"God Save the Folha", escreveu um leitor nas redes sociais. Piadas sobre o jornal correram soltas no dia 11 de abril deste ano.
No final da manhã daquele dia, a Folha publicou um erro que rendeu memes e entrou para o folclore do jornalismo brasileiro. "Morre Elizabeth 2ª, a mais longeva rainha da história britânica, aos XX anos", anunciou. Como o planeta sabe, ela morreu na última quinta-feira (8), aos 96 anos.
Alguns logo perceberam que era uma falha e trataram o assunto com graça: "Que fofo a Folha não querer revelar com quantos anos a rainha morreu", escreveu Gregorio Duvivier, ator, escritor e colunista do jornal.
Também vieram a galope as conclusões sem pé nem cabeça. "A Folha de S.Paulo tentou matar a rainha da Inglaterra para ver se as pessoas comprariam [o jornal]. Se tivessem, certamente teriam tentado matar o presidente Bolsonaro também", escreveu o bolsonarista Oduwaldo Calixto, presidente do PL em Arapongas (PR).
A publicação foi um erro grave, mas que ocorreu devido a uma falha técnica —é claro que os seguidores das teorias da conspiração não acreditaram nisso.
Pouco mais de 20 minutos depois do texto incorreto, o jornal publicou uma errata: "Devido a um erro técnico, a Folha publicou por engano, na manhã desta segunda-feira (11), um obituário da rainha Elizabeth 2ª, do Reino Unido. É de praxe no jornalismo preparar com antecedência textos acerca de cenários possíveis e/ou prováveis, como a morte de líderes mundiais, celebridades e pessoas públicas. A Folha lamenta o erro. O conteúdo foi retirado do ar".
A gafe repercutiu em veículos de prestígio no exterior, como o jornal inglês The Guardian e a revista alemã Der Spiegel. A publicação britânica relatou o erro com sobriedade e citou as brincadeiras que rodaram pelas redes sociais.
No final do Manual da Redação da Folha, há uma seção batizada de "Errei, mas Quem Não Erramos". A introdução desse trecho lembra que o jornal foi o primeiro do país a criar, em 1991, um espaço fixo para reunir as retificações de erros constatados, a seção Erramos.
"Desatenção, pressa, desconhecimento e falta de revisão podem produzir erros embaraçosos –e, como a seleção a seguir deixa claro, os Erramos não fazem por menos", diz o Manual.
Um conjunto de dois deles foi especialmente embaraçoso e, por ironia, também era uma reportagem sobre a rainha —de setembro de 2015, quando Elizabeth ultrapassou a rainha Vitória como a mais duradoura ocupante do trono britânico.
Em formato de almanaque, "A rainha britpop" reuniu curiosidades sobre a soberana e o universo pop que sempre a cercou, mas trouxe oito informações incorretas. Os erros versavam sobre países dos quais ela era chefe de Estado (Paquistão e África do Sul não estão entre eles), relações de parentesco (o príncipe George é bisneto dela, não neto) e datas (o beatle Paul McCartney virou sir em 1997, não 1995).
As correções foram feitas na versão impressa do jornal três e seis dias depois da publicação.
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