Descrição de chapéu Guerra da Ucrânia Rússia

Otan assina acordo de adesão e deixa Suécia e Finlândia mais próximas de clube militar

Etapa não garante defesa coletiva aos países nórdicos, que precisam do aval dos Parlamentos de cada membro da aliança

  • Salvar artigos

    Recurso exclusivo para assinantes

    assine ou faça login

Kiev | Reuters e AFP

A Otan, aliança militar ocidental liderada pelos EUA, deu mais um passo para concretizar a adesão de Suécia e Finlândia ao grupo nesta terça-feira (5), ao assinar o protocolo para que as nações nórdicas se juntem assim que todos os Parlamentos dos países-membros ratificarem a decisão.

Na prática, essa etapa significa que Helsinque e Estocolmo poderão participar de reuniões da Otan e ter maior acesso às informações de inteligência, mas ainda não serão amparados pela cláusula de defesa que garante proteção militar conjunta —a principal vantagem de estar no bloco e, na prática, o que ao menos minimiza a possibilidade de ataques de inimigos externos à aliança, em especial a Rússia.

O pedido de Finlândia e Suécia para ingressar no clube militar rompe longos períodos de neutralidade histórica. O gatilho, claro, foi a invasão da Ucrânia comandada por Vladimir Putin há quase cinco meses.

Os chanceleres de Suécia, Ann Linde, e Finlândia, Pekka Haavisto, à esq., ao lado do secretário-geral da Otan, Jens Stoltenberg, durante entrevista coletiva em Bruxelas
Os chanceleres de Suécia, Ann Linde, e Finlândia, Pekka Haavisto, à esq., ao lado do secretário-geral da Otan, Jens Stoltenberg, durante entrevista coletiva em Bruxelas - Otan via Reuters

Jens Stoltenberg, secretário-geral da Otan, descreveu a assinatura como um momento histórico —trata-se da expansão mais significativa da aliança militar ocidental desde a década de 1990. "Com 32 nações ao redor da mesa, seremos mais fortes. A Otan permanece aberta às democracias europeias que estão preparadas e desejam contribuir para nossa segurança coletiva."

O processo final de ratificação pode levar até um ano, e a Turquia, ainda que tenha aceitado apoiar a entrada dos nórdicos após fazer demandas a ambos os países, permanece como um ponto de tensão.

Com a guerra em seu quinto mês, a Rússia anunciou nesta terça o plano de lançar uma ligação ferroviária entre a região de Rostov, ao sul do país, e as províncias de Donetsk e Lugansk, no leste da Ucrânia.

Os russos estabeleceram o controle total da região de Lugansk no domingo (3) e estão lutando agora para expulsar as forças do governo ucraniano de Donetsk —ambas as regiões fazem parte do Donbass, onde separatistas pró-Rússia travam combates desde 2014, quando o Kremlin anexou a península da Crimeia.

Kherson, outra área ocupada, passou a ser governada por Serguei Eliseiev, 51, até então primeiro vice-governador da região russa de Kaliningrado e ex-funcionário do poderoso FSB, o serviço secreto da Rússia que sucedeu a KGB. O ex-deputado ucraniano Alexei Kovalev, que passou para o lado russo, foi nomeado seu vice, responsável por questões ligadas à agricultura. "A Rússia está aqui para sempre", disse ele.

Desde a conquista da região, Moscou iniciou uma política de "russificação", com a introdução do uso do rublo, a emissão de passaportes russos e a abertura de um banco. Além disso, a economia está em grande parte sob controle da administração instalada ali, e os críticos sofrem com a repressão.

Enquanto conquista territórios em partes do país, a Rússia se retira de outros. Na segunda (4), as forças ucranianas hastearam a bandeira do país na ilha da Cobra, um posto estratégico e simbólico no Mar Negro de onde as tropas de Moscou saíram na semana passada após meses de bombardeio pesado.

"A operação militar foi concluída, e a ilha da Cobra, devolvida à Ucrânia", disse Natalia Humeniuk, porta-voz do comando militar do sul da Ucrânia, no Twitter. O Ministério da Defesa da Rússia justificou a retirada como "um gesto de boa vontade". "A fim de organizar um corredor humanitário de grãos como parte da implementação de acordos conjuntos com participação da ONU, a Rússia decidiu deixar suas posições."​

A Ucrânia, claro, refuta a versão e diz que a retomada foi fruto de um renovado ataque com mísseis.

  • Salvar artigos

    Recurso exclusivo para assinantes

    assine ou faça login

Tópicos relacionados

Leia tudo sobre o tema e siga:

Comentários

Os comentários não representam a opinião do jornal; a responsabilidade é do autor da mensagem.