Descrição de chapéu Guerra da Ucrânia Rússia

Putin e Zelenski recorrem a alegorias históricas da Segunda Guerra Mundial

Russo diz que missão de suas tropas é derrotar o nazismo de Kiev, enquanto ucraniano compara ações de Moscou às de Hitler

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Guarulhos

Às vésperas da celebração da data em que os Aliados derrotaram a Alemanha de Adolf Hitler na Segunda Guerra Mundial, Vladimir Putin e Volodimir Zelenski usaram a memória histórica neste domingo (8) em discursos públicos para mobilizar apoio.

O presidente da Rússia afirmou que seus soldados, assim como os antepassados da União Soviética, lutam para "livrar a pátria da sujeira nazista", alusão clara às alegações de que é preciso "desnazificar" a Ucrânia, apresentadas por ele desde o início como uma das justificativas para invadir o vizinho e contestadas por especialistas.

Miliares da Rússia ensaiam apresentação do Dia da Vitória, em Moscou - Bai Xueqi - 7.mar.22/Xinhua

Já seu homólogo ucraniano comparou as ações russas às dos nazistas. Em um vídeo recheado de referências históricas, disse que Moscou faz uma "encenação sangrenta, uma repetição fanática do nazismo", e acrescentou que a Rússia parece querer tomar o lugar de um dos maiores males da história da humanidade hoje atribuído ao nazismo.​

Putin falava a territórios aliados de Moscou —como a ditadura da Belarus, os separatistas da Transdnístria, na Moldova, o governo do Cazaquistão e as autoproclamadas repúblicas de Donetsk e Lugansk, no Donbass, leste ucraniano—, em discurso relacionado ao Dia da Vitória, que será celebrado nesta segunda-feira (9).

Zelenski, por sua vez, usando uma camisa com a frase "eu sou ucraniano" em inglês e parado na frente de prédios bombardeados, usava a data do Dia da Memória e da Reconciliação para mobilizar não apenas o povo de seu país, como também de outras nações. Fez referências, entre outros, a Reino Unido, Polônia e França.

O líder do Kremlin disse que, como em 1945, os russos novamente vencerão. E seguiu: "Hoje o nazismo volta a levantar a cabeça; nosso dever é frear os sucessores ideológicos dos que já foram derrotados".

O presidente ucraniano, em fala de mais de 10 minutos, disse que "o mal voltou à Ucrânia". "Décadas após a Segunda Guerra, a escuridão voltou. Com uniforme e slogans diferentes, mas com o mesmo propósito: uma sangrenta reconstrução do nazismo na Ucrânia."

O país de Zelenski foi ocupado pelos nazistas de 1941 a 1944, época em que ainda era parte da União Soviética. Antes da invasão, a capital, Kiev, contava com cerca de 160 mil judeus —20% da população local—, e mais de 100 mil deles fugiram temendo a violência. Inúmeros episódios de violência foram registrados, sendo um dos principais o Babi Yar, quando mais de 33 mil judeus foram assassinados.

O 74º dia de conflito também foi marcado por afirmações de autoridades de Lugansk de que uma escola que servia de abrigo para cerca de 90 pessoas foi destruída após um bombardeio. Ao menos 60 ainda estariam desaparecidos nos escombros, e o governador regional, Serguei Gaidai, afirmou que, provavelmente, todos estão mortos.

Ele disse que socorristas do vilarejo de Bilogorivka tiveram dificuldade para trabalhar durante a madrugada porque os ataques não cessaram —ao contrário, aumentaram quando as luzes dos arredores foram acesas para facilitar as buscas por possíveis sobreviventes.

Horas depois, durante conversa com lideranças do G7, Zelenski afirmou, sem dar detalhes, que todos os desaparecidos estariam mortos.

Gaidai também disse que tropas ucranianas deixaram Popasna, palco de intensos bombardeios ao longo das últimas semanas. O local estaria "completamente destruído". Mais cedo, o ditador da Tchetchênia, Ramzan Kadirov, aliado de Moscou, disse que suas tropas haviam assumido o controle da maior parte da cidade.

Do lado russo, o Ministério da Defesa alegou ter destruído com mísseis um navio de guerra da Marinha ucraniana perto de Odessa. A pasta também diz ter derrubado dois caça-bombardeiros ucranianos SU-24 e um helicóptero de ataque Mi-24 na Ilha da Cobra, no mar Negro, informações que não puderam ser confirmadas de forma independente.

Com AFP e Reuters

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