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Protestos no Equador têm confronto no Parlamento, e deputados já discutem remoção de Lasso

Manifestações de grupos indígenas nas ruas há 12 dias questionam preço de combustível

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Quito | AFP e Reuters

Milhares de manifestantes entraram em confronto nesta sexta-feira (24) com policiais e militares em frente ao Congresso do Equador, em Quito, no décimo segundo dia de protestos liderados por grupos indígenas contra o governo do país. Os manifestantes atacaram o Parlamento com pedras e fogos de artifício e foram respondidos com bombas de gás lacrimogêneo pelas forças de segurança no local.

Os protestos, que começaram em 13 de junho, já provocaram ao menos seis mortes de civis. Houve confrontos violentos durante a noite de quinta-feira (23), além de incidentes na tarde desta sexta-feira.

Manifestantes entram em confronto com a polícia em Quito, no Equador - Rodrigo Buendia/AFP

A pressão tem crescido sobre o presidente conservador, Guillermo Lasso, após quase duas semanas de protestos contra o preço dos combustíveis e dos alimentos, e um grupo de parlamentares da oposição já se movimenta para tentar remover o mandatário do poder. Os deputados fazem parte do movimento de oposição Unes, leal ao ex-presidente de esquerda Rafael Correa.

Os protestos pioraram o relacionamento já hostil de Lasso com a Assembleia Nacional, que bloqueou as principais propostas econômicas do presidente. A Constituição permite que os legisladores removam presidentes e convoquem eleições durante uma crise política ou agitação em massa.

"O país não aguenta mais", disse Fausto Jarrin, da Unes, que pediu formalmente ao Parlamento para convocar um debate sobre o processo de remoção. "O diálogo está sendo rompido por todos os lados, com violência." Segundo ele, o pleito tem apoio de parlamentares de outros partidos. A remoção exigiria o apoio de 92 dos 137 legisladores, mas Lasso também pode dissolver a legislatura e convocar eleições.

O governo criticou a ação da Unes, insistindo que fez concessões significativas e está disposto a discutir as pautas dos manifestantes. Parlamentares de três outros partidos, incluindo o do presidente, rejeitaram a ideia de derrubá-lo e disseram que apoiam o diálogo entre o governo e os grupos indígenas.

Apesar de algumas concessões, há poucos sinais de aproximação entre autoridades e manifestantes. Líderes indígenas exigiram a retirada das forças de segurança e o fim das medidas de emergência implementadas em seis províncias para só então discutir uma lista de dez demandas dos protestos, que incluem preços mais baixos de combustível e interrupção de atividades petrolíferas e de mineração.

Lasso, por sua vez, anunciou subsídios para fertilizantes agrícolas, perdão de dívidas bancárias e aumentos orçamentários para saúde e educação. A Conaie, grupo indígena que lidera as manifestações, reuniu-se nesta sexta para avaliar a resposta do governo às demandas.

Em vídeo transmitido nas redes sociais nesta sexta, Lasso tentou desacreditar Leonidas Iza, líder da Conaie, afirmou que está comprometido com as preocupações indígenas e incentivou os manifestantes a voltarem para casa. "A real intenção do senhor Iza é a derrubada do governo. A Polícia Nacional e as Forças Armadas agirão com as medidas necessárias nos termos da lei, com uso progressivo da força."

A jornalistas o ministro do Interior, Patricio Carrillo, justificou os episódios de violência registrados por forças de segurança dizendo que o governo não está enfrentando manifestantes, mas criminosos com armas de fogo que se infiltraram nas marchas. Dezessete militares ficaram feridos e três veículos foram queimados quando um comboio militar que tentava ajudar caminhoneiros que transportavam alimentos e remédios para a capital Quito foi atacado, disseram autoridades. Moradores de Quito dizem que os estoques de gás de cozinha estão acabando, assim como os produtos nos supermercados.

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