Descrição de chapéu terrorismo oriente médio

EUA condenam membro da célula 'Beatles' do EI por assassinato de 4 americanos

Shafee Elsheikh cresceu no Reino Unido; ele teria participado da morte de jornalistas e trabalhadores humanitários na Síria

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Washington | Reuters

Um júri federal dos EUA condenou nesta quinta (14) um homem britânico acusado de pertencer ao grupo terrorista Estado Islâmico (EI) pelo sequestro, tortura e morte de quatro cidadãos americanos na Síria em 2012 e 2013. Shafee Elsheikh, 33, fazia parte da célula apelidada de Beatles, devido ao sotaque britânico.

O julgamento ocorreu em Alexandria, no estado americano da Virgínia, e as acusações contra Elsheikh poderiam acarretar em pena de morte. Promotores do caso, porém, já anunciaram a autoridades do Reino Unido que não devem pleitear essa sentença.

Shafee Elsheikh logo após ser capturado na Síria - Divulgação governo da Síria - 10.fev.18/AFP

Elsheikh foi um dos quatro militantes que pertenciam à célula Beatles, que atraiu atenção internacional após divulgar vídeos do momento dos assassinatos dos jornalistas americanos James Foley e Steven Sotloff e dos trabalhadores humanitários Kayla Mueller e Peter Kassig.

Ele permaneceu em silêncio durante a maior parte do julgamento, que durou duas semanas ao todo. Ao longo da apresentação dos argumentos iniciais, os advogados do britânico tentaram apresentar argumentos que colocassem em dúvida sua ligação com os assassinatos.

Eles disseram que Elsheikh reconhecia ter se alistado ao grupo terrorista, mas que não fazia parte do grupo Beatles. Os ex-reféns chamados para depor também não o identificaram como integrante.

Mais de 35 testemunhas compareceram ao julgamento, incluindo 12 ex-prisioneiros da célula que detalharam espancamentos, abuso sexual, torturas com afogamento e assassinatos praticados pelos membros do grupo. Os promotores argumentaram que Elsheikh era uma figura central na conspiração e que foi responsável por redigir emails pedindo resgates, além das práticas de tortura.

Elsheikh nasceu no Sudão e cresceu em Londres, mas teve a cidadania britânica cassada em 2018 —medida que ele descreveu como ilegal. Além dele, Alexanda Kotey, também membro do grupo, foi transferido para a custódia das Forças Armadas dos EUA em outubro de 2019. Ele se declarou culpado pelos assassinatos dos dois jornalistas e dos trabalhadores humanitários em setembro passado.

Mohammed Emwazi, outro membro que supervisionou as execuções dos americanos, morreu em um ataque de drone em 2015. Já Aine Lesley Davis, o quarto membro do grupo, foi condenado na Turquia por acusações de terrorismo e, em seguida, preso.

Carl Mueller, pai da americana Kayla Mueller, morta pela célula à qual pertencia Shafee Elsheikh, abraça um amigo da filha após o veredito do júri, na Virgínia - Stefani Reynolds - 14.abr.22/AFP

"As evidências demonstram que eles cresceram juntos, radicalizaram-se juntos, lutaram juntos como combatentes de alto escalão do EI, mantiveram reféns, os torturaram e aterrorizaram", disse o promotor Raj Parekh na quarta (13). "O que esses crimes horríveis deixaram para trás é um legado de assassinatos brutais e famílias destroçadas."

O irmão de David Haines, um jornalista britânico que também teria sido assassinado pela célula Beatles, disse à rede britânica BBC que o julgamento marca o fim de um capítulo de oito anos de dor e sofrimento para sua família. "É um marco do triunfo da sociedade contra males como o terrorismo e nos ajuda a diferenciar ideologias de ódio e divisórias que alimentam esses indivíduos."

Com AFP e The New York Times

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