Descrição de chapéu Armênia

Conflito entre Armênia e Azerbaijão deixa ao menos 99 mortos após cessar-fogo de minutos

Rússia afirma ter negociado trégua entre as ex-repúblicas soviéticas, mas declarou preocupação extrema

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Tbilisi (Geórgia) | Reuters

Tropas do Azerbaijão e da Armênia voltaram a se enfrentar na noite desta segunda-feira (12), encerrando mais uma vez um cessar-fogo entre os dois países. Os ataques, que deixaram ao menos 99 soldados mortos, revivem a hostilidade de décadas relacionada ao disputado território de Nagorno-Karabakh.

Segundo a imprensa russa, o governo armênio quer que o Kremlin, que mediou uma trégua entre os dois lados há dois anos, envie soldados da OTSC (Organização do Tratado de Segurança Coletiva) –uma aliança composta por ex-repúblicas soviéticas aos moldes da Otan ocidental. No início do ano, o grupo ajudou a debelar protestos contra o governo do Cazaquistão.

A Rússia, por enquanto, sinalizou preferir esperar antes de recorrer a essa estratégia. Na manhã de terça (13), Moscou afirmou ter negociado um novo cessar-fogo, válido a partir das 9h no horário local (3h em Brasília). "Pedimos às partes que se abstenham de uma nova escalada dos conflitos e exerçam moderação", disse a chancelaria, manifestando preocupação extrema.

Soldados da Armênia durante exercício militar na Rússia - Ministério da Defesa da Rússia - 31.ago.22/via Reuters

O Azerbaijão, que restabeleceu controle total sobre a região em 2020, afirmou que houve 50 mortes entre suas forças, além de danos a equipamentos militares. Já a Armênia perdeu 49 soldados, segundo afirmou o primeiro-ministro Nikol Pashinian em discurso ao Parlamento.

Pashinian ligou ainda para a França e para os EUA —o secretário de Estado americano, Antony Blinken, exigiu o fim imediato das hostilidades. Já Charles Michel, presidente do Conselho Europeu, disse que a União Europeia está "pronta para adotar esforços que evitem uma maior escalada", defendendo que "não há alternativa à paz e à estabilidade na região".

Enquanto isso, a Turquia, aliada dos azeris, pediu aos armênios que interrompam as provocações e foquem negociações de paz e cooperação.

Baku e Ierevan se culpam mutuamente pela retomada dos conflitos. Os azeris acusam as forças armênias de realizarem atividades de espionagem na fronteira e transportarem armas para o local. O outro lado alega que seu Exército apenas respondeu de forma proporcional a uma provocação do vizinho.

De acordo com a mídia azeri, os países tinham concordado com um cessar-fogo na manhã de segunda, mas o acordo se desfez minutos depois. Segundo analistas, a volta das tensões pode ser atribuída à diminuição de forças de paz russas na região —Moscou estaria reajustando a distribuição de seus soldados para auxiliar as tropas que lutam na Guerra da Ucrânia, em meio a avanços da contraofensiva de Kiev no nordeste do país.

Os conflitos na região começaram no final dos anos 1980, quando Armênia e Azerbaijão faziam parte da antiga União Soviética. Na época, Ierevan ocupou faixas de terra perto de Nagorno-Karabakh —reconhecido internacionalmente como um território azeri, mas com grande população armênia.

A região foi reconquistada pelo Azerbaijão há dois anos, após uma série de ataques que causaram a morte de mais de 5.000 soldados. A guerra chegou ao fim com uma trégua mediada pela Rússia e milhares de habitantes locais retornaram às casas que tinham abandonado. Os líderes dos dois países se reuniram várias vezes desde então para negociar um tratado de paz permanente, embora as tensões na região nunca tenham chegado a zero.

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