O chefe da Guarda Revolucionária do Irã afirmou a manifestantes que este sábado (29) será o último dia de protestos nas ruas, em sinal de que as forças de segurança do país podem intensificar a repressão aos atos.
"Não venha para as ruas. Hoje é o último dia dos tumultos", disse o comandante da Guarda, Hossein Salami.
O Irã tem vivido intensos protestos desde a morte da jovem Mahsa Amini em setembro. Amini, que era natural do Curdistão iraniano e visitava Teerã, foi levada para a delegacia pela polícia moral por supostamente não usar o véu islâmico como dita o rígido código de vestimenta do país.
A jovem saiu de lá desacordada e morreu três dias depois. A família diz que ela foi espancada e entrou em coma. Ativistas afirmam que a abordagem policial em casos do tipo usa violência contra as mulheres.
Teerã nega as acusações e alega que a jovem sofreu uma parada cardíaca.
Desde então, grupos de direitos humanos afirmam que ao menos 250 pessoas foram mortas em protestos e outras milhares foram presas. O Alto Comissariado de Direitos Humanos da ONU afirmou nesta sexta (28) que o Irã se recusa a liberar corpos de alguns dos manifestantes.
Nesta semana, quando completaram-se 40 dias da morte de Amini, o período tradicional de luto no Irã, cerca de 10 mil pessoas se reuniram no memorial destinado à jovem para prestar homenagens e enfrentaram disparos das forças de segurança.
Segundo o grupo de defesa dos direitos humanos Hengaw, sediado na Noruega, outros episódios de violência foram vistos neste sábado.
A organização afirma que as forças de segurança atiraram em estudantes em uma escola para meninas na cidade de Saqez, no oeste do país, e abriram fogo contra estudantes da Universidade de Ciências Médicas do Curdistão, na capital da província curda de Sanandaj, também na região oeste do país.
Na sexta-feira, um porta-voz da ONU pediu a autoridades iranianas que as forças de segurança do país evitassem o uso desnecessário ou desproporcional da força contra manifestantes.
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