Avião de ataque russo bate em prédio em cidade próxima da Ucrânia

Ao menos seis pessoas morreram após Su-34, estrela do arsenal de Putin, sofrer falha

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São Paulo

Pelo menos seis pessoas morreram nesta segunda (17) quando um bombardeiro tático russo Sukhoi Su-34 atingiu um prédio residencial em Ieisk, cidade da região de Krasnodar separada por um braço do mar de Azov da parte sul da Ucrânia.

O caça-bombardeiro estava em treinamento, segundo Moscou, e teve uma falha técnica —a agência de notícias Tass afirmou que o incidente foi causado por um incêndio no motor.

Prédio atingido por um Su-34 após a decolagem em Ieisk, na região de Krasnodar
Prédio atingido por um Su-34 após a decolagem em Ieisk, na região de Krasnodar - Reuters

Nas imagens de câmeras de segurança e feitas por moradores, o aparelho voa bastante baixo, presumivelmente após a decolagem da base aérea de uso misto que fica junto à cidade. Um clarão é visto em um dos dois motores do avião antes de ele cair. Cinco dos nove andares do prédio pegaram fogo, com danos a 17 apartamentos.

Os dois pilotos aparentemente conseguiram se ejetar, e agências russas citam seis desaparecidos e 19 feridos. Foi iniciada uma investigação. Apesar de o governo falar em voo de treinamento, o padrão da explosão captada nas imagens sugere que o avião estava armado.

A menos de 50 km da costa ucraniana, o aeroporto civil-militar da cidade é base de lançamento para ataques na região de Kherson, logo à sua frente. Ela foi um das quatro anexadas por Vladimir Putin no fim de setembro, ato que não foi reconhecido pela maioria dos países da ONU. Os combates seguem.

O Su-34 teve sua reputação de avião formidável arranhada no conflito ucraniano, iniciado quando Putin invadiu o vizinho em fevereiro. Construído com base no projeto do lendário caça Su-27, ele é uma versão maior e mais pesada do avião, adaptada para ataque a alvos no solo e no mar.

À função de avião de ataque tático ele ainda acrescenta algumas capacidades ar-ar, o que o qualifica também como caça-bombardeiro. Antes da guerra, havia 125 deles em operação na Rússia, segundo o Instituto Internacional de Estudos Estratégicos (Londres).

De acordo com o site de totalização de perdas militares baseado em fontes aberta Oryx, da Holanda, 16 Su-34 foram perdidos em combate —sem contar o aparelho desta segunda, claro. Antes da Ucrânia, o modelo havia sido empregado em ações na Síria, mas a ausência de defesas aéreas do lados dos inimigos da ditadura aliada de Bashar al-Assad facilitou a vida dos russos.

Nos céus árabes, o Su-34 estabeleceu boa reputação. Já na Europa, tendo muitas vezes que voar abaixo das nuvens para ter visibilidade de ataque, acabou exposto aos mísseis portáteis operados pelos ucranianos e às baterias antiaéreas de Kiev, quase todas de origem soviética, como os S-300.

O fracasso relativo reflete as dificuldades crescentes que Moscou tem tido no conflito. Analistas previam que a superioridade aérea dos russos seria imposta na primeira semana da guerra, mas até aqui ela nunca foi completa, mesmo nas regiões que ocupam.

Agora, os EUA aprovaram o primeiro envio de baterias antiaéreas modernas para o governo de Volodimir Zelenski, e a Europa debate o mesmo fornecimento. Com isso, ataques a distância ou com drones kamikazes, como se viu nesta mesma segunda em Kiev, tendem a ser mais frequentes para poupar o arsenal de Putin.

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