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Taiwan conduz exercícios militares aéreos em meio a tensão com a China

População foi encaminhada para abrigos antibombas durante simulação de ataque de Pequim à ilha asiática

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Taipé | Reuters e AFP

Taiwan vem intensificando suas medidas contra uma possível invasão chinesa e, nesta segunda-feira (25), conduziu uma simulação de ataque aéreo que esvaziou estradas, fez com que cidadãos se refugiassem em casa e fechou algumas cidades por até 30 minutos.

Alarmes soaram às 13h30 do horário local, madrugada no Brasil, orientando a população a permanecer dentro de casa, e um alerta de ataque com mísseis foi enviado para os celulares pedindo que os cidadãos buscassem um local seguro para abrigo.

Militares conduzem pessoas para abrigos durante exercícios aéreos na ilha de Taiwan - Sam Yeh - 25.jul.22/AFP

Ko Wen-je, prefeito de Taipé, afirmou que preparativos para uma eventual guerra são necessários. Foi a primeira vez que a capital realizou exercícios de retirada e ataque aéreo, e dados oficiais dizem que existem mais de 4.600 locais que podem ser adaptados para abrigar até 12,5 milhões de pessoas.

"Aviões militares chineses ameaçaram Taiwan com frequência nos últimos anos, e há também a eclosão da Guerra da Ucrânia em fevereiro, incidentes que nos lembram que precisamos estar vigilantes em tempos de paz", afirmou Ko após os exercícios.

Na prática autônoma e independente, Taiwan é considerada por Pequim uma província rebelde e tem sido um dos pontos mais sensíveis da administração de Xi Jinping. A China realizou diversas incursões aéreas sobre a ilha neste ano, escalando a tensão regional.

Como mostrou a fala de Ko, a eclosão da guerra na Europa fez crescer o temor de que a China cumpra a promessa de incorporar a ilha. As Forças Armadas de Taiwan chegaram a publicar uma espécie de manual de sobrevivência para esse cenário, com instruções sobre estocagem de alimentos e abrigos antibombas.

Dezenas de caças taiwaneses, muitos dos quais fabricados nos Estados Unidos, participaram dos exercícios iniciados nesta segunda-feira. O Ministério da Defesa da ilha orientou que aviões de combate se abriguem em hangares subterrâneos da base aérea de Chiashan.

​Na capital, reservistas armados com metralhadoras atravessavam trincheiras escavadas abaixo de pontes antes de passarem para posições de ataque. Su Tzu-yun, especialista militar do Instituto de Pesquisa de Segurança de Defesa Nacional de Taiwan, disse à agência de notícias AFP que a estratégia de bunkers subterrâneos faz parte da guerra urbana na Ucrânia e ajuda a dar cobertura para as tropas.

Ao longo da semana, outras porções do país também devem realizar atividades semelhantes. O exercício nacional havia sido cancelado nos últimos dois anos devido à pandemia de coronavírus. Tsai Ing-wen, a presidente da ilha, elencou o aumento da capacidade de defesa nacional como prioridade de sua gestão.

Em uma rede social, pediu que os cidadãos não entrem em pânico ao receber a mensagem de texto com o alerta de simulação de ataque e que sigam os protocolos de retirada.​

Ainda nesta segunda, Pequim confirmou o envio de alertas privados aos Estados Unidos contra uma possível visita da presidente da Câmara dos Deputados americana, a democrata Nancy Pelosi, a Taiwan.

O jornal nipo-britânico Financial Times havia relatado no fim de semana que alertas severos, interpretados por figuras da Casa Branca como uma possível sugestão de resposta militar, foram enviados a Washington. Questionado durante uma entrevista diária em Pequim, o porta-voz da chancelaria da China Zhao Lijian disse que o país "agirá fortemente para responder à visita americana".

"Ninguém deve subestimar a forte determinação, vontade e capacidade do povo chinês de defender nossa soberania e integridade territorial", afirmou. "Qualquer um que ouse desafiar a linha vermelha da China entrará em rota de colisão com o povo chinês."

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