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Polícia encontra cem balas na casa de brasileiro que tentou atirar em Cristina

Fernando Andrés Sabag Montiel, 35, está sendo investigado por tentativa de homicídio qualificado

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São Paulo e Santiago

Horas depois do ataque a Cristina Kirchner, na noite desta quinta-feira (1º), policiais realizaram uma operação em uma casa do brasileiro Fernando Andrés Sabag Montiel, 35, que tentou atirar contra o rosto da vice-presidente da Argentina quando ela chegava em casa, no bairro da Recoleta, em Buenos Aires.

Segundo o jornal La Nación, Sabag morava em um apartamento alugado em San Martín, na região metropolitana da capital argentina, onde as autoridades apreenderam um notebook da marca HP e cem balas de calibre 9 milímetros. Os projéteis estavam guardados em duas caixas e serão examinados pelos investigadores.

A arma usada no episódio é uma pistola Bersa automática calibre 32, que tinha cinco balas no carregador e numeração parcialmente raspada. Imagens publicadas nas redes sociais e captadas por TVs argentinas indicam que ele teria puxado o gatilho, mas a arma falhou.

A pistola Bersa, usada pelo brasileiro Fernando Andrés Sabag Montiel, foi apreendida pela polícia - Reprodução

A princípio, a polícia pensou que o atirador morava no bairro La Paternal. Agentes fizeram uma operação na região já na madrugada desta sexta-feira (2). De acordo com a imprensa argentina, um homem que seria inquilino de Sabag disse que desconhecia as opiniões e os movimentos do agressor.

"Eu o tomava como um rapaz normal, do bairro, tranquilo. Eu nunca soube que ele estava armado. Ele só veio buscar o dinheiro, conversamos por dois minutos e ele foi embora. Não tínhamos amizade. Estamos mostrando a cara aqui para não ficarmos presos a esse homem", disse ao jornal TN.

As autoridades só chegaram ao endereço correto após um homem se apresentar à delegacia como o responsável por alugar um imóvel em San Martín ao brasileiro há aproximadamente oito meses. Em depoimento, disse ter reconhecido Sabag pela TV e informado que nunca teve problemas com ele. Também afirmou que o brasileiro é dono de três veículos que usa para trabalhar em Buenos Aires.

Sabag morava com a namorada num cômodo de 15 metros quadrados, no bairro de Villa Zagala —o quarto, alugado, fica nos fundos do terreno onde o proprietário do imóvel mora. Ao chegar ao local nesta sexta, a polícia encontrou o vaso sanitário entupido, uma pia quebrada, panelas sujas e uma pilha de alimentos, cobertores e roupas no chão, incluindo sacos de batatas, lingerie feminina, vários vibradores e um chicote de couro preto.

"O mais surpreendente, além do cheiro e da sujeira, é a quantidade de elementos fetichistas. Não tínhamos ideia sobre essa faceta dele", disse ao jornal La Nación Fabricio Pierucchi, assistente social e melhor amigo do dono do imóvel.

Em entrevista à emissora argentina Telefe, uma mulher identificada como sua companheira, Ambar, disse que jamais "tinha pensado que ele seria capaz de algo assim". Eles viviam juntos há um mês. "Para mim ele era uma boa pessoa, carinhosa, que fazia piadas", contou ela, ao lado de outros amigos do brasileiro.

Fernando Andrés Sabag Montiel foi preso na noite de quinta, logo após tentar disparar contra o rosto da vice-presidente da Argentina. Imagens mostram Cristina sendo saudada por uma multidão de apoiadores ao sair do carro quando ele se aproxima a menos de 1 metro dela com uma pistola. Segundo a imprensa argentina, o brasileiro estava com touca e máscara, e teria saído correndo depois de tentar atirar, mas foi seguido por cinco pessoas, o que permitiu que os agentes o identificassem.

A juíza responsável pelo caso, María Eugenia Capuchetti, foi à sede da Polícia Federal argentina para colher o depoimento de Sabag por volta das 21h desta sexta (2), mas ele se recusou a ser interrogado, segundo a imprensa local. A vice-presidente contou sua versão do caso pela manhã, em sua casa, que ela transformou numa espécie de quartel-general nas horas após o crime. Segundo o jornal argentino La Nación, ela relatou não ter se dado conta de que uma arma havia sido apontada perto de seu rosto, só percebendo o que acontecera ao chegar em casa.

Em conversa por telefone com a magistrada, o presidente argentino, Alberto Fernández pediu que a vida do acusado seja preservada a fim de esclarecer rapidamente as responsabilidades e os fatos.

O ataque está sendo tratado como "tentativa de homicídio qualificado".

O ministro da Segurança, Aníbal Fernández, informou que cabe agora à polícia proceder com a investigação para avaliar "a capacidade e disposição que essa pessoa tinha". Segundo La Nación, um perfil nas redes sociais atribuído a ele, sob o nome Fernando Salim Montiel, seguia diversas páginas ligadas a grupos radicais e discurso de ódio.

O brasileiro também possuía antecedentes criminais, por porte de uma faca de 35 centímetros.

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