China volta a fazer incursões aéreas sobre Taiwan em meio à guerra na Ucrânia

Taipé aumentou nível de alerta, mas não observou movimentação incomum das forças chinesas

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Taipé | Reuters

A China voltou a entrar com aeronaves na zona de identificação aérea de Taiwan nesta quinta-feira (24), no mesmo dia em que a Rússia invadiu a Ucrânia —guerra observada de perto em Taipé, pela semelhança com a questão taiwanesa.

Taiwan —ilha que na prática tem um governo autônomo, mas que a China considera uma província rebelde— denuncia há dois anos incursões que considera ilegais na chama Adiz (Zona de Identificação de Defesa Aérea, na sigla em inglês) taiwanesa, ainda que as aeronaves não cheguem a sobrevoar a ilha.

Nesta quinta, o Ministério da Defesa taiwanês afirmou que foram nove aeronaves chinesas na zona de defesa aérea: um avião de reconhecimento Y-8 e oito caças J-16, que sobrevoaram uma área a nordeste das Ilhas Pratas, controladas por Taiwan, no Mar do Sul da China.

Helicóptero militar carrega bandeira de Taiwan na base aérea de Taoyuan - Sam Yeh/AFP

O número fica bem abaixo da última incursão em grande escala, em 23 de janeiro, quando 39 aeronaves chinesas foram identificadas na zona de defesa taiwanesa. Desde então, os voos têm acontecido de forma mais esporádica e com menos aviões.

Taipé enviou caças taiwaneses para afastar as aeronaves chinesas e instalou mísseis aéreos para "monitorar as atividades", disse o ministério.

Taiwan tem observado com cautela a crise na Ucrânia, com medo de que a China tente aproveitar a guerra para atacar a ilha. Embora o governo não tenha relatado nenhum movimento incomum das forças chinesas, o governo aumentou seu nível de alerta.

A China nunca renunciou ao uso da força para colocar Taiwan sob seu controle e condena as vendas de armas dos EUA e outras demonstrações de apoio de Washington.

Nesta quinta, o porta-voz do Ministério da Defesa chinês, Tan Kefei, reiterou que Taiwan é uma "questão central" para a China e que não toleraria interferência estrangeira. "Pedimos aos EUA que reconheçam a alta sensibilidade da questão de Taiwan, parem de interferir nos assuntos internos da China e parem de brincar com fogo", disse.

A questão taiwanesa remonta a 1949, quando o Partido Comunista tomou o poder da China continental, e os nacionalistas do Kuomintang, partido derrotado, fugiram para a ilha. O conflito nunca foi resolvido, e Taiwan se designa oficialmente como República da China —em oposição ao território continental da República Popular da China.

Com o passar das décadas, cresceu um sentimento nacionalista, e hoje 75% dos taiwaneses dizem considerar o país independente, segundo a Pesquisa de Segurança Nacional de Taiwan. Ainda que isso ocorra na prática —há eleições livres, moeda própria e uma Constituição—, a ilha não tem assento na ONU e é considerada pela China uma província rebelde a ser reanexada.

Nas incursões aéreas da China sobre a ilha em janeiro, a presidente do país comparou a situação à questão ucraniana. "Taiwan tem encarado ameaças militares e intimidação pela China há muito tempo. Por isso, manifestamos empatia com a situação da Ucrânia e apoiamos os esforços de todos os lados para manter a segurança regional", disse Tsai Ing-wen.

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