Ao menos 152 palestinos ficaram feridos em confronto com a polícia de Israel na mesquita Al-Aqsa, em Jerusalém, nesta sexta-feira (15), em mais um episódio que retoma o temor de um conflito mais amplo.
A maioria dos ferimentos foi causada por balas de borracha, granadas de efeito moral e golpes de cassetete, segundo a ONG Crescente Vermelho Palestino. O episódio ocorre em meio a um contexto de grande tensão, depois de ataques perpetrados por palestinos e cidadãos de origem árabe nas ruas de Israel nas últimas duas semanas e, na sequência, de ações militares israelenses na Cisjordânia, que também deixaram mortos.
Assim, os confrontos em Al-Aqsa, o terceiro lugar mais sagrado para o islamismo, localizada na Esplanada das Mesquitas, um dos locais mais sensíveis no conflito do Oriente Médio, representam o risco de uma conflagração mais ampla, como a guerra de 11 dias entre Israel e Hamas no ano passado.
O complexo de Al-Aqsa fica no topo do planalto da Cidade Velha de Jerusalém Oriental, que foi capturado por Israel na guerra do Oriente Médio de 1967 e é conhecido pelos muçulmanos como Al-Haram al-Sharif, ou seja, O Nobre Santuário, e pelos judeus como Monte do Templo.
Em um comunicado, a polícia de Israel afirmou que centenas de palestinos atiraram fogos de artifício e pedras contra seus agentes e em direção à área de oração judaica próxima ao Muro das Lamentações, na Cidade Velha, após as orações matinais do Ramadã. Assim, diz a nota, as forças de segurança entraram no complexo de Al-Aqsa para "dispersar, repelir [a multidão] e permitir que o restante dos fiéis deixasse o local com segurança", acrescentando que três policiais ficaram feridos nos confrontos.
A polícia deteve centenas de palestinos, escreveu no Twitter o porta-voz do premiê Naftali Bennett. "Estamos trabalhando para restabelecer a calma no Monte do Templo e em Israel e nos preparando para qualquer cenário. As forças de segurança estão prontas para qualquer tarefa", disse Bennett.
A chancelaria da Autoridade Nacional Palestina, em referência à violência desta sexta, afirmou que Israel é "total e diretamente responsável por esse crime e suas consequências". "Uma intervenção imediata da comunidade internacional é necessária para deter a agressão de Israel contra Al-Aqsa e evitar que as coisas saiam do controle", disse Nabil Abu Rudeineh, porta-voz do presidente Mahmoud Abbas.
O Hamas, grupo radical islâmico que controla a faixa de Gaza, afirmou que Israel tem responsabilidade pelas consequências do caso, e a Jordânia condenou a ação como uma "violação flagrante".
A dinastia hachemita da Jordânia é a guardiã dos locais sagrados muçulmanos e cristãos em Jerusalém Oriental. Israel, que reconheceu o papel hachemita como guardião de Al-Aqsa no contexto do tratado de paz de 1994 entre os dois países, mantém o controle geral da segurança no local.
As tensões foram alimentadas em parte porque, neste ano, o Ramadã, período mais sagrado para os muçulmanos, coincidiu com a celebração da Páscoa judaica. Em 2021, houve confrontos noturnos entre palestinos e policiais israelenses durante o mês de jejum dos islâmicos, e as ameaças de retirada de palestinos de Jerusalém Oriental e as ações policiais em Al-Aqsa ajudaram a desencadear a guerra de 11 dias que matou mais de 250 pessoas em Gaza e 13 em Israel.
Desde março, as forças de segurança de Israel mataram 29 palestinos em ações na Cisjordânia, após 14 israelenses serem mortos em uma série de ataques no país. Israel reivindica toda a área de Jerusalém como sua "capital indivisível", enquanto os palestinos buscam fazer com que Jerusalém Oriental, incluindo aí os locais sagrados para muçulmanos, cristão e judeus, torne-se a capital de um futuro Estado.
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