Descrição de chapéu África

Secretário da ONU critica forças de paz por mortes na República Democrática do Congo

Episódio aumenta pressão de congoleses sobre Nações Unidas; protestos já deixaram 20 mortos

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Kinshasa | Reuters e AFP

O secretário-geral da ONU, António Guterres, se disse indignado com a morte de duas pessoas pelas forças de paz da organização na República Democrática do Congo. O caso ocorreu neste domingo (31), no posto de controle de Kasindi, na fronteira com Uganda.

Segundo as Nações Unidas, militares atiraram contra as vítimas civis "por razões não explicadas". Outras 15 pessoas se feriram —algumas delas gravemente, segundo o governo local.

Manifestantes ateiam fogo em frente à sede da Missão das Nações Unidas para a Estabilização do Congo (Monusco), em Goma
Manifestantes fazem protesto em frente à sede da Missão das Nações Unidas para a Estabilização da República Democrática do Congo (Monusco), em Goma - Glody Murhabazi - 25.jul.22/AFP

Um vídeo compartilhado em redes sociais mostra ao menos oito homens avançando a pé em direção ao carro dos militares da ONU, que estariam voltando de um período de folga. Entre os pedestres, um vestia uniforme da polícia e outro do Exército do país.

Ao redor deles, várias pessoas filmavam a conversa entre os dois grupos. Após alguns segundos, os capacetes azuis –como são chamados os membros das forças de paz das Nações Unidas– parecem abrir fogo. As imagens não permitem detectar de onde vêm os disparos.

A Monusco (sigla em francês de Missão da ONU para a Estabilização na RDC), declarou que os militares responsáveis pelas mortes foram identificados e detidos. Eles serão investigados pelas Nações Unidas e pelo país africano.

Bintou Keita, representante especial da ONU no Congo, acrescentou que os soldados não são congoleses e que a organização entrou em contato com seus países de origem —sem especificar quais são— para outras providências. Ela atribuiu as mortes a um comportamento "inominável e irresponsável"

Por meio de um porta-voz, Guterres disse que está triste e consternado com o incidente. Ele defendeu a prisão dos envolvidos.

O governo da República Democrática do Congo também condenou as ações dos militares da ONU. Seu porta-voz, Patrick Muyaya, disse em comunicado que o grupo será excluído das forças de paz.

As mortes deste domingo aumentam ainda mais a pressão dos congoleses sobre as Nações Unidas. Nos últimos dias, protestos violentos causaram a morte de ao menos 20 pessoas, entre elas três capacetes azuis. Os manifestantes criticam a incapacidade da Monusco de deter a violência e os ataques de centenas de grupos armados no leste do país.

A missão está no país desde 1999. As Nações Unidas têm hoje mais de 14 mil militares no país, mas vem se retirando, gradualmente. O orçamento anual das forças de paz na República Democrática do Congo é de US$ 1 bilhão (R$ 5,17 bi).

O subsecretário-geral da ONU para as operações de paz, Jean-Pierre Lacroix, visitou o país no sábado (30) para discutir a situação com autoridades locais. "Estudaremos fórmulas para que possamos evitar esses incidentes e, sobretudo, trabalhar melhor conjuntamente para alcançarmos nossos objetivos", destacou, ao comentar as mortes ocorridas nos protestos.

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