Descrição de chapéu África imigrantes

Milhares protestam na Espanha após morte de imigrantes que tentavam chegar ao país

Ao menos 23 pessoas morreram ao tentarem cruzar fronteira do Marrocos com Melilla, exclave espanhol no norte da África

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São Paulo

Milhares de pessoas protestaram em diversas cidades da Espanha nesta sexta-feira (1º) pela investigação independente da morte, na semana passada, de pelo menos 23 imigrantes que tentavam atravessar a fronteira do Marrocos com Melilla, exclave espanhol no norte da África.

As mortes aconteceram em 24 de junho, após tentativa dos imigrantes de escalar uma cerca que separa os territórios. Autoridades marroquinas afirmam que as vítimas foram esmagadas durante o que chamou de debandada, mas os manifestantes culpam a repressão das forças de segurança na fronteira pela tragédia. As vítimas ainda não tiveram as identidades reveladas.

Em Madri, manifestantes encheram a praça Callao, no centro da capital. Em Barcelona, ao menos 1.700 pessoas saíram às ruas, de acordo com a Guarda Urbana. As manifestações tiveram referências ao movimento americano "Black Lives Matter" (vidas negras importam, em português).

Manifestantes protestam em Barcelona após a morte de imigrantes
Manifestantes protestam em Barcelona após a morte de imigrantes - Pau Barrena/AFP

Protestos também foram registrados nas cidades espanholas de Málaga e Córdoba, além do Marrocos. Na capital do país africano, Rabat, dezenas de pessoas com cartazes manchados por tinta vermelha pediram justiça pela morte dos imigrantes.

Vídeos e fotos divulgados nos dias seguintes às mortes provocaram indignação de grupos que atuam com direitos humanos. Em um deles, dezenas de jovens africanos aparecem no chão enquanto agentes marroquinos os vigiam. Um homem uniformizado agride uma das pessoas com cassetete.

O secretário-geral da ONU, António Guterres, disse estar chocado com a violência na fronteira. "O uso de força excessiva é inaceitável, e os direitos humanos e a dignidade das pessoas devem ser priorizados." ​

As autoridades do Marrocos e da Espanha comunicaram que 140 agentes de segurança do lado marroquino e 60 oficiais da Polícia Nacional e da Guarda Civil do lado espanhol ficaram feridos. Procuradores da Espanha anunciaram a abertura de uma investigação do caso.

Acredita-se que a maioria das vítimas seja do Sudão. A violência no país e a falta de alimentos têm feito com que milhares de pessoas se arrisquem na tentativa de cruzar a fronteira com a Europa.

O sudanês Salah Eddine Ahmad Mousa, 24, estava no local da tragédia e precisou se fingir de morto para sobreviver. Ele disse à agência de notícias Reuters que escolheu o Marrocos como trampolim para um refúgio no continente europeu porque poderia cruzar a fronteira sem a ajuda de contrabandistas.

O premiê da Espanha, Pedro Sánchez, também expressou solidariedade às famílias das vítimas e afirmou que seu governo vai prestar "total colaboração" com as investigações. A declaração é bem diferente da anterior, na sexta-feira passada (24), quando elogiou os oficiais de ambos os lados da fronteira por combaterem "um ataque violento e bem organizado".

O governo espanhol tem acusado máfias na fronteira pelas mortes. Na segunda (27), a Justiça do Marrocos decidiu processar 65 pessoas, a maioria do Sudão, por envolvimento na tragédia.

Com Reuters e AFP

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