Descrição de chapéu Rússia

Ucrânia pede que civis deixem cidade que se tornou novo alvo da Rússia

Cidade de Sloviansk sofre ataques intensos desde que Moscou assumiu controle de Lugansk

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Sloviansk (Ucrânia) | AFP e Reuters

Em meio ao avanço das tropas russas na província de Donetsk, na região do Donbass, autoridades da cidade de Sloviansk recomendaram nesta quarta-feira (6) que a população deixe o local assim que possível. Antes do início da guerra, o município tinha aproximadamente 100 mil habitantes.

A orientação soa como uma admissão de derrota das forças ucranianas na área, que se tornou alvo de ataques intensos desde que Moscou assumiu o controle de Lugansk, no domingo (3) —o movimento, uma vitória importante do Kremlin, abriu caminho para novos avanços da Rússia no leste da Ucrânia.

"O inimigo está bombardeando de modo caótico, e os ataques pretendem destruir a população local. Não houve nem um dia sequer sem bombardeios nesta semana", afirmou o governador da província de Donetsk, Pavlo Cirilenko. "Meu principal conselho [à população de Sloviansk] é partir."

Pessoas andam em meio a destroços de mercado destruído durante bombardeio em Sloviansk, na Ucrânia
Pessoas andam em meio a destroços de mercado destruído durante bombardeio em Sloviansk, na Ucrânia - Miguel Medina/AFP

Cirilenko também acusou os militares russos de cometerem terrorismo "puro e simples", uma vez que eles estariam mirando locais onde há concentração de civis, o que Moscou nega.

Aproximadamente 23 mil pessoas continuam em Sloviansk, de acordo com o prefeito da cidade, Vadim Liaj. Ele afirma que ao menos 17 pessoas morreram e outras 67 ficaram feridas desde que os russos intensificaram os ataques na região. Embora tenha dado início ao plano para retirada de civis, Liaj diz que a cidade permanece fortificada e que os russos, por ora, não conseguem avançar.

Nas palavras do prefeito, porém, a "situação de Sloviansk é tensa", e a queda da cidade parece questão de tempo. Também nesta quarta, autoridades militares da Ucrânia informaram que os russos já estão se mobilizando para tomar Kramatorsk, ao sul, e tentar assumir o controle da principal rodovia que liga as províncias de Lugansk e Donetsk, que juntas formam o Donbass.

A região foi um dos argumentos usados pelo presidente da Rússia, Vladimir Putin, para invadir o país vizinho. Ele alega que, ali, Kiev praticava genocídio contra cidadãos russos. O território das regiões é disputado por separatistas pró-Moscou desde 2014, quando o Kremlin anexou a península da Crimeia.

Em outras frentes de combate no Donbass, o Ministério da Defesa da Rússia anunciou ter destruído dois lançadores de mísseis Himars (sistema de foguetes de artilharia de alta mobilidade, na sigla em inglês), fabricados nos EUA, além de munição em depósitos no leste da Ucrânia. Segundo Moscou, as armas foram entregues aos ucranianos pelo Ocidente. Os russos afirmam ainda que destruíram dois depósitos de munição que armazenavam foguetes para os lançadores em uma vila ao sul de Kramatorsk.

Em uma guerra marcada por disputa de versões, Kiev, claro, rejeitou as alegações. No Twitter, disse que as informações são falsas e que o Exército ucraniano continua usando o sistema para infligir "golpes devastadores". A Ucrânia recebeu quatro Himars em julho, segundo relatório do Conselho Europeu de Relações Exteriores, e Washington se comprometeu a entregar mais oito ainda neste mês.

O líder ucraniano, Volodimir Zelenski, endossou as alegações em um vídeo. Disse que os combatentes do país estão fazendo "ataques tangíveis" contra alvos logísticos russos, o que, segundo ele, deve afetar o potencial ofensivo de Moscou. "Enfim a artilharia ocidental começou a funcionar poderosamente."

Fora do Donbass, ataques foram registrados também em Kharkiv, a segunda maior cidade da Ucrânia. De acordo com o prefeito, Ihor Terekhov, a região é alvo de bombardeios constantes e de mísseis de longo alcance. "A Rússia está tentando desmoralizar Kharkiv, mas não vai a lugar nenhum", afirmou ele.

Ao sul de Kharkiv, o governador de Dnipropetrovsk disse que a região também foi atingida por mísseis. Ataques também foram registrados no porto de Mkolaiv, segundo o prefeito Oleksandr Senkevitch. A cidade já perdeu cerca de metade de sua população pré-guerra de meio milhão de habitantes.

"Não há área segura em Mikolaiv", disse ele. "Estou dizendo às pessoas que elas precisam ir embora."

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