Britânica que tentava salvar cachorro é 1ª vítima conhecida de tsunami em Tonga

Irmão de mulher de 50 anos confirmou morte à imprensa no Reino Unido; tonganeses se preocupam com Covid no recebimento de auxílio

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São Paulo

Em meio ao apagão de informações oficiais em Tonga sobre os impactos da erupção do vulcão Hunga Tonga-Hunga Ha'apai, ocorrida no fim de semana, veio do Reino Unido a confirmação do que seria a primeira morte causada pelo tsunami no arquipélago do oceano Pacífico.

Uma britânica de 50 anos que vivia em Tonga e estava desaparecida teve o corpo encontrado nesta segunda (17), segundo informações dadas pelo seu irmão em Hove, no sul da Inglaterra. Nick Eleini disse à agência de notícias Reuters que a hipótese mais provável é que Angela Glover tenha sido levada pelas ondas enquanto tentava salvar seus cachorros —ela trabalhava com resgate de animais abandonados.

Foto de 7 de janeiro e divulgada nesta segunda (17) mostra o início da erupção do vulcão Hunga Tonga-Hunga Ha'pai, na costa de Tonga - 7.jan.22/Divulgação Planet Labs PBC/AFP

Neste domingo (16), a imprensa peruana já havia confirmado a morte de duas pessoas afogadas na região de Lambayeque, no norte do país, após o registro de ondas excepcionalmente altas. O movimento anormal na costa foi provocado pela erupção no Pacífico.

Segundo Eleini, Angela havia deixado Londres, onde trabalhava como publicitária, e se mudado para Tonga em 2015, quando se casou com James Glover. Ele tinha um estúdio de tatuagem e ela era fundadora de uma organização de bem-estar animal. "Ela amava pessoas e animais, desde pequena —quanto mais feio o cachorro, mais gostava dele", disse o irmão, segundo a rede BBC. "Ela estava vivendo seu sonho, sempre quis morar em um lugar como Tonga."

A imprensa britânica noticiou que Angela teria sido levada pelo tsunami enquanto tentava ajudar os cães de que cuidava. O marido conseguiu se segurar em uma árvore —não está claro o que aconteceu com os animais. Foi James quem encontrou o corpo da mulher, segundo a família.

Ainda não há registro de outras vítimas em Tonga.

O vulcão submarino entrou em erupção na tarde de sábado (15), pelo horário local (madrugada em Brasília), e provocou tsunamis em Tonga, Japão e Samoa Americana. Segundo autoridades das ilhas Fiji, a erupção de oito minutos foi ouvida "como um trovão distante" a mais de 800 km de distância. Medidores registraram ondas de 83 centímetros de altura em Nukualofa, capital tonganesa, e de aproximadamente 60 centímetros em Pago Pago, na Samoa Americana, segundo o Centro de Alerta de Tsunami do Pacífico.

A britânica Angela Glover, que morreu tentando resgatar seus cães durante tsunami em Tonga - Angela Glover no Facebook

Segundo a primeira-ministra da Nova Zelândia, Jacinda Ardern, o principal cabo de comunicação submarino com o arquipélago foi impactado devido à falta de energia, que está sendo restaurada em partes das ilhas. O país diz que está trabalhando para estabelecer a comunicação com ilhas menores.

Na manhã desta terça (18) pelo horário local, ainda noite de segunda no Brasil, autoridades neozelandesas relataram a identificação de danos ao longo da costa oeste da ilha principal, Tongatapu, onde fica a capital, Nukualofa, e os principais resorts do país. Uma espessa camada de cinzas cobriu toda a ilha.

A Organização das Nações Unidas afirmou que um sinal de socorro foi detectado nas ilhas Ha'apai e que há preocupação especialmente com as ilhas Fonoi e Mango. De acordo com o governo de Tonga, 36 pessoas vivem em Mango, e 69, em Fonoi. Uma imagem de satélite publicada pelo Escritório das Nações Unidas para a Coordenação de Assuntos Humanitários indicou a detecção de danos a dezenas de estruturas na ilha de Nomuka. "Mais atividade vulcânica não pode ser descartada", disse o órgão.

O Ha'atafu Beach Resort, na península de Hihifo, 21 km a oeste de Nukualofa, foi "completamente destruído", disseram os proprietários no Facebook. A ilha de Hunga Tonga-Hunga Ha'apai praticamente desapareceu após a explosão, de acordo com imagens de satélite feitas cerca de 12 horas depois da erupção, tornando difícil para os vulcanologistas monitorar a atividade em andamento.

A Cruz Vermelha mobilizou sua rede para responder ao que chamou de a pior erupção vulcânica no Pacífico em décadas. Para Alexander Matheou, diretor da entidade na região, as prioridades são purificar a água para remover a contaminação por cinzas, fornecer abrigo e reunir familiares separados.

O vice-chefe de missão de Tonga na Austrália, Curtis Tu'ihalangingie, disse que o país estava preocupado com o risco de a ajuda humanitária espalhar a Covid-19 na ilha, que não tem registrado casos da doença. Qualquer auxílio enviado ao arquipélago precisaria ser colocado em quarentena, e provavelmente nenhum pessoal estrangeiro teria permissão para desembarcar de aeronaves, disse ele.

A Austrália enviou uma aeronave de vigilância ao país para avaliar os danos à infraestrutura, como estradas, portos e linhas de energia, e definir a estratégia de resposta.

A BBC noticiou que jornalistas esperam que leve duas semanas para a comunicação ser inteiramente retomada em Tonga. Segundo a Cruz Vermelha, ao menos 80 mil pessoas podem ter sido afetadas pelo tsunami. "Pelas informações que reunimos, porém, o evento não foi tão catastrófico quanto pensávamos nos centros mais populosos", disse Katie Greenwood, coordenadora da organização em Fiji.

Com Reuters

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