Descrição de chapéu China

Senadora dos EUA defende independência de Taiwan em novo desafio à China

Declaração adiciona tensão à crise entre Washington e Pequim, que considera a província parte inalienável de seu território

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São Paulo

Liderando a quarta delegação dos EUA a visitar Taiwan neste mês, a senadora republicana Marsha Blackburn se encontrou nesta sexta (26) com a presidente Tsai Ing-wen, a quem ofereceu apoio para que a ilha se torne uma nação independente. A promessa simboliza um desafio direto à China, que considera a província rebelde e parte inalienável de seu território.

A parlamentar, crítica de longa data de Pequim, integra os comitês de Comércio e Serviços Armados do Senado e afirmou que Washington e Taipé compartilham valores democráticos. "É realmente importante que as nações amantes da liberdade apoiem Taiwan enquanto buscam preservar sua independência e sua liberdade", disse.

A declaração, em certa medida, confronta o posicionamento oficial da Casa Branca em relação à ilha. Embora sejam um forte defensor de Taiwan, os EUA não reconhecem —como a maioria dos países— a província como Estado independente, ainda que se oponham a qualquer tentativa chinesa de tomada do território à força.

A senadora dos EUA Marsha Blackburn em encontro com a presidente de Taiwan, Tsai Ing-wen - Gabinete Presidencial de Taiwan - 26.ago.22/Via Reuters

Tanto a viagem quanto a fala da senadora ajudam a adicionar tensão à crise aberta após a visita da presidente da Câmara dos EUA, Nancy Pelosi, no início de agosto. O regime de Xi Jinping vê a ida de autoridades americanas a Taipé como violação de sua soberania e costuma responder ao que considera provocação com manobras militares.

Antes de sua viagem, Blackburn disse em comunicado que Taiwan é o parceiro mais forte dos EUA na região do Indo-Pacífico, destacando que visitas regulares de autoridades americanas são uma política de longa data. "Não serei intimidada pela China comunista a dar as costas à ilha."

Nesta sexta, após se encontrar com Tsai, a republicana disse que a ilha estava interessada em negociações militares com Washington. "Eles definitivamente estão procurando mais. E quando se trata de vendas de FMS [vendas militares estrangeiras], sentem que isso está se movendo muito devagar. O ritmo precisa acelerar", afirmou.

Desde 2017, presidentes americanos aprovaram mais de US$ 18 bilhões (R$ 92,1 bilhões) em vendas de armas para Taiwan, sendo que a maior parte desse valor foi destinada na segunda metade do governo de Donald Trump. As novas aprovações diminuíram na gestão de Joe Biden, em meio a atrasos de entrega, gargalos na cadeia de suprimentos e relatos de desacordo entre Washington e Taipé sobre quais itens de defesa a ilha precisa.

Blackburn, que deve ficar em Taiwan até este sábado (27), foi uma das senadoras a manifestar apoio à viagem de Pelosi no início de agosto.

Durante o encontro com a americana, a presidente de Taiwan afirmou que visitas recentes de americanos são atos calorosos de bondade e firme demonstrações de apoio à determinação da província em se defender. Na terça (23), ela fez declaração semelhante, ao dizer que Taiwan está determinada a se proteger de inimigos, destacando que potenciais invasores —indireta pouco velada à China— pagarão um "preço alto" caso incorram em ofensivas contra o território.

Biden tem buscado evitar que as tensões entre Washington e Pequim se transformem em conflito, reiterando que as viagens são rotineiras. Segundo a Casa Branca, a China usa a ida de Pelosi como pretexto para intimidar e minar a resistência de Taiwan e alerta para um possível erro de cálculo envolvendo a pressão militar.

Pequim, por sua vez, acusa os EUA de jogarem lama sobre a China e adotarem o que chama de "retórica vazia e lógica hegemônica" em relação à província.

Nesta quinta, o porta-voz da embaixada da China em Washington, Liu Pengyu, prometeu que Pequim tomaria "contramedidas resolutas" não especificadas em resposta ao que chamou de "provocação" dos EUA. "A visita mais uma vez prova que os EUA não querem ver estabilidade no estreito de Taiwan."

Desde que Pelosi pousou na província, no início do mês, a China respondeu com mobilizações militares recordes —que incluíram o disparo de 16 mísseis balísticos em direção a Taiwan—, além da suspensão de comunicações diplomáticas com os EUA.

Com Reuters

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