Descrição de chapéu Guerra da Ucrânia Rússia

Oligarca russo renuncia a cidadania: 'Não quero me associar a fascismo de Putin'

Oleg Tinkov é crítico ferrenho da Guerra da Ucrânia e viu sua fortuna despencar desde que se opôs a Moscou

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Moscou | AFP e Reuters

Um dos empreendedores mais famosos da Rússia, o magnata Oleg Tinkov renunciou nesta terça (1º) à cidadania russa alegando que não quer ser associado ao "regime fascista de [Vladimir] Putin" ou a pessoas que colaboram com "assassinos".

No Instagram, Tinkov, 54, afirmou que tomou a decisão "após a Rússia invadir a Ucrânia e começar a matar inocentes lá". Segundo o oligarca, a publicação original em que ele mostrava o documento em que abdicava da cidadania "desapareceu misteriosamente" da plataforma –o que atribui a "trolls do Kremlin".

"Espero que outros empresários russos de primeira ordem sigam o meu exemplo, para enfraquecer o regime de Putin e sua economia e fazer com que fracasse", dizia a primeira postagem. "Odeio a Rússia de Putin, mas amo todos os russos que são claramente contrários a essa guerra doentia."

Tinkov era o principal dono da TCS Group Holding, fintech que se tornou uma das maiores instituições financeiras da Rússia. Em abril, depois de comentários contra a invasão russa da Ucrânia, foi forçado a vender sua participação na empresa a Vladimir Potanin, o homem mais rico do país e alinhado ao Kremlin.

O empresário Oleg Tinkov durante fórum econômico em São Petersburgo, na Rússia
O empresário Oleg Tinkov durante fórum econômico em São Petersburgo, na Rússia - Maxim Shemetov - 7.jun.19/Reuters

Ainda nesta terça, Tinkov disse que está contratando advogados para revogar a marca Tinkoff do banco homônimo, controlado pela TCS. "Odeio quando minha marca/nome é associada ao banco que colabora com assassinos", escreveu. O Tinkoff Bank, por sua vez, afirmou que tem plenos direitos legais sobre o uso da marca, de acordo com a agência de notícias russa Tass.

Tinkov sempre foi um crítico da ofensiva russa e evidenciou o dissenso mesmo entre membros da elite política e econômica no país sobre a decisão de Putin de invadir o vizinho. "Noventa por cento dos russos são contra essa guerra insana. Dez por cento pintam o 'Z' [símbolo da invasão] porque são idiotas, mas todo país tem 10% de idiotas", escreveu o empresário nas redes sociais nas primeiras semanas de guerra.

Até o ano passado, Tinkov compunha a lista de bilionários da Forbes, com fortuna estimada em US$ 7,7 bilhões (R$ 39,8 bilhões). Ele saiu do rol neste ano, e hoje seu patrimônio líquido é avaliado em cerca de US$ 646 milhões (R$ 3,35 bilhões).

A queda se deve em parte a sanções impostas pelo Reino Unido que impediram que o oligarca tivesse acesso a seus bens. À época, anterior à venda da participação de Tinkov na TCS, Londres alegou que ele estava "recebendo benefícios do governo russo" e o incluiu na lista de oligarcas alvos de retaliações.

A localização do empresário é incerta, mas acredita-se que ele viva em Londres, onde passou por anos de tratamento contra leucemia. O russo também já teve cidadania dos EUA, mas renunciou a ela em 2013, quando o Tinkoff Bank abriu seu capital –o que Washington entendeu como tentativa de evitar obrigações fiscais. O oligarca chegou a um acordo de US$ 500 milhões com o Departamento de Justiça em 2021.

Segundo a Forbes, Tinkov é o terceiro magnata a anunciar sua renúncia à cidadania russa neste ano.

Nesta semana, a startup britânica Revolut informou que seu cofundador, o russo Nikolai Storonski, abdicou do documento no início do ano. No início de outubro, o bilionário russo e investidor do Facebook Iuri Milner também anunciou que ele e sua família desistiram da cidadania no início deste ano depois de terem "deixado a Rússia para sempre" após a anexação da Crimeia, em 2014.

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