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O professor Li Yang fez fama e fortuna na China de uma forma incomum. Ciente da rápida expansão econômica do país, resolveu criar um curso de inglês que misturava repetição de frases no idioma com palestras motivacionais em que os participantes se reúnem em auditórios para gritar palavras de ordem.
O chamado método "Crazy English" (inglês maluco) virou livro, série de DVDs e tema de reportagens no mundo todo. Já famoso, foi acusado pela ex-mulher de cometer abusos e fazer ameaças. Ele assumiu o erro, disse que tinha uma "personalidade problemática" e que não repetiria as agressões. Dez anos depois, descumpriu a promessa.
Em uma postagem no Weibo (espécie de Twitter chinês) vista por mais de 45 milhões de usuários, a ex-esposa de Li disse que ele voltou a ter explosões de raiva, dessa vez com as filhas do casal. A mulher contou que uma das meninas foi espancada pelo pai.
Posteriormente, alunos da Crazy English —que ela descreve como "membros de um culto"— teriam ameaçado as garotas caso contassem para mãe sobre o ocorrido.
O post é acompanhado de um vídeo em que Li é flagrado gritando com uma menina enquanto ela responde "por que você está me batendo? Por que você quer me matar?".
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A ex-mulher denuncia ainda que, quando era questionado sobre os episódios de violência doméstica, Li respondia que estrangeiros "não entendem" porque aquilo era "parte da cultura chinesa".
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Em nota, Li disse que a descrição da ex-esposa sobre o episódio era desproporcional e que a briga foi motivada por "divergência de opiniões com as filhas". Ele ameaçou "impetrar ações legais agressivas" contra quem propagasse "rumores maldosos" sobre ele.
Por que importa: pela terceira semana seguida, as manchetes chinesas são dominadas por um caso de um homem abusivo e de uma mulher que decide vir a público denunciar maus tratos. A onda de conscientização feminista, duramente reprimida pelo governo chinês em 2015, agora ganha tração nas redes sociais e incita mais denúncias. Com o debate público fortemente moderado pelo Estado, sinólogos e observadores estão curiosos: a discussão acontece autorizada pelo governo ou apesar dele?
o que também importa
Um vídeo que mostra funcionários do metrô em Xi'an removendo uma passageira de um vagão despertou uma onda de revolta na internet. Os seguranças acusaram a passageira de brigar e incomodar outros passageiros.
Na imagem, aparecem oito homens arrastando ela pelo chão, expondo suas roupas íntimas e partes do corpo. O incidente gerou uma trending topic no Weibo, atraindo 190 milhões de visualizações.
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O Departamento de Segurança Pública de Xi'an disse em nota que repreendeu os funcionários, embora tenha feito a ressalva de que eles não cometeram nenhum crime.
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Internautas reagiram com raiva, demandando um pedido oficial de desculpas e uma punição severa à empresa que administra o sistema de metrô. Uma sindicância foi aberta para apurar o ocorrido.
A China proibiu quem tem menos de 18 anos de jogar games online de segunda a quinta-feira. O acesso a esses jogos às sextas, aos sábados e aos domingos é restrito a uma hora por dia.
A regra foi anunciada nesta semana pelo Departamento de Imprensa Nacional da China, contando com o apoio dos pais e grande descontentamento por parte das empresas do setor.
A mídia estatal divulgou com destaque as novas regras. Uma reportagem da CCTV alegou que "pesquisas recentes" mostraram que o cérebro de jovens "viciados" em videogames é semelhante ao de um idoso com Alzheimer.
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"Os especialistas nos disseram que isso acontece porque, quando uma pessoa está em estado de recebimento passivo de informações ao jogar, a imaginação, o pensamento e a capacidade de compreender não são treinados", diz a jornalista no vídeo.
Investidores do setor já esperavam medidas restritivas. Desde 2019, menores de idade estavam limitados a um tempo máximo de 90 minutos semanais em jogos online e as empresas eram obrigadas a coletar registros pessoais e biométricos dos usuários.
Navios estrangeiros com a intenção de entrar em "águas territoriais" chinesas terão que relatar dados às autoridades do país sobre a embarcação e a carga que estiverem transportando.
A medida não seria incomum, exceto por um detalhe: por "águas territoriais", Pequim também inclui o disputado mar do Sul da China, alvo de contendas com vários vizinhos como Vietnã, as Filipinas, Brunei, Malásia e Taiwan. Trechos do Mar da China Oriental disputados com o Japão e a Coreia do Sul também serão cobertos pela ordem.
Os EUA reagiram à decisão chinesa. “Reivindicações marítimas ilegais e abrangentes, incluindo no mar do Sul da China, representam uma séria ameaça à liberdade dos mares”, disse o porta-voz do Pentágono, John Supple.
A vice-presidente americana, Kamala Harris, acusou a China de usar "coerção" e "intimidação" para apoiar reivindicações ilegais no mar do Sul da China.
fique de olho
O Politburo, órgão mais importante na hierarquia do PC Chinês, definiu a realização do 6º plenário do Comitê Central para novembro deste ano. Usualmente destinada a definir questões sobre a ideologia do partido, a reunião de 2021 vai ter como tema principal a história.
A decisão é rara e só tinha acontecido em 1981, ano em que o plenário definiu a posição oficial sobre os erros cometidos por Mao Tsé-Tung na Revolução Cultural e adotou a coesão necessária para dar cabo às reformas econômicas promovidas pelo sucessor, Deng Xiaoping.
Por que importa: discutir a história do PC Chinês aqui não faz referência ao passado, mas às perspectivas para o futuro. Observadores da política chinesa especulam que a reunião vai sacramentar o pensamento de Xi Jinping como o coração ideológico da organização, consolidando o líder chinês como o mais poderoso desde o próprio Mao.
para ir a fundo
- Se você acompanha o noticiário sobre a China mais de perto, provavelmente deve ter ouvido muito a expressão “prosperidade comum” ser repetida frequentemente após um discurso de Xi sobre o tema. O China Media Project compilou as origens do termo e como isso pode nos ajudar a entender a aplicabilidade prática no PC Chinês atual. (gratuito, em inglês)
- Por muitos anos, os bancos estatais chineses foram generosos com o Equador, emprestando cerca de US$ 8 bilhões para financiar projetos de infraestrutura no país da América do Sul. O Diálogo Chino explica por que a questão pode se tornar um ponto de contenda não só entre Quito e Pequim, mas também envolver os EUA. (gratuito, em português)
- A rede Observa China recebe neste sábado (4) o professor Pu Xiaoyu. Doutor pela Ohio State University e um dos mais prolíficos cientistas políticos analisando a ascensão chinesa, Pu vai falar sobre os sinais mistos enviados pela diplomacia chinesa e como interpretá-los. As inscrições são gratuitas, mas limitadas. (gratuito, em inglês)
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