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Anatoli Tkach

Estabilidade econômica global depende da exportação de grãos pela Ucrânia

Kiev cumpriu integralmente suas obrigações e agora espera o mesmo da Rússia

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Anatoli Tkach

Encarregado de Negócios da Ucrânia no Brasil

Pela primeira vez desde fevereiro, um navio carregando milho deixou o porto de Odessa, no sul da Ucrânia. Isso se tornou possível devido aos esforços da Ucrânia, da Turquia e das Nações Unidas, visando a evitar a fome global.

Até 2 de agosto, 17 navios foram carregados com grãos ucranianos nos portos marítimos de Odessa e de Tchornomorsk. Dez deles já estão aguardando partida.

A Ucrânia já está totalmente preparada para retomar o processo e segue comprometida em continuar a ser o garantidor da segurança alimentar global.

Navio Razoni, carregando 26 mil toneladas de milho, deixa o porto de Odessa, na Ucrânia, com destino final no Líbano - Oleksandr Gimanov - 1º.ago.22/AFP

Considerando os ataques anteriores da Rússia, as Forças Armadas da Ucrânia estão fazendo um excelente trabalho na proteção de nossa costa, de nossos portos e dos territórios marítimos ucranianos adjacentes.

Sem exceção, a Ucrânia cumpriu integralmente suas obrigações, e agora esperamos o mesmo da Rússia.

Neste momento, cerca de 20 milhões de toneladas de grãos das safras anteriores estão em estoque para exportação pela Ucrânia. Eles estão em jogo no "jogo da fome" global da Rússia, que usa a ameaça internacional da fome crescente como uma alavanca para impulsionar os interesses próprios e promover sua agenda de política externa neocolonial.

Acreditamos que é inaceitável manter como reféns nações inteiras que precisam de suprimentos externos de alimentos, especialmente pelo membro permanente do Conselho de Segurança da ONU. Assim, apelamos à comunidade internacional para que se engaje e impeça qualquer violação ou provocação por parte da Rússia.

Da última vez, levou menos de 24 horas para a Federação Russa lançar um ataque com mísseis ao porto de Odessa para minar os acordos e quebrar as promessas feitas à ONU e à Turquia no documento assinado em Istambul.

Por sua vez, a Ucrânia sempre foi e está empenhada em continuar a ser um dos principais e 100% confiáveis fornecedores de alimentos para o mundo. De acordo com dados da USDA com base dos resultados das safras de 2021/2022, a Ucrânia é responsável por mais de 10% de todas as exportações mundiais de trigo, 14% de todo o milho, 17% de toda a cevada e 47% de todo o óleo de girassol.

Antes da guerra, a Ucrânia exportava de 5 milhões a 6 milhões de toneladas de produtos agrícolas mensalmente; 90% desse volume foi exportado dos portos marítimos do mar Negro e do mar de Azov. Os embarques foram suspensos por causa do bloqueio marítimo da Rússia com sua frota e minas, ataques contínuos de mísseis e ameaças de desembarques.

Por causa da guerra, da ocupação de parte de nossos territórios e de bombardeios, as previsões ucranianas de exportações agrícolas em 2022 serão muito mais modestas em relação ao ano anterior. Ainda assim, espera-se que até 70 milhões de toneladas sejam colhidas nos próximos meses. Precisamos urgentemente liberar espaço para eles em nossos silos para poder contribuir ainda mais para aliviar a crise alimentar mundial.

A retomada da exportação de grãos da Ucrânia é necessária para garantir a estabilidade econômica mundial, superar os fortes aumentos de preços e mitigar o efeito da crise alimentar para as pessoas mais vulneráveis, em primeiro lugar na África e na Ásia.

O mundo inteiro deu um suspiro de alívio quando o transportador de grãos Razoni, carregado com milho, partiu do porto ucraniano de Odessa, chegou à entrada do mar Negro a partir do estreito de Bósforo e ancorou no destino especificado no dia 2 de agosto.

Após a fiscalização, o navio deve entregar uma carga de 26 mil toneladas de milho ao porto de Trípoli, no Líbano. Hoje, milhões de pessoas em todo o mundo assistiram ao progresso desse navio. Essa é a nossa contribuição para a segurança alimentar global, que fazemos apesar da agressão russa. Aliados ajudam a Ucrânia a combater o inimigo; a Ucrânia ajuda o mundo a combater a fome.

Por sua vez, os produtos agrícolas da Rússia e suas exportações não são afetados pelas sanções da União Europeia e dos EUA. Os Estados-membros da UE concedem acesso aos portos a navios russos. Não há proibição de entrada na UE para transportadores rodoviários russos, quando importam ou transportam produtos agrícolas, incluindo fertilizantes e trigo. Os EUA também evitaram cuidadosamente afeitar o comércio agrícola da Rússia com sanções impostas por invadir a Ucrânia.

Assim, não há impedimentos para a Rússia contribuir com sua participação no mercado agrícola internacional e nenhuma boa razão para exigir o levantamento das sanções em benefício da segurança alimentar global.

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