haviam registrado ondas de 83 centímetros de altura em Nukualofa, capital tonganesa, e de aproximadamente 60 centímetros em Pago Pago, na Samoa Americana, segundo o Centro de Alerta de Tsunami do Pacífico. A primeira-ministra da Nova Zelândia, Jacinda Ardern, informou que o principal cabo de comunicação submarino com o arquipélago foi impactado devido à falta de energia.

De acordo com a BBC, a comunicação pode levar duas semanas para ser inteiramente retomada em Tonga. Enquanto isso, a operadora Digicel conseguiu estabelecer um sistema-tampão na ilha principal usando as antenas parabólicas de uma universidade.

A Cruz Vermelha estima que ao menos 80 mil pessoas podem ter sido afetadas pelo tsunami.

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