Polícia de Portugal prende aluno que planejava atentado na Universidade de Lisboa

Investigadores dizem que estudante de 18 anos pretendia 'matar maior número possível de pessoas'

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Belo Horizonte

A Polícia Judiciária de Portugal disse ter impedido, nesta quinta-feira (10), um ataque terrorista à Universidade de Lisboa. De acordo com as primeiras informações, um suspeito de 18 anos foi preso portando armas brancas que seriam utilizadas no atentado.

O nome do detido não foi divulgado. Inicialmente, a imprensa local informou que ele seria da cidade de Fátima, mas horas depois se confirmou que o suspeito é de uma família pobre da vila de Batalha, a 120 quilômetros de Lisboa, e havia se mudado para a capital em setembro. Estudante de engenharia na Faculdade de Ciências da instituição, ele foi descrito como alguém de perfil discreto e introvertido, com o hábito de ser um consumidor maciço de informações sobre massacres em escolas.

O atentado estaria sendo planejado há meses e ocorreria nesta sexta-feira (11), dia de provas na faculdade, o que atrairia muitos estudantes para a instituição, segundo a PJ.

Faculdade de Ciências da Universidade de Lisboa, em Portugal
Faculdade de Ciências da Universidade de Lisboa, em Portugal - João Carvalho - 30.set.11/ Wikipédia Commons

A Universidade de Lisboa concentra grande número de estudantes brasileiros, nacionalidade estrangeira mais presente no ensino superior português. De acordo com dados da própria instituição, no ano letivo 2017/18, havia 1.922 alunos brasileiros no campus, em um universo de 9.000 estrangeiros e 50 mil ao todo.

Nesta sexta, o diretor da Faculdade de Ciências da Universidade de Lisboa, Luís Carriço, disse em entrevista coletiva que a rotina de exames da instituição não será alterada, mas que será reforçada a equipe de apoio psicológico aos demais alunos.

A polícia não divulgou até aqui se são conhecidas possíveis motivações religiosas para o atentado. Na casa do suspeito foram apreendidos materiais inflamáveis, como gasolina, além de um conjunto de facas e outro de arco e flechas —mesmo tipo de arma usada em outubro do ano passado por um homem em Kongsberg, na Noruega, em um ataque que deixou cinco mortos e dois feridos.

A Polícia Judiciária informou ainda que encontrou no computador do detido um documento que detalhava o plano do estudante. Segundo o relato, a ideia era matar o maior número possível de pessoas.

"O suspeito detido em flagrante delito pela posse das referidas armas encontra-se igualmente indiciado pela prática do crime de terrorismo", informou o comunicado das autoridades. A Justiça portuguesa decidiu nesta sexta pela continuidade da prisão preventiva do acusado, o que foi contestado por sua defesa. O advogado do detido disse ainda que vai recorrer da decisão e se recusou a comentar supostos problemas mentais de seu cliente.

À CNN, colegas e vizinhos do jovem relataram que ele costuma falar sobre homicídios, mas não despertava a atenção da comunidade.

Segundo a imprensa local, a operação deflagrada teve ajuda do FBI, polícia federal dos EUA. As autoridades americanas teriam interceptado conversas do jovem na internet em que ele falava sobre sua intenção de cometer o atentado. Em visita oficial à França, o presidente português, Marcelo Rebelo de Sousa, elogiou a a Polícia Judiciária e afirmou que "os portugueses devem se considerar seguros".

Ataques desse tipo são raros em Portugal, o quarto país mais pacífico do mundo, conforme o Global Peace Index, que mede o nível de paz e a ausência de violência em 163 nações.

A frequência de ataques terroristas em instituições de ensino, porém, tem crescido em outros países. Nos EUA, por exemplo, o jornal The Washington Post fez um levantamento em junho do ano passado e contabilizou 14 tiroteios em escolas durante o horário de aula em seis meses.

Depois disso, foram destaque ataques em escolas de Dallas, no Texas, e de Oxford, próximo a Detroit, em Michigan. O primeiro caso ocorreu em outubro, quando um aluno de 18 anos atirou em quatro estudantes após uma briga. No segundo, dois meses depois, um adolescente de 15 anos matou quatro pessoas –ele responderá como adulto na Justiça a acusações de terrorismo.

Na Rússia, um estudante de 18 anos armado com um fuzil abriu fogo em setembro passado contra uma universidade na cidade de Perm, matando ao menos seis pessoas e deixando 24 feridos. Na ocasião, vídeos publicados em redes sociais mostram alunos em pânico pulando das janelas do primeiro andar da instituição para tentar escapar.

Erramos: o texto foi alterado

O ataque no estado do Michigan ocorreu na cidade de Oxford, não de Detroit.

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