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Caminhoneiros no Chile fecham estradas e ameaçam abastecimento no país

Manifestantes demandam redução de 30% e congelamento por seis meses do preço dos combustíveis

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Santiago | AFP

Caminhoneiros bloqueiam estradas do Chile pelo quarto dia consecutivo nesta quinta-feira (24), e o abastecimento começa a ser prejudicado em várias regiões do país. Críticos ao governo do esquerdista Gabriel Boric, os manifestantes demandam a redução no preço dos combustíveis.

Os protestos acontecem principalmente nas regiões Norte e central. Em algumas estradas, os caminhoneiros bloqueiam totalmente a passagem; em outros trechos, ocupam faixas e fazem interdições parciais, que também dificultam o trânsito de veículos e a circulação de mercadorias.

Caminhoneiros bloqueiam faixa de estrada próxima a Santiago, no Chile
Caminhoneiros bloqueiam faixa de estrada próxima a Santiago, no Chile - Ivan Alvarado/Reuters

Representantes do comércio estão preocupados com um possível esvaziamento das prateleiras e a redução de estoques. Um sindicato do setor de supermercados emitiu um comunicado nesta quinta relatando que, nas últimas horas, dificuldades logísticas "alteraram o abastecimento normal" em unidades de todo o país.

"Essa mobilização nos complica porque ocorre logo no início da temporada de colheita mais importante e da exportação de frutas, chave para a alimentação e a renda do país", afirmou Cristián Allendes, presidente da Sociedade Nacional de Agricultura.

Os caminhoneiros exigem, entre outros pontos, a redução em 30% e o congelamento por seis meses do preço dos combustíveis, além de medidas de segurança mais eficazes nas estradas chilenas. Segundo o site GlobalPetrolPrices, na segunda (21) o litro da gasolina custava em média US$ 1,51 (R$ 8) no Chile. Para efeito de comparação, no mesmo dia o brasileiro pagava pelo produto em média R$ 5.

O ministro das Finanças, Mário Marcel, afirmou que a implementação das medidas exigidas impactaria os cofres públicos em US$ 2,6 bilhões (R$ 13,8 bilhões), tornando as demandas desproporcionais. O montante, segundo ele, representa duas vezes e meia o desembolsado com um auxílio pago a 7 milhões de pessoas e quase todo o orçamento de saúde primária.

Em visita oficial ao México, Boric afirmou que as manifestações não têm fundamento e disse ter instruído os ministros a utilizar "todas as ferramentas legais para proteger o funcionamento do país e os setores mais vulneráveis". Ele acrescentou que prevê recorrer à Lei de Segurança do Estado, que tipifica crimes contra a soberania nacional e a segurança, incluindo distúrbios da ordem pública.

Na segunda-feira o governo propôs à Confederação Nacional de Proprietários de Caminhões o congelamento dos preços dos combustíveis por três meses. A proposta, porém, não foi recebida pela liderança do movimento. Cristian Sandoval, um dos coordenadores, disse que ela não era satisfatória.

Apesar da negativa, o governo insiste para que os caminhoneiros parem com as manifestações. "Uma greve prolongada não é contra o governo; ela ataca os chilenos", disse o subsecretário do Interior, Manuel Monsalve.

Boric assumiu a Presidência em março. Em setembro, com menos de seis meses no cargo, sofreu a primeira derrota significativa ao ver rejeitada, com ampla margem, uma nova Constituição. Apesar de não ter apoiado abertamente a aprovação, a gestão se debilita pelo fato de a Carta proposta ter sido um dos motores de sua coalizão política e parte essencial de sua campanha.

O esquerdista surgiu no cenário político no contexto dos protestos estudantis de 2011, que pediam reformas no sistema educacional. Em 2019, novas manifestações ampliaram as reivindicações para os setores de Previdência, saúde e habitação. O atual presidente foi um dos articuladores do acordo que acalmou as ruas e pressionou o governo do direitista Sebastián Piñera a iniciar o processo constituinte.

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