Em seu primeiro comício desde que sua casa foi alvo de uma operação de busca do FBI no início de agosto, o ex-presidente dos Estados Unidos Donald Trump acusou seu sucessor, Joe Biden, de ser um "inimigo do Estado" durante um comício na Pensilvânia neste sábado (3).
Respondendo a ataques feitos por Biden dois dias antes, Trump classificou a operação policial do mês passado de paródia judicial, alertando que ela poderia causar uma reação "que ninguém nunca viu".
A busca da polícia federal na casa do republicano em Mar-a-Lago encontrou dezenas de documentos confidenciais de propriedade do governo.
"Não pode haver um exemplo mais claro das verdadeiras ameaças à liberdade do que o que aconteceu há algumas semanas, quando assistimos a um dos mais chocantes abusos de poder por parte de um governo na história dos EUA", afirmou Trump.
A insinuação de que o governo Biden possa estar diretamente envolvido na operação questiona a adesão aos antigos protocolos segundo os quais o Departamento de Justiça e o FBI agem de forma independente em relação à Casa Branca. "O perigo para a democracia vem da esquerda radical. Não da direita", disse Trump aos apoiadores, em tom de combate.
No comício, Trump também classificou o FBI e o Departamento de Justiça de "monstros cruéis". Ele descreveu os EUA como uma nação em declínio, tema que se tornou um marco em suas falas públicas pós-Casa Branca, e mentiu mais uma vez ao dizer que venceu as eleições de 2020.
Na quinta-feira (1º), Biden havia chamado Trump e os extremistas que o seguem de inimigos da democracia, durante um discurso na Filadélfia com o qual procurou incentivar apoiadores antes das eleições de meio de mandato em novembro, quando parte do Congresso será renovada.
Biden atacou particularmente os republicanos que defendem a ideologia MAGA (sigla para "faça a América grande de novo"), slogan de Trump em sua bem-sucedida campanha presidencial de 2016. Ele os acusou de estarem determinados "a levar o país para o passado".
"A um passado onde não havia direito de escolha, direito à privacidade, direito à contracepção, direito de se casar com quem você ama", disse o democrata no pronunciamento, tido como o mais duro de seu mandato até aqui. Foi a primeira vez na história recente do país que um mandatário do país afirmou que seu antecessor é uma ameaça.
O local escolhido para o discurso de Biden, às portas do Independence Hall, foi o mais simbólico possível. A Filadélfia é considerada o berço da democracia americana, e nesse prédio foram assinadas a declaração de Independência, em 1776, e a Constituição, em 1787.
Em uma referência à invasão do Capitólio no ano passado, por apoiadores de Trump, Biden afirmou que "não há lugar para violência política nos EUA. Ponto. Nenhum. Nunca".
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