Descrição de chapéu América Latina

Confrontos em presídio no Equador deixam ao menos 20 mortos

Crise carcerária no país já provocou a morte de pelo menos 316 pessoas em brigas de gangues em 2021

  • Salvar artigos

    Recurso exclusivo para assinantes

    assine ou faça login

Quito | Reuters e AFP

Ao menos 20 pessoas foram assassinadas em um confronto num presídio no Equador neste domingo (4), em mais um episódio da crise carcerária do país onde 316 detentos foram mortos só no ano passado.

O conflito ocorreu no presídio de El Turi, em Cuenca, a 470 km de Quito. Os confrontos começaram por volta de 1h30 (3h30 em Brasília) no setor de segurança máxima, com rivais disputando o controle dos pavilhões, segundo o governo. Às 12h ainda era possível ver prisioneiros e policiais nos telhados da prisão.

Forças de segurança lançam bombas de gás lacrimogêneo em presídio em Cuenca, no Equador
Forças de segurança lançam bombas de gás lacrimogêneo em presídio em Cuenca, no Equador - Fernando Machado/AFP

O ministro do Interior, Patricio Carrillo, afirmou que cinco corpos foram mutilados no confronto, seis pessoas foram encontradas enforcadas e uma vítima tinha aparentes sinais de envenenamento. Além dos mortos, ao menos cinco pessoas ficaram gravemente feridas.

Cerca de mil membros das forças de segurança foram mobilizados para retomar o controle da prisão, e os detentos agora serão distribuídos em diferentes blocos para tentar evitar vinganças e novas disputas entre membros de gangues. "As brigas acabaram, mas há detentos armados lá dentro", disse Carrillo. Segundo ele, os agentes entraram nos blocos para confiscar armas e limpar a prisão.

Ele negou que a briga tenha ocorrido devido a superlotação. Nas 65 prisões do país, com capacidade para cerca de 30 mil pessoas, há cerca de 39 mil presos (30% de superpopulação), dentre os quais 15 mil ainda não foram julgados. Em El Turi, com capacidade para 2.500 presos, há hoje 1.600. O confronto ocorreu, segundo o ministro, porque "há uma organização que quer ter poder absoluto, e algumas células se rebelaram".

O presidente Guillermo Lasso, conservador que assumiu o comando do país em maio do ano passado, prometeu reduzir a violência nas prisões por meio de um processo de pacificação de gangues, libertação antecipada de prisioneiros e reformas políticas e sociais.

Vizinho do maior produtor de cocaína do mundo, a Colômbia, o Equador se tornou um porto estratégico para escoamento da droga, o que atrai organizações criminosas internacionais, sobretudo colombianas e mexicanas, que se associam a grupos locais em busca de rotas privilegiadas de exportação de drogas para outros países.

Em só um motim em outubro do ano passado, em Guayaquil, 118 presos foram mortos, parte deles decapitados, em execuções cujas imagens se espalharam pelas redes sociais. Não foi só a rebelião mais violenta do Equador, como também uma das mais cruéis do continente, superando até o massacre do Carandiru, em 1992, quando 111 presos foram assassinados em São Paulo.

A crise carcerária também leva a episódios inusitados, como quando um drone lançou explosivos no complexo penitenciário de Guayaquil. Na ocasião, o Snai, órgão responsável pela administração de presídios, escreveu no Twitter: "É grave, estamos em meio a uma guerra entre CARTÉIS INTERNACIONAIS", em letras maiúsculas, dizendo que o ataque mirava chefes de quadrilhas.

  • Salvar artigos

    Recurso exclusivo para assinantes

    assine ou faça login

Tópicos relacionados

Leia tudo sobre o tema e siga:

Comentários

Os comentários não representam a opinião do jornal; a responsabilidade é do autor da mensagem.