Descrição de chapéu União Europeia

EUA e Irã retomam conversa sobre acordo nuclear em Viena sob baixa expectativa

Exigências de Teerã são refutadas por Washington, e União Europeia assume mediação das negociações

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Viena | AFP

Negociadores internacionais iniciam nesta quinta-feira (4), em Viena, nova rodada de conversas com o objetivo de retomar o acordo nuclear com o Irã. Divergências entre Teerã e Washington, no entanto, imergem a retomada das conversas em poucas expectativas.

Delegações de China, EUA, Rússia, França, Reino Unido e Alemanha participam do encontro, com mediação da União Europeia (UE), na primeira conversa conjunta desde março. Os países participaram do acordo em 2015, que deixou de ser cumprido por Teerã depois do rompimento por parte dos americanos na gestão de Donald Trump.

Ali Bagheri Kani (esq.), principal negociador do Irã para questões nucleares, deixa o Palácio Coburgo, em Viena, na Áustria, onde ocorrem as conversas - Lisa Leutner - 4.ago.22/Reuters

Ali Bagheri Kani, principal negociador do Irã, cobrou de Washington "maturidade e responsabilidade" e disse que o sucesso das tratativas está nas mãos dos americanos. "O ônus recai sobre aqueles que violaram o acordo", escreveu ele no Twitter.

Em 2018, o então presidente Trump retirou os EUA do acordo, que teria validade até 2031 e diminuiria o número de centrífugas iranianas de enriquecimento de urânio. Joe Biden tem tentado retomar as conversas e se comprometido a conter a escalada nuclear no Oriente Médio, mas são muitos os entraves.

O enviado especial dos EUA para o Irã, Robert Malley, demonstrou ceticismo. Em um tuíte, disse que as expectativas americanas "estão em xeque", mas parabenizou os esforços da UE, que apresentou o projeto sobre a retomada do acordo que estará em discussão em Viena.

Alguns dos principais empecilhos estão em exigências feitas por Teerã que, até aqui, foram rechaçadas por Washington. Entre elas está o fim das sanções contra a Guarda Revolucionária, a força de segurança de elite do país. Os EUA designam a guarda uma organização terrorista internacional e deram sinais de que não pretendem reverter a decisão.

Questionado por jornalistas, o porta-voz do Conselho Nacional de Segurança dos EUA, John Kirby, afirmou nesta semana que o Estado iraniano tem apoiado redes terroristas em toda a região. "Perguntado se estaria disposto a reverter a decisão sobre a Guarda Revolucionária em função das negociações, o presidente [Biden] disse que não."

Teerã também exige garantias de que um possível futuro sucessor de Biden não possa abandonar o acordo. O embaixador iraniano na ONU, Majid Takht Ravanchi, culpou os EUA pelo fracasso da iniciativa.

"O objetivo foi adiado porque os EUA não decidiram garantir que o Irã desfrutará dos benefícios econômicos prometidos no acordo", disse, em referência à suspensão da maior parte das sanções contra Teerã, que foi acordada no documento de 2015. "Quando tomarem a decisão certa, o Irã retomará a implementação completa das medidas."

O Irã se recusa a manter conversas diretas com os EUA. Assim, caberá ao espanhol Enrique Mora, membro da diplomacia da UE, mediar as conversas entre Robert Malley e Ali Bagheri Kani.

Após o fracasso do acordo de 2015, o país voltou a enriquecer urânio acima do permitido. No último mês, um assessor do líder supremo do país, Ali Khamenei , disse que o Irã é tecnicamente capaz de fabricar uma bomba nuclear, mas ainda não decidiu se vai construir uma.

"Conseguimos enriquecer urânio em até 60% e podemos facilmente produzir urânio enriquecido em 90%", afirmou na ocasião.

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