Descrição de chapéu China Brics

Como China usou Brics para se contrapor ao Ocidente

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O líder chinês Xi Jinping (ao centro) com outros integrantes do governo em visita a plantação em Yongfeng Xinhua/Xie Huanchi

Igor Patrick
Rio de Janeiro

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A China sediou nesta semana a 14ª cúpula do Brics, realizada virtualmente pelo terceiro ano consecutivo. Eventos do tipo costumam ser apenas uma demonstração pública de vários termos acordados meses antes por equipes diplomáticas dos países envolvidos, mas a reunião deste ano trouxe uma China mais altiva, preparada para usar o bloco como contraponto às iniciativas de influência global dos Estados Unidos.

Xi deu o tom ao evento logo na quarta (22), falando em uma reunião de negócios paralela ao evento principal.

  • Atacou os EUA e afirmou que "tragédias do passado" ensinaram à humanidade que "hegemonia, política de grupo e confronto de bloco não trazem paz ou segurança, mas guerras e conflitos";

  • Criticou as sanções ocidentais à Rússia após a invasão da Ucrânia, chamando-as de "faca de dois gumes", capaz de "afetar a economia global".

A diplomacia chinesa foi além: sugeriu um acordo de livre comércio entre os cinco membros do bloco.

O vice-presidente do comércio chinês, Wang Shouwen, defendeu a ideia dizendo que esse seria "um meio muito importante para explorar o potencial comercial que a China está disposta a discutir com outros países do Brics".

Um tratado do tipo certamente levaria anos para ser concluído, visto o impacto da competição chinesa nas economias dos demais membros. O anúncio tem um objetivo: tentar atrair a Índia, vizinho e país-membro do Quadro Econômico Indo-Pacífico (IPEF), iniciativa comercial liderada pelos americanos para limitar a influência chinesa na economia regional.

Isolada dos principais fóruns de governança internacionais após invadir a Ucrânia, a Rússia endossou os apelos chineses. Chefe do Banco Central russo, Serguei Storchak foi além, sugerindo a criação de um sistema financeiro independente do Brics respaldado não em dólar, mas em yuan, a moeda chinesa. Se prosperar, a ideia ajudaria Moscou a driblar o bloqueio ao sistema bancário Swift, além de ajudar na internacionalização do câmbio chinês.

Por que importa: a China já discute abertamente a possibilidade de ampliar o número de membros do bloco, proposta vista com reserva pelo Brasil, e agora dá indícios de que quer transformar o clube em uma das suas principais iniciativas de contraponto ao Ocidente.

  • Embora isso signifique mais investimentos chineses no curto e no médio prazo, no longo, pode significar um desafio diplomático ao Brasil e à Índia, historicamente alinhados a Washington;

  • Se o Brics se tornar um fórum de contestação à hegemonia ocidental, americanos e europeus certamente reagiriam de forma a minar a influência do bloco.


o que também importa

Cientistas anunciaram ter captado frequências de possíveis civilizações alienígenas. O sinal foi registrado pelo radiotelescópio esférico de abertura de 500 metros apelidado em inglês de Fast, ou "rápido", e teria se originado na estrela anã vermelha Kepler-438, a 437 anos-luz da Terra.

O Fast foi inaugurado em 2016 e é capaz de identificar sinais de rádio de banda estreita, utilizado para comunicações eletromagnéticas humanas e consideradas um indício de fontes tecnológicas no espaço, já que não podem ser produzidas naturalmente.

Segundo os cientistas, as ondas foram captadas entre novembro de 2020 e setembro de 2021. Em razão da frequência e da estabilidade, os astrônomos descartaram a possibilidade de satélites ou sondas espaciais humanas terem gerado o sinal, já que a área de observação do feixe estava vazia na época.

Os responsáveis pelo Fast vão agora direcionar as antenas de monitoramento do telescópio para a região de origem do sinal. Eles esperam conseguir captar novas ondas "nos próximos anos".

Símbolo da gastronomia em Hong Kong, o restaurante flutuante Jumbo afundou no mar da China meridional depois de ser removido da baía da cidade no início da semana.

De acordo com a Aberdeen Restaurant Enterprises, dona da embarcação, o navio encontrou "condições adversas" ao passar pelas ilhas Xisha, inclinou e afundou em seguida.

O Jumbo permaneceu atracado em Hong Kong por décadas. Na lista de clientes estão o astro americano Tom Cruise e até a rainha britânica Elizabeth 2ª.

O acidente aconteceu uma semana após o restaurante ter sido vendido. O plano era instalá-lo em outro país.


fique de olho

A Administração do Ciberespaço da China, órgão regulador da internet no país, publicou nesta semana um rascunho sobre uma lei que promete mudar consideravelmente como plataformas de redes sociais operam no país.

O projeto prevê que comentários nas plataformas precisarão ser moderados antes de publicados. O texto é um acréscimo a um conjunto de regras de 2017, quando o país exigiu que apenas usuários verificados (com documento de identidade checada) pudessem comentar em redes sociais locais.

Por que importa: a medida certamente foi desenhada para limitar comentários críticos ao governo. Incapazes de analisar cada nova publicação, as redes chinesas seriam obrigadas a criar algoritmos capazes de bloquear posts com termos controversos. Assim, a censura no país será muito mais efetiva.


para ir a fundo

  • A Observa China realiza neste sábado (25), às 10h, uma discussão sobre a lei de segurança nacional em Hong Kong e como ela interferiu no trabalho da imprensa local. Informações aqui. (gratuito, em português)
  • O Centro Empresarial Brasil-China, em parceria com os gigantes chineses Meituan e JD e da brasileira iFood, realiza, no dia 29, às 9h, um webinar sobre inteligência artificial e big data na economia digital. Inscrições neste link. (gratuito, em português, inglês e chinês)
  • Fechando a agenda de eventos, também no dia 29, às 11h, o Brics Policy Center da PUC Rio recebe a professora Karin Vázquez para discutir as novidades nas políticas de cooperação e investimento chinesas. Inscrições aqui. (gratuito, em português)
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