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Lamu: Assassino da blogueira chinesa, morta incendiada com gasolina ao vivo pelo ex-marido, é executado

Caso provocou revolta e debates sobre a violência contra as mulheres no país asiático

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BBC News Brasil

Um chinês foi executado por assassinar a ex-mulher depois de encharcá-la com gasolina e incendiá-la enquanto transmitia o crime ao vivo. A vítima, conhecida como Lamu, era uma personalidade da rede social Douyin, a versão chinesa do TikTok.

Centenas de milhares de fãs a seguiam para assistir a vídeos nos quais ela compartilhava detalhes da vida nas montanhas da província de Sichuan, no sudoeste da China.

O caso trágico evidenciou a violência contra as mulheres no país. Uma pesquisa aponta que uma em cada quatro mulheres no gigante asiático já sofreu abuso doméstico.

A influenciadora Lamu em vídeo publicado na rede social Douyin, a versão chinesa do TikTok
A influenciadora Lamu em vídeo publicado na rede social Douyin, a versão chinesa do TikTok - Reprodução/Douyin

Lamu, que deixou seus dois filhos órfãos, teria procurado a polícia para denunciar a violência que sofreu do marido assim que se casaram, mas foi informada que aquele era um assunto de família.

A personalidade da rede social tinha quase 800 mil seguidores, que acompanhavam as publicações otimistas sobre o estilo simples da vida rural. Os vídeos mostravam Lamu buscando comida nas montanhas, cozinhando e fazendo esquetes de músicas de humor, vestida com roupas tradicionais tibetanas. As publicações acumulavam mais de 6,3 milhões de curtidas.

Quando seu ex-marido, Tang Lu, foi condenado a morte, o tribunal da província de Aba, uma área rural remota no sudoeste da província de Sichuan, onde vive um grande número de tibetanos étnicos, concluiu que o crime foi "extremamente cruel" e que o impacto social foi "extremamente ruim".

Em junho de 2020, Lamu se divorciou de Tang, a quem o tribunal considerou ter um histórico de violência contra ela. Cerca de três meses depois, ele a encharcou com gasolina e ateou fogo. A blogueira sofreu queimaduras em 90% do corpo e morreu duas semanas depois.

O caso gerou revolta em todo o país e provocou debates sobre a violência contra as mulheres. Milhares de seguidores publicaram mensagens no perfil de Lamu no Douyin, enquanto milhões de usuários na plataforma de microblog Weibo pediram justiça usando hashtags que acabaram sendo censuradas.

A China criminalizou a violência doméstica em 2016, mas o crime segue comum, principalmente em áreas rurais. Ativistas temem que um período obrigatório de "esfriamento" de 30 dias, recentemente introduzido para casais que buscam o divórcio, torne mais difícil às mulheres escapar de relacionamentos abusivos.


Este texto foi originalmente publicado aqui.

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