Casa Branca expõe perdão de dívidas dado a opositores para rebater críticas a projeto

Governo dos EUA ironiza congressistas republicanos beneficiados em outros programas

  • Salvar artigos

    Recurso exclusivo para assinantes

    assine ou faça login

São Paulo

A Casa Branca usou de certa ironia nesta quinta-feira (25) para rebater críticas de ao menos seis congressistas republicanos em relação ao projeto que perdoa dívidas de empréstimos estudantis, anunciado pelo presidente Joe Biden um dia antes. Em uma publicação no Twitter, o governo americano divulgou dívidas desses parlamentares ligadas a outros projetos federais que foram perdoadas.

O deputado Vern Buchanan, por exemplo, segundo a Casa Branca teve o benefício em empréstimos de US$ 2,3 milhões (R$ 11,75 mi) tomados no programa PPP, criado na pandemia para ajudar pequenos negócios. A lista inclui ainda os republicanos Marjorie Taylor Greene, Markwayne Mullin, Kevin Hern, Mike Kelly e Matt Gaetz.

Presidente dos EUA, Joe Biden, sorri ao fazer comentários em um comício do Partido Democrata, em Rockville, nos EUA
Presidente dos EUA, Joe Biden, sorri ao fazer comentários em um comício do Partido Democrata, em Rockville, nos EUA - Jonathan Ernst - 25.ago.22/Reuters

A pouco mais de um mês das eleições de meio de mandato, o governo Biden dará um perdão de US$ 10 mil (R$ 51 mil) nas dívidas desse tipo contraídas por americanos que ganham menos de US$ 125 mil (R$ 639 mil) por ano. Um deputado nos EUA recebe US$ 174 mil anualmente.

O tuíte da Casa Branca destacou, por exemplo, fala de Taylor Greene citando que a medida era "estritamente política, [...] porque os democratas precisam de votos em novembro", em referência às midterms. "Para o nosso governo simplesmente dizer 'bem, sua dívida está completamente perdoada', obviamente eles precisam de uma agenda para isso", disse ela, em entrevista. "Contribuintes que pagam seus impostos e podem nunca ter cursado a universidade, pessoas trabalhadoras, não deveriam precisar pagar essa grande dívida de algum universitário que se endividou para frequentar uma universidade de elite."

O presidente havia prometido a renegociação das dívidas ainda na campanha. Na quarta (24), ele também anunciou a prorrogação de uma suspensão do pagamento dos empréstimos em vigor desde 2020.

Biden disse ainda que as pessoas que fizeram empréstimos para a graduação poderão limitar os pagamentos a 5% da renda mensal, mudança capaz de reduzir significativamente as contas de milhões de devedores. Os atuais planos baseados em renda geralmente limitam os pagamentos a 10% da renda.

O governo afirma que 90% do alívio irá para famílias que ganham US$ 75 mil por ano ou menos. O plano deve enfrentar recursos na Justiça.

Segundo a Casa Branca, o perdão custará US$ 24 bilhões por ano aos cofres públicos. Mas, de acordo com o jornal americano The New York Times, a medida poderá custar aos contribuintes cerca de US$ 300 bilhões ou mais em dinheiro efetivamente emprestado e que nunca será reembolsado.

O custo real não é simples de ser calculado. Isso porque, ainda antes do perdão, era difícil prever que todas as dívidas seriam pagas. Nos EUA, 45 milhões de pessoas devem um total de US$ 1,6 trilhão (R$ 8,2 trilhões) de empréstimos federais contraídos para cursar a faculdade —mais do que em financiamentos de carros, cartões de crédito ou qualquer dívida de consumo, exceto hipotecas.

Os críticos alegam que a medida contribuirá para o aumento da inflação, hoje, em 8,5%, um dos maiores índices em décadas. "No meio da esmagadora inflação de Biden, como o presidente poderia justificar uma doação de empréstimos estudantis que ignora os americanos mais prejudicados?", questionou no mês passado o deputado Kevin Brady.

"Os trabalhadores de Ohio estão pagando os empréstimos dos estudantes de direito de Harvard. Se isso parece injusto e ilegal, é porque é", escreveu o candidato republicano ao Senado J.D. Vance.

Críticas foram feitas também por alguns democratas. "Estou feliz pelas pessoas que vão se livrar dessa política, mas esse é um curativo de uso único que não chega à raiz do problema", disse a deputada Elissa Slotkin, de Michigan. Segundo ela, o governo deveria buscar reformas como a inclusão de um teto nas taxas de juros dos empréstimos estudantis.

Erramos: o texto foi alterado

A Casa Branca citou perdões de empréstimos ligados a um programa de ajuda a pequenos negócios ao responder a deputados republicanos, não as dívidas estudantis desses parlamentares, como dizia versão anterior do texto.

  • Salvar artigos

    Recurso exclusivo para assinantes

    assine ou faça login

Tópicos relacionados

Leia tudo sobre o tema e siga:

Comentários

Os comentários não representam a opinião do jornal; a responsabilidade é do autor da mensagem.