Descrição de chapéu Guerra na Ucrânia Rússia

União Europeia precisa provar que está com a Ucrânia, diz Zelenski ao Parlamento Europeu

Presidente discursa a parlamentares do bloco horas após bombardeio russo atingir segunda maior cidade do país

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São Paulo

Um dia depois de assinar um documento pedindo oficialmente a entrada da Ucrânia na União Europeia (UE), o presidente do país, Volodimir Zelenski, fez nesta terça-feira (1º) um apelo aos líderes do bloco.

"Provem que estão conosco. Provem que não vão nos deixar. Provem que são realmente europeus, e então a vida vencerá a morte e a luz vencerá as trevas", disse Zelenski ao Parlamento Europeu, por meio de videoconferência. O intérprete que traduzia o discurso para o inglês se mostrou emocionado em diversas ocasiões, com a fala embargada e fazendo pausas para recuperar o fôlego.

"A União Europeia será muito mais forte conosco, com certeza. Sem vocês, a Ucrânia ficará solitária", acrescentou o político, ciente de que um eventual processo de adesão ao bloco europeu será longo e difícil.


Os parlamentares da UE, muitos com camisetas com a bandeira ucraniana ou lenços e fitas nas cores azul e amarela, aplaudiram o presidente de pé por mais de 40 segundos. A invasão russa chega nesta terça ao sexto dia.

A presidente da Comissão Europeia, Ursula von der Leyen, afirmou em seguida que "esse é um momento de verdade para a Europa" e que a maneira como o bloco responder aos atos da Rússia vai "determinar o futuro do sistema internacional". Ela anunciou o envio de 500 milhões de euros (R$ 2,8 bilhões) para comprar e entregar armas para a Ucrânia, além outros 500 milhões de euros destinados a ajuda humanitária —por exemplo, para auxiliar a recepção de refugiados que chegam a países do bloco.

A fala de Zelenski foi realizada horas depois de um bombardeio russo atingir a segunda maior cidade do país. Segundo o governo ucraniano, os ataques no centro de Kharkiv mataram pelo menos dez pessoas e feriram outras 35.

O presidente ucraniano discursa por vídeo ao Parlamento Europeu; 'Nós estamos com a Ucrânia', dizem os cartazes
O presidente ucraniano discursa por vídeo ao Parlamento Europeu; 'Nós estamos com a Ucrânia', dizem os cartazes - John Thys - 1º.mar.22/AFP

Zelenski classificou de "crime de guerra" e "terrorismo de Estado" a ofensiva russa a Kharkiv num vídeo divulgado em seu canal no aplicativo Telegram.

Na gravação, ele também falou que a prioridade é defender Kiev. Imagens de satélite captadas durante a noite de segunda exibem um comboio de mais de 60 quilômetros de comprimento formado por veículos e artilharia em direção à capital. A parte mais avançada do comboio já estava perto do aeroporto Antonov, a cerca de 25 quilômetros da cidade. ​

No domingo (27), Von der Leyen já havia dito que a Ucrânia pertence à UE e que o bloco quer o país como membro. Em uma entrevista ao canal Euronews, afirmou que há um processo para integrar o mercado ucraniano ao mercado comum do grupo.

Nesta terça, ela outra vez se colocou ao lado da Ucrânia. "Se [o presidente russo Vladimir] Putin estava tentando dividir a UE, enfraquecer a Otan [a aliança militar ocidental] e quebrar a comunidade internacional, ele conseguiu exatamente o oposto."

O líder ucraniano solicitou ao bloco que avalie a entrada da Ucrânia em caráter de urgência e submeta o pedido a um novo procedimento especial. Oito nações das regiões central e oriental da UE pediram​ que a Ucrânia passe a ter status de país candidato —Bulgária, República Tcheca, Estônia, Letônia, Lituânia, Polônia, Eslováquia e Eslovênia​. Mas Kiev está ciente que qualquer processo de adesão será longo e difícil, mesmo que o país consiga, depois da guerra, não cair sob o domínio de Moscou.

Charles Michel, presidente do Conselho Europeu, disse ao Parlamento após o discurso de Zelenski que o bloco teria que analisar seriamente o pedido "legítimo" da Ucrânia, mas acrescentou: "Vai ser difícil, sabemos que há opiniões diferentes na Europa [sobre a expansão do bloco]".

O caminho para a adesão exigirá que a comissão faça uma avaliação positiva quanto à potencial candidatura da Ucrânia, um processo que pode levar até 18 meses. Haveria então um período transitório de duração indefinida durante o qual a Ucrânia precisaria adotar a totalidade da legislação da UE.

Mais tarde, o premiê alemão, Olaf Scholz, afirmou que "o banho de sangue deve acabar na Ucrânia". Segundo ele, a situação é muito dramática e a Ucrânia está lutando pela sobrevivência.

com Reuters

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