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Guerra na Ucrânia: Esporte expôs conflitos e sofre com invasão

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São Paulo

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Se você acredita que política e esporte muitas vezes se misturam, esta newsletter é para você. Se não acredita, leia mesmo assim, por favor. Talvez você mude de ideia.

Há pouco menos de um ano, em julho de 2021, Ucrânia e Rússia estavam na Eurocopa, torneio de futebol em que ambas as seleções caíram na primeira fase.

Os ucranianos ganharam mais destaque pelo uniforme do que pelo desempenho em campo. Usaram a camisa amarela com um mapa do país estampado na barriga.

Em 2021, presidente da Ucrânia, Volodymyr Zelensky, mostra camisa da seleção que irritou russos - Reprodução no Instagram

Um detalhe irritou os russos, como relatou o repórter Igor Gielow, na época. No mapa desenhado estava o território da Crimeia, anexada pela Rússia em 2014 e que ainda é considerada território ucraniano pela ONU.

O uniforme foi exibido com orgulho por Volodimir Zelenski. Na camisa, havia também os dizeres "Glória aos Heróis" e "Glória à Ucrânia", slogans da revolta que derrubou o governo pró-Rússia de Viktor Ianukovitch em Kiev, em 2014.

Corta para março de 2022. Na lista de exigências para encerrar a guerra, Vladimir Putin inclui o reconhecimento por parte da Ucrânia de que a Crimeia é território da Rússia, o que não é aceito por Kiev. O conflito segue enquanto os russos acumulam banimentos, entre muitos setores, no esporte.

Na edição de hoje, convido o colunista do Financial Times Simon Kuper a explicar a relação entre a guerra e o esporte. Ele é autor dos livros "Soccernomics", "Football Agains The Enemy" e "The Happy Traitor", sobre George Blake, um dos mais famosos agentes duplos da Guerra Fria.

Como o esporte pode explicar a relação Rússia e Ucrânia? É um elemento vivo da história dos dois países. A relação da Ucrânia, principalmente no futebol, é diferente de qualquer outro país da União Soviética. O auge do futebol soviético teve ucranianos como protagonistas. Há, entre os russos, uma nostalgia daqueles times, jogos e auge do futebol soviético. Não é muito diferente do sentimento que Vladimir Putin tenta propagar ao invadir a Ucrânia, ao reivindicar territórios e poder.

Como você vê o banimento da Rússia nos esportes? É antes de tudo uma decisão política. No momento em que Estados Unidos e a Europa Ocidental se colocaram como críticos do movimento russo, se opuseram à invasão, ficou mais fácil para Fifa, COI e, consequentemente, as outras entidades banirem os russos.
Em 2017, seria bem mais difícil para a Fifa, por exemplo, com a Copa a ser realizada no ano seguinte na Rússia.
Países com questões humanitárias graves, como Qatar, Arábia Saudita, Emirados Árabes são financiadores do futebol e de outros esportes e tudo bem.
O futebol russo hoje não tem mais tanto poder. Os oligarcas já não investem tanto nos clubes locais. Houve mais repercussão com o inglês Chelsea, que tem Abramovich, oligarca russo, como dono do clube.

Esse caso pode mudar algo em relação a um controle maior sobre a origem do dinheiro dos donos de clubes ingleses? Não acredito que altere nada. Há poucos meses o Newcastle foi vendido para o príncipe saudita Mohammed Bin Salman e tudo bem. Torcedores esfregaram as mãos, houve até faixas e festa. Eles querem que os reforços cheguem. Sou cético quanto a alguma mudança estrutural ou controle .

Há quem diga que não se mistura esporte e política... Isso é a maior bobagem que pode ser dita. Já são misturados desde sempre. Pegamos a seleção brasileira como exemplo. É uma representação política. É ingênuo pensar em onze caras que jogam futebol apenas. É um time que leva a bandeira do Brasil. Os países têm fronteiras que não foram feitas por Deus. Isso é político. Há poder em tudo relacionado ao esporte, desde o princípio. Negar isso é inútil.


Não se perca

Com mais de um mês de conflito, o esporte da Rússia e da Ucrânia foi afetado pela guerra. Lembramos aqui os principais acontecimentos.

  • A Fifa excluiu a Rússia das eliminatórias da Copa, a Uefa baniu a seleção e os clubes do país de competições e tirou a final da Champions de São Petersburgo. O russo Roman Abramovich, dono do Chelsea, teve bens congelados na Inglaterra e colocou o clube à venda.
  • A F1 cancelou o GP da Rússia ao mesmo tempo em que manteve provas em países que violam os direitos humanos.
  • Os atletas russos não puderam disputar os Jogos Paralímpicos de Inverno. O Mundial de natação também proibiu a participação de competidores da Rússia e da Belarus.
  • Na Ucrânia, competições nacionais foram suspensas. Mais de 30 jogadores de futebol brasileiros deixaram o país. Atletas ucranianos se posicionaram contra a invasão e até foram para o front, caso do ex-boxeador e prefeito de Kiev, Vitali Klitschko.

O que aconteceu neste domingo (27)

O que ver e ouvir para se manter informado

Presidente dos EUA, Joe Biden, sobe o tom contra Putin em discurso na Polônia. Na Ucrânia, músicos se apresentam em estação de metrô.

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