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Com o avanço de tropas russas em território ucraniano, a China evitou condenar diretamente Moscou e pediu diálogo entre as partes.
Na tarde de quinta (24), a porta-voz do Ministério das Relações Exteriores, Hua Chunying, se recusou a classificar os ataques como "invasão". Na tradicional coletiva de imprensa diária realizada com correspondentes na sede do órgão em Pequim, Hua disse que o contexto histórico envolvendo a disputa entre Rússia e Ucrânia era "complexo".
Ela também afastou qualquer possibilidade de cooperação militar com os russos nesse momento. O que disse Chunying:
- "As relações sino-russas são construídas com base no não alinhamento, não confronto e não visando terceiros. Eles são fundamentalmente e qualitativamente diferentes dos EUA, que traçam linhas ideológicas, formam panelinhas e política de bloco, criando confronto e divisão."
- A China não está interessada na mentalidade da Guerra Fria de ‘amigo ou inimigo’ e na colcha de retalhos dessas tais alianças e ‘panelinhas’. Não temos nenhuma intenção de seguir esse exemplo".
A embaixada chinesa em Kiev divulgou uma nota alertando sobre bombardeios e operações militares em algumas cidades do país. O posto avisou que a situação era "caótica" e pediu aos chineses na Ucrânia que não saíssem de casa.
Nas redes sociais, vários internautas pediram que o governo chinês evacue os cidadãos no país o mais rápido possível, em especial estudantes chineses que estão em Kiev.
Por que importa: Rússia e China vem fortalecendo os laços de cooperação há anos, com Putin e Xi Jinping no poder. O presidente russo foi um dos poucos chefes de Estado a visitar Pequim para a abertura dos Jogos Olímpicos.
- Chineses não participam de alianças militares, e Pequim mantém bons laços com a Ucrânia. Chegou a celebrar os 30 anos das relações com os ucranianos em janeiro, quando chamou o país de "consistente e confiável".
- Sem querer desagradar os russos, os chineses não condenaram a invasão e é bastante provável que eles tentem se cacifar como mediadores do conflito.
o que também importa
A Covid voltou a aterrorizar residentes de Wuhan, cidade onde o novo coronavírus foi identificado pela primeira vez em 2019.
O recente surto começou em um treinamento para funcionários de uma multinacional de cosméticos. O evento aconteceu entre 18 a 20 de fevereiro, e 13 participantes testaram positivo para a variante ômicron da doença.
A cidade isolou todo o distrito onde o evento ocorreu e já testou mais de 700 mil pessoas até o momento.
A preocupação maior das autoridades locais é com o número de pessoas que já tinham deixado a cidade no momento em que os testes positivos apareceram: dos 66 funcionários, 24 viajaram logo após o evento.
Infecções ligadas ao surto em Wuhan também foram identificadas em Pequim, Qingdao e Shijiazhuang.
Uma influencer chinesa foi multada em mais de US$10 milhões (R$ 50 milhões) após ser acusada de evasão fiscal. Ping Rong é famosa na internet pelas lives comerciais que apresenta na versão local do Kwai, concorrente do TikTok.
Autoridades do Serviço Fiscal de Cantão apontaram irregularidades nas declarações de imposto de renda da influencer em 2019 e 2020. Após o anúncio, o Kwai suspendeu a conta da influencer.
A multa faz parte de uma campanha ostensiva de caça a fraudadores entre celebridades chinesas. Iniciada em 2021, a força-tarefa pediu que possíveis infratores confessem crimes e trabalhem para regularizar a situação fiscal em troca de descontos nas multas e isenções criminais.
O governo de Hong Kong apertou as restrições de movimento na cidade e anunciou que vai investir bilhões de dólares na contenção da mais recente onda de Covid-19.
Cerca de 4.400 quartos de hotel foram bloqueados para que pessoas com teste positivo possam se isolar. Táxis e linhas de ônibus também foram contratados para o transporte de infectados.
O governo local adiantou as férias de verão para março e pretende transformar escolas e universidades em centros de testagem e isolamento.
Todos os 7,4 milhões de habitantes vão precisar se testar ao menos três vezes nos próximos dias. O acesso a bares, restaurantes e academias está proibido por tempo indeterminado.
A líder do executivo local, Carrie Lam, anunciou a construção de um enorme hospital de campanha com ajuda do governo central em Pequim. O movimento é uma resposta às notícias de longas filas para quem buscava tratamento para a doença na última semana.
fique de olho
A Força Aérea taiwanesa disse na quinta (24) que enviou caças para monitorar a atividade de aeronaves chinesas sobrevoando seu espaço aéreo. O governo da ilha disse ter implantado mísseis de defesa e monitora a situação na Ucrânia, temendo que com as atenções internacionais focadas no leste europeu, Pequim lance um ataque furtivo à ilha.
Por que importa: incursões chinesas no espaço aéreo e marítimo taiwanês não são novidade e vem se tornando mais corriqueiras desde 2020. É pouco provável que essas ações sinalizem uma operação militar chinesa de fato. Pequim sempre diz que se reserva ao direito de reconquistar a ilha, mas uma ação de força só aconteceria em caso de declaração unilateral de independência.
para ir a fundo
- Após o avanço de tropas russas na Ucrânia, o mundo se perguntou se a China seguiria pelo mesmo caminho com Taiwan. Em um artigo de opinião, a The Atlantic avalia o quão crível seria uma investida militar na ilha. (paywall poroso, em inglês)
- O Centro para Pesquisas Avançadas sobre a China divulgou um longo relatório em que analisa os fatos mais marcantes no ano de centenário do Partido Comunista e os prospectos para 2022. (gratuito, em inglês)
- O SupChina abriu inscrições para a Women’s Conference, tradicional evento anual da plataforma com mulheres relevantes para a sinologia. Katherine Tai, responsável pela estratégia comercial dos EUA com Pequim, é um dos nomes já confirmados. (ingressos gratuitos e pagos, em inglês)
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