A Ucrânia suspeita que um grupo ligado à inteligência belarussa é o responsável por realizar o ataque cibernético que atingiu sites do governo ucraniano nesta semana, afirmou um alto funcionário de segurança do governo ucraniano à Reuters. Segundo Serhiy Demedyuk, vice-secretário do Conselho de Segurança e Defesa Nacional, os hackers recorreram a um malware semelhante ao usado por um grupo ligado à inteligência russa.
Demedyuk afirmou que a Ucrânia atribui o ataque de sexta-feira –que desfigurou sites do governo com mensagens ameaçadoras— a um grupo conhecido como UNC1151 e que se trata de uma cobertura para ações mais destrutivas nos bastidores.
Seus comentários são a primeira análise detalhada de Kiev sobre os supostos culpados por trás do ataque a dezenas de sites. Na sexta, autoridades disseram que a Rússia provavelmente estava envolvida, mas não deram detalhes. A Belarus é uma aliada próxima de Moscou.
O ataque cibernético colocou em sites de vários órgãos do governo ucraniano um aviso para "ter medo e esperar o pior", em um momento em que a Rússia concentrou tropas perto das fronteiras da Ucrânia, e Kiev e Washington temem que Moscou esteja planejando um novo ataque militar à Ucrânia.
A Rússia disse que tais temores são "infundados".
O gabinete do presidente belarusso, Alexander Lukashenko, não respondeu imediatamente a um pedido de comentário sobre as declarações de Demedyuk.
O Ministério das Relações Exteriores da Rússia, que anteriormente havia negado envolvimento nos ataques cibernéticos, também não respondeu à Reuters.
"O ataque aos sites foi apenas uma cobertura para ações mais destrutivas que estavam ocorrendo nos bastidores e cujas consequências sentiremos no futuro próximo", disse Demedyuk em comentários por escrito.
Em referência ao UNC1151, ele disse: "Este é um grupo de espionagem cibernética afiliado aos serviços especiais da República da Belarus".
Demedyuk, que já foi chefe da polícia cibernética da Ucrânia, disse que o grupo tem um histórico de atacar Lituânia, Letônia, Polônia e Ucrânia e também já espalhou narrativas condenando a presença da aliança da Otan na Europa.
"O software malicioso usado para criptografar alguns servidores do governo é muito semelhante, em suas características, ao usado pelo grupo ATP-29", disse ele, referindo-se a um grupo suspeito de envolvimento em hackear o Comitê Nacional Democrata antes da eleição presidencial de 2016 nos EUA.
Segundo ele, o ATP-29 é especializado em espionagem cibernética e está associada aos serviços especiais russos (Serviço de Inteligência Estrangeira da Federação Russa).
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