Os Estados Unidos alertaram para um possível erro de cálculo envolvendo a pressão militar da China contra Taiwan, que cresceu exponencialmente após a visita de Nancy Pelosi à província que Pequim considera parte de seu território.
Nesta quarta-feira (17), o diplomata Daniel Kritenbrink, responsável por assuntos ligados à Ásia no Departamento de Estado americano, afirmou que a crescente ofensiva chinesa ameaça a paz e a estabilidade da região, acrescentando que a campanha intensificada provavelmente vai continuar nas próximas semanas e meses.
Desde que Pelosi desembarcou em Taiwan no início de agosto, a China vem realizando mobilizações militares nas imediações da ilha em retaliação ao que considerou uma afronta. A série de manobras com munição real incluiu exercícios com mísseis balísticos, além de simulações de bloqueio naval e invasão.
Nesta quinta (18), o Ministério da Defesa de Taiwan disse que 51 aviões e seis navios chineses foram detectados em operações em torno da ilha. Segundo Taipé, 25 aeronaves cruzaram a chamada Linha Mediana do estreito —uma barreira não oficial— ou voaram dentro da zona de defesa aérea da província.
Washington afirma que a China usa a viagem de Pelosi como pretexto para intimidar e minar a resistência de Taiwan, e diz ter deixado claro que sua abordagem em relação a Taiwan não mudou, incluindo os compromissos com a política de "uma só China" e de não apoiar a independência formal da ilha.
"Embora nossa política não tenha mudado, o que mudou foi a crescente coerção de Pequim. As palavras e ações da RPC [República Popular da China] são profundamente desestabilizadoras. Elas correm o risco de erros de cálculo e ameaçam a paz e a estabilidade do Estreito de Taiwan", diz Kritenbrink.
Segundo ele, em todas as conversas entre Washington e Pequim os EUA deixaram claro que não buscam e não vão provocar uma crise.
Na última sexta-feira (12), um assessor do presidente Joe Biden afirmou que faria novas travessias aéreas e marítimas através do estreito que separa a ilha da China continental, em resposta às "ações provocativas".
Na conferência, Kritenbrink destacou que Washington continuará com o trânsito naval na região, acrescentando que as linhas de comunicação com Pequim permanecem abertas. "Continuaremos a tomar medidas calmas, mas resolutas, para manter a paz e a estabilidade —diante dos esforços contínuos de Pequim para miná-las— e apoiar Taiwan de acordo com nossa política de longa data", disse.
Nesta quarta-feira, EUA e Taipé também concordaram em iniciar novas negociações comerciais, em relação às quais a China manifestou firme oposição. Após o anúncio, o Ministério das Relações Exteriores chinês disse que tomará todas as medidas necessárias para defender sua soberania e integridade territorial, instando Washington a não fazer um julgamento equivocado.
Já a porta-voz da diplomacia de Taiwan, Joanne Out, reiterou que o estreito é uma via de navegação internacional e disse considerar as missões dos EUA na região como positivas para a paz e a estabilidade.
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